Foto: Nobel Prize
Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 11/10/2025 - Não, o Brasil nunca conquistou um Prêmio Nobel. Apesar disso, o País já teve nomes de peso entre os indicados à maior honraria científica do planeta. Entre 1901 e 1971, oito brasileiros foram nomeados nas categorias de Física, Química e Medicina, segundo registros oficiais da Fundação Nobel.
As indicações ao prêmio só se tornam públicas 50 anos após sua realização, o que significa que os nomes submetidos nas últimas décadas ainda permanecem em sigilo. Assim, só em 2074 será possível saber quais brasileiros foram lembrados na edição de 2024.
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Apesar de nenhum dos indicados ter levado o prêmio, muitos tiveram papel decisivo em descobertas reconhecidas mundialmente e abriram caminho para o avanço da ciência no País.
Carlos Chagas
Um dos maiores nomes da história da medicina no Brasil, Carlos Chagas foi indicado duas vezes ao Nobel de Medicina (1913 e 1921).
Ele foi o responsável pela descoberta da doença de Chagas, identificando o agente causador, o vetor e os sintomas, algo inédito na época. Apesar da importância de sua descoberta, nunca foi laureado.
Adolpho Lutz
Referência em medicina tropical, Adolpho Lutz recebeu uma indicação ao Nobel em 1938. Ele foi pioneiro nas pesquisas sobre doenças infecciosas no Brasil, publicando estudos sobre febre tifóide, malária, difteria, esquistossomose e hanseníase.
Manoel de Abreu
Entre 1946 e 1953, o médico Manoel de Abreu foi indicado seis vezes ao Nobel de Medicina. Ele criou o método da abreugrafia, técnica de radiografia dos pulmões que facilitou o diagnóstico precoce da tuberculose e salvou milhares de vidas.
Antonio C. Fontes
Com uma indicação em 1934, o médico Antonio C. Fontes ganhou reconhecimento por suas pesquisas sobre tuberculose, doença que representava um dos maiores desafios de saúde pública do século XX.
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César Lattes
Um dos nomes mais importantes da ciência nacional, César Lattes recebeu sete indicações ao Nobel de Física entre 1949 e 1954.
O físico foi um dos descobridores dos mésons pi, partículas fundamentais para compreender a estrutura da matéria, pesquisa que rendeu o prêmio de 1950 a Cecil Powell, seu orientador no laboratório da Universidade de Bristol.
Em homenagem à sua trajetória, o sistema de currículos acadêmicos brasileiro leva seu nome: a Plataforma Lattes.
David Bohm
Natural dos Estados Unidos, David Bohm ganhou cidadania brasileira e lecionou no país, onde recebeu uma indicação ao Nobel de Física em 1958.
Ele é considerado um dos grandes nomes da física quântica, com contribuições para o entendimento da teoria do campo quântico e da filosofia da ciência.
Fritz Feigl
Nascido na Áustria e naturalizado brasileiro, Fritz Feigl foi indicado 11 vezes ao Nobel de Química entre 1955 e 1969.
Criador da Análise de Toque, método que revolucionou a identificação de substâncias químicas, Feigl teve grande impacto no desenvolvimento da química analítica moderna.
René Wurmser
De origem francesa, René Wurmser se tornou cidadão brasileiro e recebeu três indicações ao Nobel de Química entre 1942 e 1958. Seus estudos exploraram temas da biologia celular e molecular, além de pesquisas na área da botânica.
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Mesmo sem vencedores até hoje, o histórico de indicações mostra que o Brasil tem grandes nomes com impacto global na ciência e na medicina.
Muitos deles realizaram descobertas pioneiras em contextos desafiadores, com recursos limitados e em um país ainda em formação científica.
Os Prêmios Nobel de 2025 começaram a ser anunciados nesta semana, destacando as principais descobertas nas áreas de Medicina, Física, Química, Literatura, Paz e Economia. Além do prestígio, cada laureado recebe 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6 milhões) e o reconhecimento que atravessa gerações.
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