Cidade do interior de São Paulo lidera ranking nacional de qualidade de vida

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Feito com base em 57 indicadores sociais e ambientais, pesquisa revela que, apesar de avanços, desafios ainda são grandes

Por Estadão Conteúdo

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Publicado em 29/05/2025, às 10h38

São Paulo, 29/05/2025 - A pequena cidade de Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, registra a melhor qualidade de vida no Brasil, segundo relatório do Índice de Progresso Social (IPS) dos 5.570 municípios brasileiros, divulgado hoje. É o segundo ano consecutivo que Gavião Peixoto fica no topo do ranking nacional, com uma pontuação de 73,6, em uma escala que vai de 0 a 100.

O índice é feito com base em 57 indicadores sociais e ambientais e revela que, apesar de avanços, os desafios para garantir qualidade de vida à população brasileira ainda são grandes e, sobretudo, desiguais. A segunda colocação no ranking nacional ficou com Gabriel Monteiro (SP), seguido de Jundiaí (SP). Dos 20 municípios mais bem colocados, 14 estão no interior de São Paulo e somente três são capitais: Curitiba (PR), Brasília (DF) e Campo Grande (MS).

"Não é surpresa termos bons resultados em cidades do interior do Centro-Sul e, particularmente, em São Paulo, enquanto no resto do Brasil tende a ser o contrário", explicou um dos coordenadores do IPS, Beto Veríssimo. "São Paulo tem uma boa rede viária, serviços de saúde e educação de qualidade e, por isso, as cidades pequenas apresentam boas performances. E há ainda o fenômeno de cidades maiores, polos locais, que apoiam as menores. É uma particularidade de São Paulo, onde riqueza se transforma em progresso social. Em muitos outros lugares isso não acontece."

De forma geral, as Regiões Sudeste e Sul concentram os melhores índices, enquanto as piores pontuações são registradas no Norte (em especial a região da Amazônia Legal). Entre as 20 cidades com as piores pontuações no índice de qualidade de vida se destacam Uiramutã (RR), Jacarecanga (PA), Amajari (RR), Bannach (PA) e Alto Alegre (RR).

Como foi calculado

A escolha dos 57 indicadores usados no cálculo obedece a critérios como relevância social ou ambiental. Os indicadores são divididos em três dimensões: necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e oportunidades. Isso ajuda a explicar, por exemplo, o motivo de cidades mais pobres terem desempenho melhor do que municípios mais ricos. Ainda assim, na média, cidades mais ricas e com maiores facilidades de acesso tiveram melhores desempenhos.

A edição deste ano traz uma atualização importante: foram incluídos cinco novos indicadores: consumo de alimentos ultraprocessados, resposta ao benefício previdenciário, resposta a processos familiares, índice de vulnerabilidade das famílias e famílias em situação de rua. O IPS Brasil é uma parceria entre o Imazon, Fundação Avina, iniciativa Amazônia 2030, Anattá, Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative.

Diferentemente de índices econômicos como o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o IPS mede diretamente como resultados sociais e ambientais refletem na vida das pessoas.

"O IPS permite visualizar desigualdades que não são explicadas apenas por indicadores econômicos", afirma uma das coordenadoras do IPS Brasil, Melissa Wilm. "Municípios com PIBs semelhantes apresentam, muitas vezes, desempenhos muitos distintos no índice o que reforça a importância de políticas públicas voltadas ao bem-estar social de forma integrada."

‘Bicampeã’ surgiu de assentamento e abrigou uma colônia russa

O Índice de Progresso Social (IPS) de 2025, divulgado nesta quinta-feira é de 61,96 (numa escala de 0 a 100) - um pouco abaixo do registrado no ano passado, de 62,51. Com 73,6, a "bicampeã" Gavião Peixoto se destaca.

Com população estimada em 4.797 pessoas, a cidade paulista surgiu de um assentamento rural e abrigou uma colônia de imigrantes que fugiram da Revolução Russa de 1917. A cidade dependeu durante décadas da agricultura até a chegada da Embraer uma das principais fabricantes de aviões do mundo, em 2001.

Sobre a presença dos russos, Gavião Peixoto guarda poucas lembranças. As famílias acabaram dizimadas pela febre amarela e o que restou foi um cemitério com inscrições na língua do país. O município está entre São Carlos e Araraquara, dois polos educacionais e tecnológicos do interior paulista. É tida como uma cidade acolhedora, com qualidade em saúde, educação e atividades esportivas para todas as idades em praças e parques. (Colaborou José Maria Tomazela)

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