Brasília, 17/11/2025 - Às vésperas do primeiro lançamento comercial para o espaço na base de Alcântara, Maranhão, o chefe do Departamento Jurídico da Agência Espacial Brasileira (AEB), Ian Grosner, chama atenção para o crescimento do setor no mundo nos últimos anos, acima do Produto Interno Bruto (PIB) global. "O Brasil tem que aproveitar", afirmou. "Há um sinal para o mercado internacional: estamos fazendo um lançamento do Brasil, temos um espaçoporto aqui."
A economia espacial global foi avaliada em US$ 613 bilhões em 2024, um crescimento de 7,5% ante o ano anterior (US$ 570 bilhões) e com estimativas de que triplicará para US$ 1,8 trilhão até 2035.
Grosner, que também é presidente do Grupo de Trabalho sobre a Definição e Delimitação do Espaço Exterior da ONU, salientou que nos últimos anos foi visto um maior interesse das empresas no Brasil. Apesar do avanço recente, o Brasil não é uma potência espacial, mas está bem posicionado na política externa do setor.
O País propôs integrar o programa espacial americano e, conforme o procurador, tem recebido propostas espaciais da China. "Se o presidente mandar a gente participar também, não vemos como algo excludente. Mas não sabemos como isso poderia ser recebido pela administração americana", considerou. Grosner disse ainda que o Brasil trabalha em um GPS nacional e que o maior obstáculo nesse projeto é o alto valor necessário de investimento.
Nos anos 1980, China e Índia estiveram no Brasil para aprender com nossas tecnologias espaciais. Hoje, estão adiantados e nós não saímos do lugar. Segundo Grosner, é uma questão de falta de investimento. "Não existe programa espacial do mundo sem investimento direto e forte do governo. O setor privado vai a reboque e muitas vezes compra o que o governo oferece. É uma questão de estratégia", afirma.
'Muito dinheiro'
Segundo o executivo, o Brasil ainda pode fazer parte desse grupo. "O mercado vai injetar muito dinheiro e cresce a taxas mais elevadas do que as do PIB mundial. E aí o Brasil tem que aproveitar. Tanto para beneficiar nossas indústrias quanto para fortalecer o que temos, como o lançamento comercial de Alcântara. Este é um sinal para o mercado internacional: estamos fazendo um lançamento do Brasil, temos um espaçoporto aqui."
Ele lembra que a
base de Alcântara existe há 40 anos e nunca ficou parada: "Fazíamos
voos suborbitais, onde somos muito bons". Esses voos geralmente são experimentos, às vezes servem apenas para saber se o foguete. "A FAB usa aquele espaço, mas houve o acidente em 2003...", lembra. Na época, de acordo com Gosner, o País estava muito próximo de um voo orbital saindo do Brasil, com foguete nacional e tecnologia brasileira. "Mas morreu muita gente", acrescenta o executivo da
AEB.
Após o acidente, houve uma redução drástica de orçamento do Programa Espacial Brasileiro.
"Agora, temos algo que não existia antes, que são as empresas privadas. E algo importante: são poucos os espaçoportos no mundo. Os que têm, estão sobrecarregados. Se eu quiser mandar uma carga pela Space X, são de três a quatro anos de espera. Precisamos de assiduidade de lançamentos de foguetes aqui. O primeiro será agora e ter seis lançamentos ao ano é algo possível. Há um nicho de mercado para explorar."