Ricardo Stuckert/PR
Por Karla Spotorno, do Broadcast
[email protected]Paris, 06/06/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre hoje o último dia de agenda oficial na cidade de Paris. Lula chegou há instantes para receber o título de honoris causa da Universidade de Paris 8, uma instituição pública em Saint Denis, município da região metropolitana da capital francesa. Ele e a primeira-dama Rosângela da SIlva, a Janja, foram recebidos por alunos, professores, autoridades e um coral de estudantes e funcionários à capela que cantou Pau de Arara, de Luiz Gonzaga, em português. A Universidade 8 é conhecida por receber minorias, estrangeiros e tem, no corpo discente, pós-graduandos indígenas do Brasil.
Em seu discurso, Lula defendeu a educação como forma de transformação social e afirmou que as pessoas mais pobres devem ter o direito de escolher qual carreira e curso querem fazer. "Muitos escolhem o que querem fazer. Mas muitos outros não têm o direito de escolher o que vão estudar porque 'nasceram para ser pobres'. Não é normal a gente aceitar a ideia de que há pessoas que nasceram para ser pobres", disse Lula.
"No meu País, a filha de uma empregada doméstica pode disputar um banco da universidade com a filha da patroa da sua mãe. Somente o Estado pode garantir oportunidade para todo mundo", disse Lula, mencionando os programas ProUni e Fies.
O presidente disse se sentir honrado em receber o título de doutor honoris causa, assim como recebeu a professora e pesquisadora brasileira, Marilena Chauí. "A homenagem de hoje não é só um reconhecimento pessoal. "Tenho certeza que esse título é muito mais uma homenagem à capacidade de resistência do povo brasileiro do que a qualquer outra coisa que eu tenha feito pelo País", afirmou.
Ainda no discurso, Lula afirmou que a ausência de uma regulação das redes digitais somente interessa às grandes corporações. Lula disse que também é necessário criar uma governança sobre o uso da Inteligência Artificial (IA). Ele contou que a Cúpula dos Brics, que vai ser realizada em junho, no Brasil, vai adotar uma declaração conjunta sobre IA. "As oportunidades que se abrem com a inteligência artificial são ilimitadas, mas os riscos não são menores", afirmou.
O presidente declarou que planeja criar uma universidade para os indígenas e outra voltada para esportes, a exemplo da Universidade de Integração Latino-Americana (Unila), atualmente criticada por parlamentares da oposição por ter desempenho abaixo da média nacional.
Em seu discurso, Lula afirmou também que é preciso investir mais em educação em período integral, ampliar o currículo escolar, abrangendo temas como crise climática. "É preciso colocar mais ensinamento da vida real para que todos aprendam a cuidar do meio ambiente", disse, acrescentando que o governo tem a meta de, até 2030, ter 80% das crianças do ensino fundamental já alfabetizadas no segundo ano. "A educação é a ferramenta mais poderosa para solucionar os males sociais.".
A exemplo do que fez ontem durante coletiva à imprensa, Lula reafirmou sua indignação sobre a guerra na Ucrânia e o genocídio em Gaza. "A intolerância e o extremismo corroem a confiança das instituições", disse. Ele repetiu que defender a educação também é uma forma de resguardar valores da democracia. "A extrema direita usa o mesmo método das ditaduras no século passado que é atacar estudantes e professores. A extrema direita tem medo da educação porque sabe que é lá onde nasce a consciência", disse.
Acompanharam o presidente os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; o ministro em exercício do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, secretário-executivo, Márcio Elias da Rosa; da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; das Relações Exteriores, Mauro Vieira; as ministras da Cultura, Margareth Menezes, e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; o embaixador brasileiro na França, Ricardo Neiva Tavares; o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. O embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, também participou do evento.
Da universidade, Lula seguirá para o museu Grand Palais na cidade de Paris. Ele visita a exposição “Nosso Barco Tambor Terra”, de Ernesto Neto, na companhia do presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-dama Brigitte Macron.
Ao meio-dia, participa da cerimônia de certificação do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). A certificação foi concedida na semana passada. Às 15h30, faz o discurso de encerramento do Fórum Empresarial Brasil - França, realizado pela Apex Brasil e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Em seguida, terá reunião com dois políticos franceses, o ex-parlamentar europeu Jean-Luc Mélenchon, às 16h30, e o ex-primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin, às 17h15.
Amanhã, Lula segue para Nice, onde terá compromissos oficiais, assim como em Lyon e Mônaco. O presidente retorna no dia 9 para o Brasil.
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.