Para Abimaq, tarifa de 50% é como decretar o fim do comércio entre Brasil e EUA

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Os Estados Unidos são o principal destino das exportações das máquinas e equipamentos produzidos no Brasil - Envato
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações das máquinas e equipamentos produzidos no Brasil

Por Por Eduardo Laguna, da Broadcast

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Publicado em 11/07/2025, às 18h14 - Atualizado às 18h28

São Paulo, 11/07/2025 - A Abimaq, entidade que representa a indústria de máquinas e equipamentos, confia na reversão da tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros. Segundo José Velloso, presidente-executivo da associação dos fabricantes de bens de capital mecânicos, levar a medida adiante significa decretar o fim do comércio entre os países, o que não faz sentido estratégico na guerra comercial travada pelos Estados Unidos com a China.

Assim, a tendência, acredita Velloso, é de as partes negociarem um acordo, de forma que, apesar do susto com a elevação tarifária, as empresas não estão desesperadas. “A expectativa é de negociação porque não tem como aplicar uma tarifa de 50%. É como dizer ‘está proibido fazer negócio com o Brasil’, já que obriga o Brasil a aplicar a reciprocidade”, diz Velloso.

Os Estados Unidos são o principal destino das exportações das máquinas e equipamentos produzidos no Brasil. No ano passado, os embarques foram da ordem de US$ 3,5 bilhões. Porém, as empresas brasileiras trazem um número ainda maior de máquinas dos EUA: US$ 4,7 bilhões.

A avaliação da Abimaq é a de que não há justificativa para a imposição de tarifas adicionais se o comércio bilateral é vantajoso para os Estados Unidos. Quando se soma todos os produtos da pauta, o Brasil teve mais de US$ 88 bilhões em déficit comercial com os Estados Unidos nos últimos 16 anos.

Na avaliação de Velloso, não bastasse o atrito com um país a quem os EUA mais vendem do que compram, a tarifa contra o Brasil, a maior até aqui do “tarifaço” de Trump, tem o efeito colateral de favorecer a competitividade dos produtos chineses no mercado americano. Nesse sentido, avalia, a medida não tem lógica dentro do objetivo do presidente americano de reverter o déficit comercial com os chineses. “Não faz sentido.”

“Por enquanto, não bateu o desespero nas empresas. Existe uma preocupação, mas não um estado de ebulição por causa do entendimento de que a tarifa não é factível e deve ser revista”, acrescenta Velloso.

Na indústria siderúrgica, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, afirma que a expectativa é de que a nova tarifa não será cumulativa à taxa de 50% que já era aplicada sobre o produto desde o mês passado. Se for assim, nada muda em relação ao quadro atual, no qual todos os países, exceção ao Reino Unido, sofrem a mesma barreira, por se tratar de uma tarifa específica a aço e alumínio.

Marco Polo observa, no entanto, que o estresse político entre Brasil e EUA pode prejudicar a negociação que estava em curso por cotas para livrar o aço brasileiro da tarifa.

Em relação a outros setores industriais que participam da Coalizão Indústria, onde é coordenador, Marco Polo conta que o sentimento é o pior possível, já que a elevação tarifária de 10% para 50% gera a todos um problema gigantesco. “Todos esperam que o Brasil tenha serenidade para voltar aos canais diplomáticos de negociação”, comenta o executivo.

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