Montagem / Divulgação
Publicado em 01/05/2025, às 08h22
Longe da vida de influencer de plataformas como Instagram e TikTok, muitos profissionais encontraram no LinkedIn a rede social ideal para divulgar seus projetos e alcançar novos patamares na carreira. Surgida em 2003, a rede por anos foi conhecida apenas como um site para criar e trocar currículos virtuais. Aos poucos, contudo, caiu no gosto do público como um espaço de troca sobre experiências de vida e de trabalho.
Mas, assim como em qualquer rede social, ganhar destaque no LinkedIn exige dedicação. Desde 2016, a plataforma reconhece publicamente alguns perfis de maior influência e confere a eles o título de Top Voice, que atesta a relevância de seu conteúdo. A empresa não divulga oficialmente os dados de Top Voices no Brasil, mas uma busca na plataforma identificou cerca de 800 perfis que usam o título. Em 2024, a rede atingiu 75 milhões de usuários brasileiros.
Segundo a empresa, “o LinkedIn Top Voices é um grupo seleto de especialistas globais, líderes, agentes de mudança, figuras públicas e inovadores que demonstram consistentemente experiência e liderança, educando, inspirando e informando a comunidade”. O selo azul é ofertado após processos de seleção realizados duas vezes por ano e contempla perfis novos e emergentes.
Após o convite, o usuário permanece como Top Voice por ao menos seis meses e pode ter o selo renovado, desde que continue atendendo aos critérios: presença consistente na plataforma, qualidade e originalidade dos conteúdos, proeminência no setor em que atua, especialização nos temas que aborda e respeito às políticas de uso. O reconhecimento não envolve prêmios ou pagamentos - é tudo realizado gratuitamente. Ainda assim, para muitos selecionados, o título abriu novas oportunidades profissionais.
Para a economista e Top Voice Dirlene Silva, a autenticidade é o principal diferencial para se destacar no meio digital. “Cada pessoa entrou no LinkedIn e começou a se destacar de maneiras diferentes. E cada um tem um objetivo próprio”, afirma. O segredo, segundo ela, está em produzir conteúdo de valor, com consistência e veracidade.
Sua trajetória começou de forma espontânea durante a pandemia de 2020, quando aos 45 anos foi demitida pela primeira vez. “O baque veio forte”, comenta. Sem saber, iniciava uma estratégia de marketing pessoal que meses depois lhe renderia o reconhecimento.
A partir daí, passou a compartilhar suas experiências e reflexões de forma regular. O engajamento e o impacto dos conteúdos chamaram a atenção da equipe da plataforma, que concedeu o selo ainda naquele ano. “Não foi algo estratégico. Eu escrevia, fazia lives, e aí o LinkedIn me mandou um e-mail dizendo que eu era Top Voice”, lembra.
Ela se recorda de quando o reconhecimento era mais público: “Tinha troféu, saía lista de nomes, matéria em revista. Era bem bafônico. Hoje em dia, os Top Voices recebem só um selinho azul.” Mesmo assim, o selo continua sendo uma validação importante. “Mudou bastante a forma como é percebido, mas ainda abre portas.”
Com mais de 87 mil seguidores, Silva passou a receber convites para palestras, eventos e colaborações com empresas. Para ela, o diferencial está na humanização do conteúdo. “As pessoas querem ver gente de verdade. O que engaja é a vivência, a experiência”, defende.
Um de seus textos mais marcantes, o artigo “Do lixo a Paris”, sobre sua trajetória como filha de uma gari, viralizou na rede e, no mesmo dia, ela foi nomeada Top Voice. “O LinkedIn me deu visibilidade. Visibilidade gera oportunidades. Oportunidades geram trabalho.” Dentre os convites, Silva palestrou no Gramado Summit em 2021 e o vídeo até hoje é um dos mais vistos do evento.
“Antes eu era consumidora de conteúdo. Depois do LinkedIn, virei criadora”.
