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COP30: Quais as propostas da presidência para lidar com 'temas-problema'?

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Diretora-executiva da COP30, Ana Toni considera que o pedido para a elaboração do texto da decisão foi demonstração de confiança - Tânia Rêgo/Agência Brasil
Diretora-executiva da COP30, Ana Toni considera que o pedido para a elaboração do texto da decisão foi demonstração de confiança

Por Estadão Conteúdo

redacao@viva.com.br
Publicado em 17/11/2025, às 17h47
São Paulo, 17/11/2025 - A presidência da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30) propôs aos países um pacote de medidas para tentar destravar os temas polêmicos da conferência. Entre as propostas está a criação de um plano para os próximos três anos para avançar no financiamento climático.
Nesta segunda-feira, que abre a semana decisiva da conferência, a presidência anunciou que irá apresentar até amanhã aos países um primeiro rascunho para uma decisão a respeito desses pontos.
O documento elaborado pela presidência foi fruto de consultas feitas aos países desde o primeiro dia da COP-30. Essa alternativa foi colocada em prática para evitar que os quatro temas mais difíceis (financiamento, lacuna das metas climáticas, medidas unilaterais de comércio e relatórios de transparência) bloqueassem a agenda principal da conferência, impedindo qualquer avanço nas negociações.

Impasse no financiamento

O financiamento climático vive um impasse, sobretudo porque os países em desenvolvimento defendem maior aporte por parte dos países desenvolvidos. Na COP-29, em Baku, a meta de financiamento estabelecida ( US$ 300 bilhões por ano) desagradou as nações mais pobres. Isso porque a previsão é de que seja necessário, no mínimo, US$ 1,3 trilhão para dar conta da crise climática.
O pedido para que a presidência brasileira elaborasse o texto da decisão sobre os quatro pontos foi visto como uma demonstração de confiança, segundo a diretora-executiva Ana Toni. Também significa que os países aprovaram a sugestão de encaminhamento do Brasil nas discussões realizadas na manhã de hoje, com algumas objeções. Uma delas foi o pedido de uma agenda de negociação separada sobre medidas unilaterais (regras ou impostos comerciais sobre produtos importados para proteger o clima) e comércio.
"Todo mundo gostou muito da sugestão de como caminhar para frente. Alguns países se posicionaram pedindo para alguns temas saírem daquele resumo, mas depois do término dessa discussão foi pedido à presidência da COP30 para que o Brasil apresentasse um primeiro rascunho", disse a diretora-executiva.
Segundo ela, o rascunho a ser apresentado amanhã não será para uma decisão de capa da COP-30, já que esse documento costuma ser mais abrangente. Temas não relacionados aos quatro pontos mais complicados devem ser fechados depois, até o fim da semana.

A proposta brasileira

Criação do "Plano de Ação de Belém", com duração de três anos e detalhamento da implementação do artigo 9.1 do Acordo de Paris (que trata de financiamento climático), com previsão de triplicar o financiamento para adaptação climática, com "arranjos justos de divisão de responsabilidades".
Fachada do pavilhão onde se realiza a COP30
A Cúpula do Clima entra em sua semana decisiva  - Bruno Peres / Agência Brasil
Reafirmação da meta de US$ 300 bilhões para financiamento, deixando claro que países desenvolvidos devem liderar essa entrega. A presidência propõe ainda que o roteiro "Baku a Belém para US$ 1,3 trilhão" seja levado em consideração para ampliar o financiamento. Reafirmar ainda o compromisso de triplicar recursos em fundos como o de Adaptação, o Fundo Verde do Clima e o Fundo para Países menos Desenvolvidos.
Sobre as lacunas das metas climáticas, a presidência da COP propôs que sejam avaliados, todos os anos, o relatório que mostra o que os países estão prometendo fazer para cumprir suas metas de redução de emissões (as chamadas NDCs) e o relatório que mostra o que os países estão fazendo. Com base nisso, deverão ser identificados problemas que impedem os países de atingirem suas NDCs e soluções para isso.

Também estão entre as sugestões:

Trabalhar com os países, entes subnacionais, sociedade civil e setor privado para desenvolver um plano que defina as lacunas que hoje dificultam que o aquecimento global seja detido em 1 5ºC.
Convidar as presidências da COP a desenvolver um roteiro que identifique como acelerar a implementação dessas NDCs. O roteiro deve ser publicado antes da próxima COP.
Criar uma mesa-redonda com o alto escalão dos governos para que ali se identifique onde estão os problemas que dificultam o financiamento climático e a adoção de medidas de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas.
Em relação às medidas unilaterais de comércio relacionadas ao clima, a presidência da COP sugeriu a criação de um diálogo anual para monitorar e discuti-las. Algumas nações apontam que outros países usam desculpas climáticas para adotar medidas de proteção comercial.
A proposta da presidência da COP inclui a realização de mesas-redondas sobre o tema em 2026 e 2027. O resultado dessas mesas devem alimentar o GST2 (a segunda avaliação de como está avançando o Acordo de Paris, que deverá ocorrer entre 2026 e 2027).

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