Brasília, 10/07/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira que o governo estuda um "rol enorme" de medidas que podem ser adotadas caso as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump, não sejam revertidas.
"Há muitas medidas não tarifárias, há medidas tarifárias que não impactam a inflação, há uma série de alternativas que vão ser consideradas. Isso não significa que vão ser acionadas, porque o nosso desejo é que até lá isso tenha sido superado. Teremos tempo para superar", disse Haddad a jornalistas, na portaria da sede da Fazenda, em Brasília.
A fala ocorreu após o ministro ser indagado sobre um possível impacto inflacionário de retaliações do governo brasileiro contra os Estados Unidos. Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que passaria a cobrar tarifas de 50% dos produtos americanos se Trump não recuar.
O ministro classificou as tarifas americanas contra o Brasil como "um grande mal entendido", e afirmou que, independentemente do impacto, o País quer manter uma boa relação com os Estados Unidos e cooperar com o mundo inteiro. Ele afirmou que as tarifas são fruto de uma ação ideológica e não têm sentido econômico.
"O Brasil não pode ser apêndice de um bloco econômico. Nós queremos o acordo União Europeia-Mercosul, queremos manter as nossas exportações para a Ásia, que é um grande parceiro comercial, queremos investimentos norte-americanos no Brasil, que detém o maior estoque de capital no País. Tudo isso nós queremos continuar fazendo com normalidade, com tranquilidade", disse.
O ministro reforçou que a decisão de Trump "não se justifica sob hipótese alguma". Ele disse esperar que a medida seja revertida antes do dia 1º de agosto, prazo para que entre em vigor - mas garantiu que, se isso não ocorrer, o governo pode reagir às tarifas.
Falando com jornalistas na portaria da sede da Fazenda, em Brasília, o ministro argumentou que as tarifas não fazem sentido do ponto de vista econômico. Segundo Haddad, os Estados Unidos têm um superávit comercial acumulado de mais de US$ 400 bilhões com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) apontam para um superávit americano de US$ 90,318 bilhões no período.
"Quem poderia estar pensando em proteção era o Brasil, e o Brasil não está pensando nisso", disse Haddad. "Esse tipo de retaliação com finalidade político-ideológica, ele é contraproducente, ele desrespeita os 200 anos de tradição diplomática entre os dois países, que se dão muito bem", acrescentou Haddad, destacando que os canais diplomáticos estão abertos para tentar reverter as tarifas.