Inovação, futuro do trabalho e finanças na ótica feminina. Veja como foi o Fin4She

Alessandra Taraborelli

Erica Fridman, Marcia Netto, Ingrid Barth e Tatiana Pomar em palestra no evento Fin4She, realizado em São Paulo - Alessandra Taraborelli
Erica Fridman, Marcia Netto, Ingrid Barth e Tatiana Pomar em palestra no evento Fin4She, realizado em São Paulo
Por Alessandra Taraborelli [email protected]

Publicado em 18/06/2025, às 14h53

São Paulo, 18/06/2025 - Oportunidades no mercado de fintechs, inovação e futuro do trabalho, foram alguns dos temas que permearam o evento Fin4She Summit, nos dias 16 e 17 de junho, em São Paulo. O evento, organizado pela plataforma Fin4She, que conecta mulheres e empresas em busca de equidade de gênero no mercado financeiro, reuniu mais de 2 mil participantes. Acompanhe os principais temas debatidos.

Em painel sobre fintechs, Erica Fridman, sócia da Sororitê Ventures, fundo de Venture Capital focado para startups de mulheres ou que tenham ao menos uma mulher como líder do projeto, Marcia Netto, da Silveguard, que tem foco na prevenção de fraudes com base em inteligência artificial, Ingrid Barth, da PilotIn, um hub de consentimento de Open Finance, e Tatiana Pomar, da Sofi, empresa de cobrança com foco na experiência do cliente, ressaltaram a importância do olhar feminino sobre os negócios. Segundo as debatedoras, as mulheres têm sensibilidade para buscar abordagens diferentes para problemas já existentes, bem como empatia e conexão com o problema.

"As mulheres não estão disputando espaço e, sim, criando novas oportunidades", afirmou Fridman.

O setor de financeiro vem passando por grandes transformações com o surgimento das fintechs, que chegaram ao mercado com muita inovação e também muita resistência dos “bancões” (bancos líderes do mercado), em aceitar que a inovação pode vir de “fora de casa”. Segundo o Fintech Report 2024 do Distrito, no Brasil existem cerca de 2,7 mil fintechs ativas.

Barth ressaltou que apesar da resistência, o fato de o setor financeiro ser “extremamente regulado” no Brasil contribuiu para o avanço das fintechs, “nichadas” (focadas) em um problema específico, o que permite mais rapidez, inovação e menor custo na solução do problema.

Mesmo sendo um setor desafiador, todas foram unânimes em dizer que a mulheres vieram para ficar e que ainda existem muitas oportunidades de novos negócios, em áreas como transferências internacionais, moeda virtual, e IA.

“Acredito que a maneira como o consumidor consome produtos financeiros vai mudar. Hoje ainda se consome muito a marca. A gente vai chegar no momento em que as pessoas vão fazer curadoria em diversas instituições. Também acho que o aplicativo financeiro vai acabar”, avalia Barth.

E como diz Jaqueline Weigel, futurista global na W Futurismo, "a inovação é o motor, mas o futuro é a bússola", ou seja, segundo ela, é preciso planejar o futuro pensando em longo prazo. Olhando mais adiante, Weigel falou da necessidade de analisar criticamente o que a IA vem fazendo; focar menos em tendências e cenários e se concentrar mais em estratégias como alguns dos pilares de inovação que devem prevalecer a partir de 2030.

Passando da inovação para o tema de diversidade, Regina Magalhães, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) ressaltou que existem dois pontos fundamentais da liderança para conduzir empresas rumo ao futuro. O primeiro é a capacidade de adaptar os negócios às mudanças a partir do ponto de vista dos grupos mais impactados por elas, como mulheres e pessoas pretas. O segundo, é conduzir colaboração entre diferentes áreas visando à transformação de negócio, incluindo tecnologia e sustentabilidade como agentes transformadores do futuro.

Neste sentido, Daniela Hosaka Biccio, head de Relacionamento com Clientes, Inteligência de Mercado e Planejamento Comercial na B3, também aponta diversidade de pessoas e experiências, com respeito e escuta empática, como um dos quatro temas relevantes para florescer a inovação. Os outros três são: cultura verdadeiramente inovadora, com olhar humano para números e dados; liderança inspiradora, que conduz o negócio com empatia e construção conjunta; e capacidade de combinar inteligência artificial à inteligência humana.

Desafios do futuro do trabalho

A IA já faz parte do nosso dia a dia e não tem como voltar atrás. Ao mesmo tempo em que essa tecnologia parece uma ameaça para algumas profissões, ela também é uma grande oportunidade. “A IA está trazendo uma série de oportunidades. Ao mesmo tempo que várias profissões vão deixar de existir, surgirão muitas outras. E é preciso lembrar que o ser humano é criativo para trazer soluções e a IA, para transformar isso de forma prática e escalável, esse é um mix importante”, pondera Vanessa Paulino de Souza, CIO e COO do Banco Carrefour.

Além de IA, o ambiente corporativo precisa aprender a se relacionar com as diferentes gerações, na opinião de Ana Minuto, CEO da Minuto Consult Hol Empresarial. Ao contrário da geração 50+ que trabalhou para ter casa, carro e trabalhou até adoecer, a geração Z tem outras motivações e quer trabalhar em empresas com propósito. 

Para Souza é necessário que comece a se pensar em mentoria bilateral, ou seja, uma troca entre mentorado e mentor. “Os mais novos trazem comunicação mais assertiva e mais rápida, e os mais velhos têm experiência e contribuição importante. Mentoria bilateral é algo que vamos falar muito”, sugere.  

Minuto pondera ainda que é necessário aprender a fazer conversas difíceis. “Hoje vemos líderes entrando num processo sério de não agir, com medo de ser cancelado, de ser mal avaliado na empresa, sem feedback sincero, somente pautado numa regra...temos que agir e pensar como adultos, não estamos fazendo isso por medo de conversas difíceis”, ressalta.

A executiva chama atenção ainda para a questão da saúde mental dentro das empresas. “As coisas mudaram e estão mudando. Temos que aprender, reaprender e aprender de novo. Empresas e pessoas que não trabalharem em prol da saúde mental do trabalhador não vão sobreviver. Estamos nos cansando muito rápido Se você só está pagando contas, vai adoecer. Tem que sair do raso e se aprofundar”.

Já a VP de Talentos Marca e ESG do Banco ABC Brasil, Izabel Branco, avalia que a performance dos colaboradores tem a ver com liderança. “O líder tem que saber como cada um se comporta. Temos que desativar críticas e ativar oportunidades na questão geracional. Precisamos criar um ambiente psicologicamente seguro e com tempo para vida pessoal. Quando não tem esses elementos, é tudo muito sofrido e a autoperfomance acaba virando fila no SUS. O líder que não conhece a equipe, não consegue gerenciar esta questão”, pondera.

A CEO da Multi Valore Educação, Ana Paula Hornos, dá um conselho para as pessoas que querem mudar o mindset. “Seja você e mude o mundo, com autenticidade. Você é importante da forma que é”.  

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