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Por Elisa Calmon, do Broadcast
[email protected]São Paulo, 01/06/2025 - A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) projeta produção de 2,5 bilhões de litros de combustível sustentável de aviação (SAF) em 2025. Apesar de ser o dobro do produzido ano passado, o número representa apenas 0,7% do consumo total de combustível pelas companhias aéreas. A estimativa é levemente menor do que a apresentada inicialmente pela entidade em dezembro de 2024, que era de 2,7 bilhões de litros para este ano.
"Mesmo essa quantidade relativamente pequena adicionará US$ 4,4 bilhões globalmente à conta de gastos com combustível. O ritmo do progresso no aumento da produção e no ganho de eficiência para reduzir custos deve acelerar", afirmou o diretor-geral da Iata, Willie Walsh.
A projeção foi apresentada pela associação durante a 81ª Assembleia Geral Anual (AGM) e da Cúpula Mundial do Transporte Aéreo realizada nos próximos dias pela Iata na Índia.
Apesar do aumento previsto para a produção de SAF, a associação avalia que deficiências políticas colocam em risco a produção do combustível sustentável de aviação. A entidade destaca o aumento no preço do SAF diante das regulamentações e metas estipuladas, conhecidas como mandatos, principalmente na Europa.
Atualmente a maior parte do SAF está sendo destinada à Europa, onde os mandatos da União Europeia e do Reino Unido entraram em vigor em 1º de janeiro de 2025. Enquanto isso, custo do combustível sustentável para as companhias aéreas duplicou na Europa devido às taxas de conformidade cobradas pelos produtores ou fornecedores de SAF.
Para o esperado milhão de toneladas de SAF que serão adquiridas para cumprir os mandatos europeus em 2025, o custo esperado a preços de mercado atuais é de US$ 1,2 mil bilhão. Estima-se que as taxas de conformidade adicionem US$ 1,7 bilhão aos preços de mercado - um montante que poderia ter reduzido as emissões de carbono em 3,5 milhões de toneladas.
Nesse cenário, a Iata considera que em vez de promover a utilização do SAF, os mandatos europeus para o uso do combustível o tornaram cinco vezes mais caro do que o combustível de aviação convencional.
Para o diretor-geral da associação, Willie Walsh, isso indica o problema da implementação de mandatos antes que haja condições de mercado suficientes e salvaguardas contra práticas irracionais que elevam o custo da descarbonização. "Aumentar o custo da transição energética, já estimado em impressionantes US$ 4,7 trilhões, não deve ser o objetivo nem o resultado das políticas de descarbonização. A Europa precisa perceber que sua abordagem não está funcionando e encontrar outra saída", afirma.
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