Pesquisa revela que homens choram 4 vezes mais por futebol do que por amor
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Por Joyce Canele
redacao@viva.com.brSão Paulo, 21/12/2025 - Quando grandes derrotas, títulos históricos ou gols decisivos acontecem, os olhos dos torcedores já marejam, como uma reação imediata de emoção, onde quer que ele esteja. Seja no estádio, em casa ou no bar, a emoção vem sem medo, porque o futebol se tornou, para muitos homens, um dos poucos espaços socialmente aceitos para chorar.
É o que aponta uma análise da psicologia social publicada pela revista Frontiers in Psychology, que ajuda a entender por que as lágrimas aparecem com mais frequência no esporte do que em situações amorosas.
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Pesquisadores indicam que o futebol ocupa, há décadas, um lugar central na construção da identidade masculina, pois o esporte é associado a esforço, resistência, competição e lealdade. Nesse contexto, o choro não é visto como sinal de fraqueza, mas como prova de entrega e paixão pelo time.
Final perdida, rebaixamento, título esperado por anos ou a despedida de um ídolo funcionam como gatilhos emocionais. A reação intensa é compreendida e até incentivada pelos que estão ao redor, ou seja, chorar pelo clube é, culturalmente, permitido.
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Memórias pessoais entram em campo
Para muitos torcedores, o time representa mais do que o resultado de uma partida. Ele carrega lembranças de infância, histórias com pais, avós e amigos, além de momentos marcantes da vida.
Essas memórias fazem com que um jogo tenha peso emocional maior do que outras situações do cotidiano. Ao final de uma partida decisiva, a lágrima muitas vezes resume anos de expectativa, frustrações e alegrias acumuladas.
Quando o assunto é a vida amorosa, o cenário muda. Separações, decepções e perdas afetivas ainda são tratadas, entre homens, como temas privados. Muitos relatam dificuldade em falar sobre sentimentos com amigos ou familiares após o fim de um relacionamento. Segundo a publicação, os homens choram quatro vezes mais por futebol do que por amor.
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A psicologia aponta que normas culturais ainda estimulam o autocontrole emocional em situações íntimas. Chorar por amor pode ser interpretado como exposição excessiva ou fragilidade, o que leva muitos homens a reprimir esse tipo de reação.
Um dos fatores que explicam a diferença entre o choro no futebol e o choro por amor é o ambiente coletivo. O jogo é vivido em grupo, cercado de desconhecidos que compartilham a mesma emoção. Já o sofrimento amoroso costuma acontecer no espaço privado, sem a mesma rede de apoio visível. No estádio, a dor é dividida e na vida afetiva, ela costuma ser enfrentada sozinho.
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O futebol é um espaço seguro emocional?
Especialistas definem o futebol como um espaço seguro para a expressão de sentimentos. Durante uma partida, é permitido gritar, xingar, comemorar e chorar. Há uma autorização social para emoções intensas.
Esse alívio pode ajudar a reduzir tensões do dia a dia, no entanto. Pesquisadores alertam que limitar o desabafo apenas ao esporte pode dificultar outras formas de cuidado emocional, como o diálogo em relacionamentos, conversas francas com amigos e a busca por apoio profissional quando necessário.
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Torcer por um clube cria laços que atravessam gerações e classes sociais. Vitórias e derrotas passam a ser sentidas como experiências pessoais e coletivas ao mesmo tempo.
Nessas circunstâncias, o choro funciona como síntese de pertencimento. Ele expressa a ligação com o time, com a história vivida ao redor do futebol e com uma identidade construída ao longo dos anos.
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Mais do que exagero emocional, o choro no futebol revelam como a cultura ainda define onde e quando homens podem demonstrar sentimentos. O ideal, segundo especialistas, é que essa expressão emocional também seja levada para outras áreas da vida, com a mesma normalidade demonstrada dentro dos esportes.
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