Brasileiro valoriza vida pessoal acima da carreira, revela pesquisa
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30/12/2025 | 08h37
São Paulo, 30/12/2025 - A ideia de sucesso na vida profissional passa por um momento de redefinição. A pesquisa Pilares de engajamento do Trabalhador, feita pela empresa global de benefícios Pluxee em parceria com o Instituto Ipsos, mostra que 57% dos brasileiros valorizam mais a vida pessoal que o trabalho -- um índice que contrasta com a visão tradicional de carreira.
Enquanto globalmente 19% dos profissionais colocam o emprego no centro de suas identidades, no Brasil esse número cai para apenas 12%.
O estudo ouviu 8.700 trabalhadores em dez paises (Bélgica, Brasil, França, Reino Unido, Índia, México, Romênia, Espanha, Turquia e Estados Unidos), sendo mais de 1.000 brasileiros. De acordo com a Pluxee, a pesquisa revela motivações e satisfação com nuances importantes: 63% trabalham principalmente para pagar as contas, mas 57% se sentem inspirados pelo ambiente e colegas, e 53% gostam do que fazem. Entre gestores brasileiros, 91% estão satisfeitos com seu papel.
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Os dados também mostram que, embora 85% dos entrevistados confiem em seu futuro e 77% mantenham um humor positivo, a fidelidade às corporações tem ressalvas: apesar de 88% afirmarem que gostam das empresas onde atuam, apenas 29% pretendem permanecer nelas no longo prazo por interesse próprio.
Os brasileiros esperam que as empresas garantam o essencial: 60% desejam condições de trabalho justas e 37% esperam ações concretas de cuidado com o meio ambiente.
Segundo a Pluxee, o levantamento propõe uma nova leitura da relação do trabalhador com a vida profissional, respeitando fases da vida, limites e prioridades pessoais.
"Quando falamos de engajamento, estamos falando de pessoas que vivem ciclos. Cresce a busca por uma relação integrada, em que o profissional não anula o pessoal", afirma Fabiana Galetol, diretora executiva de Pessoas da Pluxee no Brasil.
Perfis diferenciados
O estudo identificou oito perfis distintos de trabalhadores no País. O grupo predominante é o dos Guardiões do Propósito (23%), que valorizam causas sociais e vida pessoal, seguidos pelos Forasteiros (18%), que enxergam o trabalho puramente como sustento. No extremo oposto, os chamados Workaholics representam apenas 10% da força de trabalho, sinalizando o declínio da cultura do excesso de trabalho. São eles:
Guardiões do Propósito (23%): valorizam vida pessoal e causas sociais, mas com pouco engajamento prático.
Forasteiros (18%): priorizam vida pessoal, não se envolvem em iniciativas comunitárias e veem o trabalho apenas como sustento.
Normativistas (17%): equilibram vida pessoal e profissional, participando ativamente de iniciativas comunitárias.
Funcionais (11%): focam na vida pessoal e veem o trabalho positivamente, mas com baixo engajamento comunitário.
Workaholics (10%): dedicam-se quase exclusivamente ao trabalho, com mínima vida pessoal e comunitária.
Envolvidos (9%): equilibram trabalho, vida pessoal e ações comunitárias.
Totalmente Engajados (7%): priorizam o trabalho, mas mantêm equilíbrio com vida pessoal e engajamento comunitário.
Coletivistas (5%): priorizam vida pessoal e engajamento social acima de resultados profissionais imediatos.
Qualidade de vida
Ao se abordar o tema qualidade de vida, 56% destacam a conexão com outras pessoas (família, amigos e colegas) como o principal elemento. No Brasil, essa dimensão social é ainda mais valorizada do que em outros países, sendo essencial para 62% dos brasileiros.
O segundo fator mais citado para uma maior qualidade de vida é o tempo dedicado a si mesmos (42%). Entre os brasileiros, as três principais áreas de envolvimento são atividades sociais, religião e esportes. A religião, em particular, desempenha um papel central no cotidiano do país, com engajamento de 40%, acima dos 29% observados em outros países emergentes.
“Os dados reforçam que não existe um único modelo de engajamento ou de equilíbrio profissional", afirma Galetol.
Durante muito tempo, por exemplo, ser workaholic era visto como sinônimo de sucesso. Hoje, no entanto, com a crescente atenção à saúde mental, esse comportamento passou a estar associado à exaustão e à queda de produtividade. Em outras palavras, o trabalho no Brasil e no mundo mudou e, com ele, nossa forma de viver e de nos relacionar com nossas carreiras também.”
Percepções e prioridades do trabalhador
Sentimento e Futuro: 85% têm confiança no futuro; 77% mantêm humor positivo. Otimismo é mais acentuado em profissionais com mais de 45 anos.
Prioridades de Vida: 57% priorizam a vida pessoal; apenas 12% veem o trabalho como centro da vida. A tendência "Minha Vida" é predominante no Brasil.
Motivação Financeira: 63% trabalham focados no pagamento de contas. Índice superior à média de países emergentes (51%).
Fatores de Engajamento: Reconhecimento (44%) e Cuidado (43%). O engajamento depende de sinais concretos da empresa.
Autonomia: 41% valorizam o empoderamento no cargo. Valorização acima da média de países emergentes (35%).
Relações Sociais: 62% priorizam aceitação social e "ser funcional".Valorização superior à média de outros países (57%).
Envolvimento Extra-Trabalho: Atividades sociais, Religião (40%) e Esportes. O engajamento religioso no Brasil supera a média global (29%).
Perfil de Destaque: 23% são "Guardiões do Propósito". Trabalhador que busca impacto social mesmo sem apoio da empresa.
Desengajamento: Afeta apenas 15% a 20% dos trabalhadores. Apesar das prioridades, a maioria não está desengajada.
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