A transição, porém, não foi fácil. Mulher, negra, com mais de 40 anos e mãe, Silva enfrentou diversas barreiras. Inspirada pela mãe analfabeta que sempre dizia “o não a gente já tem”, ela encarou os desafios com coragem. “Coragem não é ausência de medo. É a capacidade de enfrentá-lo”, afirma. E com essa filosofia, ela redefiniu sua carreira e a forma de falar sobre economia. “Meu objetivo na rede é desmistificar o 'economês'. Mostrar que economia está no nosso dia a dia e que a educação é o melhor investimento", completa.
Neivia Justa entrou no LinkedIn em 2010, quando a rede ainda era vista como um simples currículo online. Na época, a jornalista cearense voltava ao mercado corporativo após um período empreendendo e cuidando das filhas. Hoje, aos 55 e com quase 94 mil seguidores, é Top Voice, colunista, mentora e criadora do movimento #OndeEstãoAsMulheres.
A virada aconteceu em 2015, ao perceber que era a única mulher na diretoria de uma empresa centenária. Publicou uma foto do momento com a hashtag que viria a se tornar sua marca. “Nunca tinha me dado conta de que era parte de um grupo sub-representado. Quando ganhei consciência, prometi: agora faço tudo o que estiver ao meu alcance.”
Começou a postar fotos de reuniões com apenas homens e, depois, passou a destacar também mulheres em cargos de liderança. “Uma imagem vale mais do que mil palavras. E o incômodo causava reação”, lembra. A reação veio em forma de críticas - e reconhecimento. Em 2018, foi convidada pelo LinkedIn para ser uma das primeiras mulheres Top Voices brasileiras.
Desde então, inovou na plataforma: foi a primeira a testar newsletters e lives, e criou o programa “Líder com E de Empatia”, com mais de 380 edições.
“Nunca terceirizei meu conteúdo. Tenho zelo pelo meu tom autoral”.
Mais do que visibilidade, ela diz que a rede a ajudou a conquistar reputação. “Recebi convites para palestrar fora do Brasil por causa da minha atuação na rede, por exemplo.” E reforça: “Não produzo para viralizar. Produzo porque quero compartilhar algo relevante.”
Com mais de 423 mil seguidores e experiência em 14 países, o especialista André Santos - também Top Voice - compartilha um passo a passo direto para quem quer usar o LinkedIn de forma estratégica.
Sua virada veio após um burnout, em 2016. “Falei: não vou voltar para o mundo corporativo. Vou retomar minha carreira de empreendedor”, lembra. A partir daí, passou a investir em mentoria e conteúdo digital, especialmente na rede profissional.
O primeiro passo, segundo ele, é construir um perfil que comunique sua marca pessoal de forma clara e rápida. “Ninguém tem paciência para ler com profundidade. Em 10 ou 15 segundos, a pessoa precisa entender quem você é.”
Ele recomenda atenção à foto, imagem de capa, título e descrição. Depois, vem a construção de uma rede relevante. “Primeiro ofereça, depois peça. Não aborde alguém já pedindo emprego ou vendendo. Comece uma conversa, crie confiança.”
Sobre o conteúdo, ele reforça que não é preciso escrever todos os dias e destaca que profissionais 50+ têm histórias ricas para compartilhar. “Eles viveram sucessos, perrengues, superações. Isso conecta.”
“O LinkedIn pode servir para atrair oportunidades, mudar de carreira, oferecer mentoria ou ganhar autoridade em um nicho - mas o perfil precisa refletir isso.”
Construir uma presença relevante no LinkedIn não é privilégio de jovens da tecnologia ou influenciadores digitais. Cada vez mais profissionais maduros estão usando a rede para se reposicionar no mercado, compartilhar conhecimento e se tornar referência em suas áreas. Baseado nas entrevistas, reunimos recomendações práticas de três Top Voices que trilharam caminhos diferentes, mas chegaram ao mesmo lugar: a autoridade digital com propósito. Confira:
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