CEO flagrado em show renuncia; acompanhe o caso polêmico

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A "kiss cam" no show do Coldplay filmou o casal supostamente em caso extraconjugal - Reprodução
A "kiss cam" no show do Coldplay filmou o casal supostamente em caso extraconjugal

Por Luana Pavani e Estadão Conteúdo

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Publicado em 19/07/2025, às 15h48 - Atualizado às 17h34
São Paulo, 19/07/2025 - A empresa de tecnologia Astronomer anuncia que o CEO, Andy Byron ,renunciou após ser flagrado junto com a diretora de RH, Kristin Cabot, em um show da banda Coldplay. A Astronomer disse que a renúncia de Byron foi acatada pelo Conselho de Administração e que agora a diretoria procura um novo executivo-chefe. 
A notícia veio pouco após a Astronomer se pronunciar oficialmente sobre o caso. Por meio de uma nota publicada no X (antigo Twitter), a empresa informou que começou a investigar formalmente o ocorrido. Neste meio tempo, Pete DeJoy, diretor de produtos e cofundador, será CEO interino.

O que aconteceu

Na quarta-feira, 16, Andy Bryon e Kristin Cabot foram ao show do Coldplay em Boston, nos Estados Unidos, mas acabaram sendo flagrados em meio a um abraço romântico.
Para desespero do casal, as imagens foram expostas ao público presente no show. O problema? Byron é casado - e não é com Kristin.
Ao perceberem que estavam sendo filmados, o CEO se abaixou e saiu da visão da câmera e a mulher tampou a sua face com as mãos e virou de costas. A cena chamou atenção dos presentes.
A cena viralizou nas redes sociais e chegou a ser comentada pelo próprio vocalista do grupo britânico. "Ou eles estão tendo um caso ou são muito tímidos", brincou Chris Martin.

Debate jurídico

O caso levanta debate jurídico pela exposição pública e invasão de privacidade. No Brasil, por exemplo, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) trata a imagem como um dado pessoal sensível, que só pode ser utilizado mediante o consentimento do titular, como explica o advogado Francisco Gomes Júnior, da OGF Advogados e especialista em Direito Digital e presidente da Associação de Defesa dos Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). “Já nos Estados Unidos, a lógica é contratual e ao adquirir o ingresso, a pessoa muitas vezes cede automaticamente o uso de sua imagem, mesmo sem perceber. Está previsto nos termos do ingresso”.
Por outro lado, a fã do Coldplay que publicou o vídeo do casal durante o show pode ser responsabilizada judicialmente pela exposição nas redes sociais. “Apesar de ter afirmado que não conhecia os envolvidos e que não teve intenção de causar escândalo, a postagem viralizou e contribuiu para a identificação pública do casal, com nomes, cargos e detalhes pessoais sendo amplamente divulgados. Ao compartilhar o conteúdo sem o consentimento dos filmados, ela pode ter violado direitos à imagem e à privacidade, o que pode gerar responsabilização civil por danos morais, mesmo em casos de aparente inocência ou humor”, afirma o advogado.
Já na área do direito trabalhista, a postura da empresa entra em questão. A advogada Bruna Pavlakis, sócia do OGF, explica que relações extraconjugais que venham a público no ambiente corporativo podem gerar consequências jurídicas. “De acordo com o artigo 482 da CLT, a chamada incontinência de conduta pode, em tese, justificar uma demissão por justa causa", diz ela, ponderando que a jurisprudência atual tende a não aceitar esse argumento com facilidade.
Fora que a empresa não tem o direito de regular a vida íntima dos funcionários fora do ambiente corporativo, pelo direito à privacidade. “Mesmo quando envolve dois empregados da mesma companhia, estabelecer regras sobre comportamentos extraconjugais fora do expediente pode ser interpretado como invasão de privacidade.”
Já a psicanalista e CEO do Grupo Altis, Ana Lisboa, aponta que a exposição sugere um “ato falho” no termo técnico da psicanálise. “Quem não quer ser visto, não sai para a rua, muito menos para um show”. Segundo Lisboa, há uma pulsão inconsciente em toda traição: o desejo de ser descoberto para encerrar a relação e “libertar-se” sem assumir a ruptura diretamente.
Há também o contexto de poder envolvido na relação de um CEO e de uma chefe de RH. “Existe uma dinâmica ali que mistura hierarquia, desejo e fuga da realidade. A exposição pública só tornou visível aquilo que já era um rompimento interno.” 

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