iFood quer conceder R$ 1,5 bi em crédito a restaurantes

Marcello Casal/Agência Brasil

iFood quer expandir crédito pela fintech iFood Pago - Marcello Casal/Agência Brasil
iFood quer expandir crédito pela fintech iFood Pago

Por Matheus Piovesana, do Broadcast

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Publicado em 27/06/2025, às 11h58
São Paulo, 27/06/2025 - O iFood espera conceder mais R$ 1,5 bilhão em crédito para restaurantes até março de 2026, e projeta chegar a 1,5 milhão de usuários em seus cartões de benefícios. Os dois negócios, que alavancam os volumes no tradicional delivery de comida, colocam a companhia em competição direta com bancos e empresas tradicionais de vales.
No crédito, a carteira está em R$ 1 bilhão, com R$ 2 bilhões concedidos desde 2019, quando a operação surgiu. O produto acelerou na pandemia e virou o embrião do iFood Pago, criado no ano passado, e que soma 175 mil contas digitais ativas e uma maquininha de cartão para uso nos salões dos restaurantes. 
"A meta é chegar até março desembolsando R$ 3,5 bilhões no histórico, então, seria R$ 1,5 bilhão a mais de desembolso", disse o diretor do iFood Pago, Thomas Barth, em coletiva de imprensa. A receita anualizada do iFood Pago é de R$ 1,6 bilhão, mas o iFood não informa o resultado. Os negócios financeiros incluem ainda a Zoop, fintech que fornece infraestrutura a outras, e que teve R$ 499 milhões em receita nos últimos 12 meses.
O crédito concedido pela fintech é o chamado "fumaça": o comerciante toma um empréstimo dando em garantia vendas que realizará no futuro, estimadas com base nos padrões de venda dos estabelecimentos. O iFood utiliza tanto as vendas processadas pela própria rede quanto as feitas fora dela, e acessadas através do balcão de recebíveis de cartão.
Segundo Barth, a inadimplência está em um dígito, contra cerca de 25% quando se analisa a carteira do sistema financeiro destinada a pequenas e médias empresas. O iFood afirma que 70% das linhas são concedidas a donos de restaurantes que tiveram pedidos negados em instituições tradicionais. Por enquanto, a empresa não vai conceder crédito a outros tipos de estabelecimento credenciados ao aplicativo, mas não descarta fazer isso no futuro.
Nos pagamentos, a empresa começou a levar a "maquinona" para fora de São Paulo, em que o produto está em mais de 800 restaurantes. Desde março, estabelecimentos de Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília utilizam os terminais, que até aqui processaram R$ 425 milhões. O objetivo é chegar a R$ 1 bilhão até março, e outras cidades devem ser adicionadas ao mapa.
A maquininha do iFood permite, segundo a empresa, identificar o cliente que pede online quando ele vai ao salão do restaurante. Com isso, os estabelecimentos podem fazer ofertas com base na frequência desse cliente. Segundo a empresa, as vendas dos restaurantes aumentam em até 40% com o produto.

Cartão de benefício

Outro negócio em que a empresa tem ganhado musculatura é o de cartões de benefícios. O objetivo é encerrar o ano fiscal, em março do ano que vem, com um volume processado anualizado de R$ 10 bilhões, em um mercado que, segundo associações setoriais, movimenta R$ 150 bilhões por ano.
"Devemos fechar este ano fiscal com mais ou menos 1,5 milhão de usuários", afirmou o diretor do iFood Benefícios, Arthur Freitas. Hoje, são 856 mil. Neste mercado, a empresa enfrenta nomes como Alelo, Ticket e Pluxee, pertencentes a bancos ou com vendas através deles.
O iFood Pago surgiu com a pandemia, em um "vácuo" deixado pelas empresas tradicionais nos pedidos de comida online. O cartão do iFood tem bandeira Elo e opera no chamado arranjo aberto, aquele em que quem decide onde o cartão é aceito são as maquininhas, e não os emissores. O modelo passou a ser previsto oficialmente pela nova lei do setor, em vigor desde o ano passado, embora não fosse expressamente proibido pela anterior.
De acordo com Freitas, o iFood Benefícios deve encerrar o ano fiscal operando no azul em todos os meses. Hoje, o produto é oferecido por mais de 40 mil empresas, e segundo a companhia, é atrativo inclusive para as menores, que não têm estrutura de recursos humanos. Em maio, bateu recorde em movimentação financeira, com R$ 576 milhões.

Palavras-chave fintech iFood iFood Pago

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