São Paulo, 05/06/2025 - O Ministério Público Federal (MPF) denunciou, nesta quarta-feira, 5, o mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. O anúncio veio da data em que o crime completa três anos – em 5 de junho de 2022, Bruno e Dom foram mortos em uma emboscada na região do Vale Javari, no extremo oeste do Amazonas.
Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como 'Colômbia', foi indiciado pela Polícia Federal (PF) como mandante dos crimes, em novembro do ano passado. Apesar do nome, Villar é peruano e, segundo as investigações, é suspeito de atuar no tráfico de drogas e chefiar uma quadrilha de pesca ilegal na região dos assassinatos, que faz fronteira com a Colômbia e o Peru. Junto a morte de Dom e Bruno, 'Colômbia' responde pelos processos de tráfico, pesca ilegal e uso de documento falso.
Além do mandante, outras nove pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público, desde o começo das investigações, em 2022. Amarildo da Costa Oliveira, o 'Pelado', Oseney da Costa de Oliveira, o 'Dos Santos' e Jefferson da Silvia Lima, o 'Pelado da Dinha' são apontados pelo MPF como executores dos homicídios e como responsáveis pela ocultação dos cadáveres. Jefferson e Amarildo estão presos preventivamente em regime fechado. Oseney cumpre prisão domiciliar.
A denúncia do MPF foi apresentada ao juízo da subseção judiciária federal de Tabatinga (AM) pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal, com auxílio do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri (GATJ).
Relembre o caso
Em 5 junho de 2022, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips desapareceram enquanto visitavam comunidades na Terra Indígena Vale do Javari, área com a maior concentração de povos isolados do mundo. As mortes só foram confirmadas em 15 de junho, quando os restos mortais foram encontrados, após um dos suspeitos confessar participação no
crime.
Os dois foram mortos a tiros no município de Atalaia do Norte (AM). De acordo com o MPF, a motivação dos assassinatos foi o posicionamento contrario da dupla aos interesses da pesca ilegal na região. Bruno, inclusive, promovia educação ambiental em comunidades indígenas.
Dom era inglês e vivia no Brasil desde 2007. Ele atuava como correspondente do jornal britânico The Guardian, com enfoque na cobertura da região amazônica e na preservação ambiental. Bruno nasceu em Recife e era concursado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Em 2019, foi exonerado da Coordenação de Indígenas Isolados, após se opor ao desmonte de políticas ambientais e liderar ações contra o garimpo ilegal. No momento do crime, Bruno acompanhava Dom, por conhecer bem a região.