Belém, 06/11/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que ações de enfrentamento e preparação para as mudanças do clima precisam ser materializadas “no centro das decisões” do setor privado e também da sociedade civil. Ele falou na abertura da cúpula de líderes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).
O chefe de Estado do Brasil diz ser necessário avançar para “superar a desconexão” entre os salões diplomáticos e a vida real. Para ele, o que for discutido na cúpula de líderes deve servir de bússola para as negociações técnicas. O grande evento com líderes mundiais antecede a COP30. É o momento preliminar, considerado essencial para a negociação.
O cerne da discussão é o financiamento. No ano passado, na COP do Azerbaijão, foi estabelecido que os países desenvolvidos devem “assumir a liderança” no fornecimento de, pelo menos, US$ 300 bilhões anuais até 2035, muito aquém do que é considerado necessário. O Brasil se comprometeu a apresentar, com o Azerbaijão, um roteiro de como alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão.
Esse documento divulgado ontem menciona, majoritariamente, instrumentos já existentes. Os exemplos incluem o perdão da dívida em troca dos esforços dos países para implementar medidas de combate às mudanças climáticas, bem como a liberação de crédito em condições e taxas favoráveis. O problema - e, na verdade, a solução - é o ganho de escala global desses mesmos instrumentos.
Confrontos entre países
Lula apontou que os confrontos entre países atrasam a busca de soluções à crise climática.
“Rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam recursos que deveriam ir para o combate ao aquecimento global. Precisamos superar o descasamento entre o contexto geopolítico e a urgência climática”, acrescentou.
Lula também afirmou que a COP30 será o momento da verdade. “Não podemos abandonar o objetivo do acordo de Paris de aquecimento de 1,5 grau Celsius”, disse. “Nosso objetivo com essa cúpula de líderes em Belém é enfrentar as divergências”, afirmou.
O presidente afirmou que a COP30 é o “ponto culminante” de um caminho pavimentado nos encontros do G20 e do Brics no Brasil. “Essa cúpula de líderes é uma inovação que trazemos para o universo das COPs. E nós podemos e devemos discutir tudo para além dos muros da convenção. Nossas palavras, vão servir de bússola para os próximos dias”, afirmou Lula.
Amazônia
O presidente afirmou que é um marco realizar a COP na Amazônia. Disse que, na Amazônia, vivem povos atravessados pelo falso dilema entre prosperidade e preservação da natureza. “É justo que amazônidas indaguem o que está sendo feito para evitar o colapso climático. E interesses egoístas preponderam sobre o bem comum“, disse.
O discurso, lido pelo presidente na maior parte do tempo, trouxe o tema da justiça climática. Ele disse que será impossível conter a mudança climática sem superar as desigualdades. “A Amazônia para o mundo é como uma bíblia, todos conhecem, mas interpretam da sua forma”, afirmou.
Ele voltou a falar que o ano de 2025 é um marco para o multilateralismo. Festejamos os 80 anos das Nações Unidas e os dez anos do Acordo de Paris. “Passada uma década, ele se tornou o maior espelho das necessidades e das limitações do multilateralismo.
"Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapa do caminho para de forma planejada e justa reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos", disse Lula.
Guterres
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse há pouco que "falta coragem política" para a transição energética, em direção ao uso de combustíveis não poluentes. Ele falou na abertura da cúpula de líderes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). "Não é mais tempo de negociação, é tempo de implementação", declarou.
Guterres reforçou o argumento sobre a necessidade de apoio aos países em desenvolvimento, especialmente aqueles mais dependentes de combustíveis fósseis. Ele afirmou ainda que o limite de 1,5°, ao aquecimento do planeta, deve ser mantido e a ONU não "desistirá" do objetivo de manter esse limitador.