Foto: Divulgação/20th Century Studios
Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 12/09/2025 - O lançamento de “Os Roses: Até Que a Morte Os Separe”, em agosto deste ano, reacende uma discussão antiga, mas ainda atual: o que acontece quando a mulher ganha mais do que o homem em um relacionamento?
Na trama, Ivy (Olivia Colman) é uma chef de cozinha de sucesso com restaurante próprio, enquanto Theo (Benedict Cumberbatch), arquiteto renomado, começa a ver o casamento desmoronar em meio a ressentimentos, competições e feridas mal resolvidas.
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A nova adaptação do romance de 1981 traz para o centro do debate temas como papéis de gênero, desigualdade e os desafios do amor em tempos de capitalismo tardio.
A ficção dialoga com a realidade. Estudos recentes mostram que, embora cada vez mais mulheres tenham alcançado independência financeira, os homens tendem a associar sua felicidade à posição que ocupam como provedores.
Segundo pesquisa publicada no periódico Sage Journals, o sofrimento psicológico masculino é maior quando a esposa não tem renda alguma, diminui à medida que ela começa a ganhar, mas volta a aumentar quando o salário dela ultrapassa certo limite.
O ponto de equilíbrio, segundo o levantamento, é quando a mulher alcança cerca de 40% da renda do marido. Acima disso, a sensação de bem-estar deles tende a cair.
O dado ajuda a explicar porque, em muitos casais, a disparidade entre expectativas e realidade pode se transformar em uma crise de identidade.
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Enquanto o filme explora esse dilema em um casamento fictício, a cultura pop também traz exemplos parecidos.
O relacionamento entre a cantora Taylor Swift, dona de uma fortuna bilionária, e o jogador Travis Kelce, astro da NFL, desperta atenção não apenas pelo glamour do casal, mas pelo fato de que Swift tem um patrimônio consideravelmente maior que o dele.
Embora ambos estejam no auge de suas carreiras, a diferença reforça como ainda causa surpresa, e até desconforto em parte da sociedade, ver uma mulher com rendimentos muito superiores ao parceiro.
Apesar do avanço, a desigualdade de gênero continua marcada. No Brasil, as mulheres receberam, em média, 20,9% a menos que os homens no setor privado em 2024, segundo o Relatório de Transparência e Igualdade Salarial do Ministério do Trabalho.
A disparidade é ainda maior entre mulheres negras, cujo rendimento médio é 27,3% inferior ao de homens negros em cargos equivalentes.
Ainda assim, a participação feminina no mercado cresceu. O número de trabalhadoras subiu de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões em 2024, segundo a RAIS.
Houve também aumento na presença de mulheres negras em empresas de grande porte, um sinal de avanço, ainda que lento, na inclusão.
O contraste entre dados de desigualdade e histórias de mulheres que superam barreiras mostra como o tema está em constante transformação.
No cinema, “Os Roses: Até Que a Morte Os Separe” traduz esse conflito em drama e humor, escancarando como o amor pode se desgastar quando a disputa financeira entra em jogo. Já na vida real, os números provam que a independência feminina é irreversível, mas que ainda há muito para se avançar no debate sobre equidade salarial de gênero.
O filme segue em cartaz em alguns cinemas do Brasil.
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