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Economistas avaliam que contratações estão perdendo fôlego

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Em novembro, as contratações superaram as demissões em 85,9 mil, segundo dados do Novo Caged - Adobe Stock
Em novembro, as contratações superaram as demissões em 85,9 mil, segundo dados do Novo Caged

Por Alessandra Taraborelli, com Eduardo Laguna e Daniel Tozzi, da Broadcast

redacao@viva.com.br
30/12/2025 | 19h38
São Paulo, 30/12/2025 - A redução no número de vagas de emprego com carteira assinada abertas em novembros é natural, na avaliação do estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, já que, com o mercado de trabalho muito aquecido, as contratações começam a chegar a um limite. 
Em novembro, as contratações superaram as demissões em 85,9 mil, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O saldo ficou abaixo das 93,7 mil vagas criadas em outubro e dos 106,1 mil postos de novembro do ano passado.

“O saldo do Caged veio um pouquinho abaixo, o que é natural. Estamos em um mercado de trabalho bem aquecido, você tem um limite nas contratações”, comenta.

Segundo Cruz, o balanço das contratações no mercado de trabalho formal surpreendeu em 2025, já que no início do ano a discussão era se a criação de vagas passaria de 1 milhão. De janeiro a novembro, o saldo ficou em 1,9 milhão de postos. “Então, realmente, foi muito melhor.”

No entanto, o ritmo médio de criação de vagas de emprego formal, medido pelo Caged, deve cair de cerca de 105 mil no primeiro semestre de 2025 para 85 mil na segunda metade do ano, segundo projeção do departamento de macroeconomia da XP Investimentos. O cenário reforça o diagnóstico de um “pouso suave” dos números de mercado de trabalho na economia doméstica, destacou a corretora em relatório.
Fazendo-se o ajuste sazonal e usando como parâmetro a média móvel trimestral, a XP calcula que os dados de outubro e novembro ainda indicam um ritmo de criação ligeiramente abaixo das 100 mil vagas formais. “O emprego formal permanece forte, apesar de flutuações mensais significativas”, destaca o relatório da XP.
A expectativa da corretora é de que a criação líquida atinja 1,34 milhão de vagas formais no acumulado de 2025, abaixo do número observado em 2024 (1,68 milhão). Para 2026, a projeção da XP é de nova desaceleração, a 970 mil vagas formais.
O estrategista da RB pondera ainda que as pessoas estão sendo contratadas por salários mais baixos. Os salários de admissão - na média, R$ 2.310,78 - seguem inferiores aos salários dos desligamentos (R$ 2.416,37). “Se a gente pensar no que aconteceu nos Estados Unidos e na Europa nos últimos anos, o mercado de trabalho extremamente aquecido significou uma disputa pelo trabalhador. Quem mais se beneficiou foi o trabalhador. Não é o caso brasileiro”, afirma.
Cruz avalia que, por mais que o desemprego esteja baixo, e que mais vagas tenham sido criadas do que se imaginava, isso não resultou em um grande momento de mercado de trabalho para os trabalhadores brasileiros.

Setor público puxa contratações

Apesar de ter surpreendido o mercado ao renovar a menor taxa da série histórica, o desemprego não veio com um "bom qualitativo", uma vez que as contratações foram puxadas pela administração pública, segundo economistas do banco Inter.
Eles observam que 71% do aumento na população ocupada em novembro veio do setor público. Para o banco, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pela manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sugere sinais de enfraquecimento do setor privado, mais sensível aos juros altos.
Em relatório assinado por André Valério, coordenador de pesquisa macroeconômica, e Gustavo Menezes, assistente de pesquisa macroeconômica, o Inter acrescenta que os dados do Novo Caged, com criação de empregos menor em novembro, indicam uma desaceleração no mercado de trabalho.
Eles apontam sinais de fraqueza nas contratações da indústria, que com a eliminação de 27,1 mil postos teve o novembro mais fraco desde 2022, assim como no varejo, que registrou o saldo mais fraco para o mês desde o início da pesquisa em 2020.
Observam ainda que as admissões, com queda de 0,8%, para 1,98 milhão de trabalhadores, tiveram a primeira retração interanual desde março, ao passo que os desligamentos ficaram praticamente estáveis no mesmo comparativo, com alta de 0,2%, para 1,89 milhão de trabalhadores.

Taxa de juro

Para o head de Macroeconomia da Kínitro Capital, João Savignon, os dados do mercado de trabalho devem reforçar a percepção majoritária de bancos e instituições financeiras de que os cortes na taxa básica de juros, a Selic, ficarão apenas para o mês de março de 2026.
Essa é a mesma percepção dos economistas do Inter: “é possível que, em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) seja cauteloso e entenda que o mercado de trabalho ainda não permite o início dos cortes dos juros, adiando esta decisão para a reunião do colegiado em março”.

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