Bloco dos Brics deve criar linha de garantia financeira para área sustentável

Wilson Dias/Agência Brasil

Tatiana Rosito disse que muitos projetos na área de transição climática envolvem novas tecnologias ou maiores riscos - Wilson Dias/Agência Brasil
Tatiana Rosito disse que muitos projetos na área de transição climática envolvem novas tecnologias ou maiores riscos

Por Célia Froufe, da Broadcast, e Claudio Marques

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Publicado em 04/07/2025, às 20h03

Rio, 04/07/2025 - A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, afirmou há pouco que os negociadores da área financeira do Brics chegaram a um consenso para o lançamento futuro de uma linha de garantia financeira com foco no desenvolvimento sustentável. Este é um dos temas que fazem parte da agenda do Brasil para o encontro dos países do bloco. 

De acordo com Rosito, também figuram na agenda tópicos como impactos da inteligência artificial para a estabilidade financeira mundial, a convergência entre os países do Sul Global para os debates da COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que será realizada no Brasil, em novembro, até a importância da ampliação do diálogo com a sociedade civil para o fortalecimento institucional do Brics.

“Buscamos, primeiro, construir convergências e, dentro dessa agenda, ter alguns mecanismos específicos”, disse a secretária, a respeito da garantia financeira para o desenvolvimento sustentável.  A declaração foi dada após reunião prévia para o encontro de ministros do grupo, marcado para amanhã, no Rio.

Incentivos

A ideia, de acordo com a embaixadora, é incentivar investimentos na agenda de transição climática, incluindo investimentos em infraestrutura resiliente, soluções baseadas na natureza e transição energética. “Este é um tema que vai continuar a ser discutido ao longo do segundo semestre”, disse.

“É um mecanismo para mitigar risco. Sabemos que muitos projetos na área de transição climática envolvem novas tecnologias ou maiores riscos e as garantias são uma forma de reduzi-las porque elas oferecem garantias”, explicou. O Banco Mundial, por exemplo, poderá ser uma instituição que cobriria certas garantias.

As garantias específicas a serem cobertas também estão sendo discutidas, de acordo com a embaixadora. Por exemplo: as de primeiras perdas, a referentes a riscos de crédito, a riscos políticos, a riscos de mercados, entre outras. “Tudo está no menu que está sendo discutido: exatamente o que será esse mecanismo, onde ficará ancorado”, disse. “Colocamos na trilha de finanças (do Brics) os temas climáticos como uma das prioridades, o que é uma coisa nova”, continuou.

A agenda, conforme Rosito, se concentrou muito em mecanismos de redução de risco cambial, por exemplo, como o Eco Invest. “Trocamos ideias, ouvimos outras experiências. A partir daí, pode haver a replicação.”

Governança global

Outro ponto "discutido de forma franca", de acordo com a secretária, é sobre como o grupo se posicionará em relação à governança global. Em especial, tratam-se de temas voltados às instituições financeiras multilaterais, que precisam, na avaliação do Brics, passar por reformas. O bloco pretende fazer discussões prévias para que o Sul Global tenha uma voz uníssona nesses debates.

“De forma geral, a ideia é a de alinhar posições do Brics sobre a reforma de cotas e governança. Essa área é uma área muito cara e o grupo quer ampliar sua voz e representação”, justificou.

A co-coordenadora da área financeira do Brics disse que o grupo também deve assinar neste semestre um memorando de cooperação aduaneira. “Isso vai continuar. Tem alguns temas que vão continuar no segundo semestre.” Para até o fim do ano também está prevista mais discussão sobre mecanismos de precificação de mercado de carbono.

Amanhã, haverá a divulgação de um documento sobre o consenso da área financeira ao final da reunião ministerial de finanças e presidentes de Bancos Centrais. O encontro ocorre no Rio e é realizado na véspera do encontro de cúpula do bloco.

Moedas locais 

À Agência gov,. a secretária também falou sobre o uso de moedas locais nas transações entre os países. O comércio em moeda local é algo que já vem ocorrendo. Por exemplo,  entre o Brasil e a China, já ocorre. Não há nenhuma barreira do ponto de vista brasileiro para que ocorra. Em geral, a utilização das moedas locais é mais dificultada por uma questão de custos.

Leia também: Dilma defende fortalecimento do financiamento de projetos em moeda local

É muito mais fácil você usar as principais moedas que têm mais liquidez no mercado. Então, é um objetivo do Brics ampliar a utilização de moedas locais naquilo que for reduzir custos e que for interessante para os países membros, que for positivo para importadores e exportadores.

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