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Por Beatriz Duranzi
[email protected]São Paulo, 22/06/2025 - No Brasil dos anos 2000, “rs” (abreviação de “risos”) dominava chats como MSN, Orkut, fóruns e até‑mesmo e‑mails corporativos. Era mais sutil que “kkk” ou “hahaha”, transmitindo educação e um riso contido. Repetido (“rsrsrs”), reforçava o humor de forma leve e universal, até soar antiquado com o passar do tempo.
A partir de 2010, cresceram os “kkk” (mais barulhentos), “hahaha” (influência do inglês) e emojis como o “Rosto com Lágrimas de Alegria”, (eleito Palavra do Ano pelo Oxford Dictionary em 2015 e o emoji mais usado mundialmente até 2022).
Hoje em dia, segundo a internet, o “rsrsrs” é raramente uma risada genuína. É mais usado para:
gente “rs” não é risada, é flerte ou deboche, blzzzz????
— Trouxinha (@euovitinn) December 2, 2018
só uso ''rs'' por três motivos, to de deboche, to na maldade ou to bolado.
— 👑 (@menorei22) April 11, 2019
Coleguinha marcando reunião as 17:30 de uma quinta-feira de carnaval. Ah mas eu vou ta muito nessa reunião, qnd questionei ainda veio de deboche dizendo: “quinta melhor do q sexta rsrs”
— Jolla (@serjollas) February 7, 2024
Recusei bem bonito pic.twitter.com/n7oskeyjFU
eu fico todo besta com romance, yamado ficou com ciumes de ver ele todo alegre dividindo as anotações com hara rsrsrs fofa pic.twitter.com/IouOHipDMw
— cine gusta (グスタ) (@cine_gusta) May 14, 2023
Quando usado, muitas vezes é para preencher silêncio, evitando pausas desconfortáveis, mas sem real entusiasmo.
O vocabulário online se renovou com expressões como:
Essa mudança evidencia a natureza dinâmica do “internetês”, uma escrita híbrida que adapta vocabulário, abreviações e emoticons ao contexto e a quem escreve. O “rsrsrs” migrou de riso sincero para marca de narrativa emocional, com tons irônicos e generacionais, mostrando como a linguagem online reflete cultura e relações entre gerações.
O “rsrsrs” não morreu, apenas evoluiu. Hoje, é mais um símbolo de humor contido, ironia ou diplomacia sem emoção, carregando traços de nostalgia e distinção geracional. Sua jornada revela como construímos e reinventamos formas de rir (ou fingir rir) na era digital.
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