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Apenas 27% das empresas brasileiras têm regras para uso de IA

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Especialistas apontam que o uso incorreto da tecnologia pode ser prejudicial, ao invés de benéfico - Envato
Especialistas apontam que o uso incorreto da tecnologia pode ser prejudicial, ao invés de benéfico
Por Felipe Cavalheiro

08/12/2025 | 15h20 ● Atualização: 08/12/2025 | 15h20

São Paulo, 08/12/2025 - A Inteligência Artificial já faz parte do cotidiano corporativo brasileiro, desde o atendimento ao consumidor até decisões estratégicas. Porém, a maioria das empresas ainda opera sem regras claras para o uso da tecnologia. Apenas 27% das organizações possuem políticas formais de governança de IA, um índice que revela como o País avança em adoção, mas não em responsabilidade tecnológica.

O dado integra a terceira edição da Pesquisa Setorial sobre Maturidade de Riscos Digitais das Empresas Brasileiras, realizada entre março e outubro de 2025 com 234 companhias de diferentes setores e portes. O levantamento, realizado pelo Miti - Markets Innovation & Technology Institute, analisou os três pilares de sustentabilidade digital: cibersegurança, governança de dados e inteligência artificial.

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A ausência de diretrizes para IA se reflete em um cenário mais amplo: mais de um terço das empresas brasileiras ainda não possui políticas robustas de cibersegurança. Quando ataques ou falhas digitais se materializam, o prejuízo médio projetado é de US$ 31,99 milhões por incidente, aproximadamente R$ 170 milhões, incluindo paralisação de operações e reparo de sistemas. O valor, apesar de ligeiramente inferior ao registrado em 2024, continua expressivo.

A CEO da Bidweb, uma das patrocinadoras da pesquisa, Flávia Brito afirma que o uso incorreto da tecnologia pode ser prejudicial, ao invés de benéfico. 


“Há uma falsa sensação de que a tecnologia, por si só, resolve os problemas. Mas, sem governança, a IA se transforma em um agente de risco. Ela pode tomar decisões erradas, discriminar pessoas ou vazar dados sensíveis, e tudo isso tem impacto direto no caixa e na reputação da empresa". 


O estudo também mostra que a governança de dados avança em melhor ritmo: quase 70% das empresas já tratam o tema como prioridade, impulsionadas por exigências regulatórias como a LGPD e por cobranças crescentes de investidores por transparência e conformidade. No entanto, esse avanço ainda não acompanha a complexidade da Inteligência Artificial.

A rápida expansão da IA generativa, agora incorporada a processos críticos como análise de riscos, concessão de crédito e triagem de currículos, amplia os riscos operacionais e éticos. A falta de supervisão cria brechas para vieses discriminatórios, decisões automatizadas sem auditoria e dependência tecnológica sem clareza sobre responsabilidades.

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“O Brasil está adotando IA em escala, mas sem maturidade proporcional no controle do que os algoritmos fazem, porque fazem e quem responde quando erram. Isso abre espaço tanto para danos silenciosos quanto para eventos catastróficos", destaca Flávia Brito.

O contexto global adiciona pressão. Países que lideram a regulamentação da tecnologia, como membros da União Europeia, com o recém-aprovado AI Act, elevam expectativas de segurança e transparência para empresas que atuam no mercado internacional. “Governança não atrasa inovação. Pelo contrário: é o que garante que empresas possam inovar sem perder consumidores, sem enfrentar ações judiciais e sem transformar o digital em passivo. Quem cuidar da ética e da segurança da IA agora terá vantagem competitiva amanhã", pondera a especialista. 

Estagiário sob supervisão de Marcia Furlan

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