Brasília, 25/06/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva refutou o argumento de que há competição de uso de commodities agrícolas para produção de biocombustível e produção de alimentos. "Muita gente dizia que se fôssemos fazer biodiesel ia faltar alimentos no mundo. O Brasil não precisa desmatar para crescer. Não tem possibilidade de alguém fazer discurso de que biocombustível compete com alimento", afirmou Lula, durante o evento 'Combustível do futuro chegou: E30 e B15', nesta quarta-feira, 25.
Na cerimônia, o governo federal anunciou a elevação do porcentual mínimo de adição do biodiesel ao óleo diesel para 15% e do etanol na gasolina tipo C para 30% a partir de 1º agosto. A medida foi deliberada em reunião extraordinária no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na manhã desta quarta-feira.
Liderança no Executivo
O presidente disse ainda que os ministros decidem apenas o que levam até ele, que é quem toma as decisões no Executivo. "No meu governo, ministro não decide o que faz, ministro decide o que vai apresentar para mim. Quem decide se vai fazer ou não sou eu, ouvindo muitas outras pessoas", afirmou o presidente.
A declaração de Lula ocorre no dia em que a Câmara dos Deputados deve votar o projeto de decreto legislativo (PDL) que derruba o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e foi alvo de recuos por parte do Executivo e de ataques por parte da oposição. Ao longo do discurso nesta quarta, Lula avaliou positivamente o trabalho de Haddad à frente da Fazenda.
O presidente também disse estar "cansado" de ver empresários reclamando de impostos, mesmo com a carga tributária sendo a menor desde 2021.
Ainda de acordo com o presidente, os empresários precisam deixar "interesses de lado" para pensar no equilíbrio econômico do País. Lula também questionou onde está o "espírito cristão" da classe empresarial, dos políticos e de dirigentes. "Onde está o espírito cristão desses empresários, desses dirigentes, desses políticos? Onde que está a nossa compreensão de fraternidade", afirmou o presidente, citando gastos globais com a indústria bélica.
De acordo com Lula, o debate público das medidas anunciadas pelo governo gira em torno de "interesses pequenos". O petista pediu que os agentes políticos pensem mais nas preferências do País. O presidente também afirmou que os empresários precisam "cuidar" do Brasil, e não ficar "jogando a responsabilidade" no Congresso ou no Planalto.
"A nossa carga tributária é menor que aquela em 2011, mesmo assim eu estou cansado de ouvir empresário falar da carga tributária. Só não fala de R$ 800 bilhões de dívidas fiscais de desoneração, mas fica olhando no dinheiro da educação para a gente cortar", afirmou Lula.