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São Paulo, 06/06/2025 - Seja no trabalho ou dentro de casa, o combate ao etarismo começa pelo vocabulário. No mundo corporativo, há iniciativas recentes de grandes empresas para adotar programas educacionais que instruem os funcionários e a sociedade a aplicarem uma linguagem sem discriminações ou preconceito relativo a idade. Seja qual for o tamanho da empresa e dentro de qualquer ambiente de trabalho ou estudo, é preciso substituir expressões e palavras carregadas de estereótipos sobre a velhice.
O guia da Associação Brasileira de Anunciantes (Aba), publicado em 2021, contém um glossário com expressões desatualizadas e substituições possíveis. A recomendação é trocar, por exemplo, a frase "você nem aparenta a idade que tem" por "você está ótima com essa idade". Ou então, "me esqueci de novo, devo estar ficando velha" por "me esqueci de novo, devo estar cansada".
Em 2023, o Governo Federal traduziu e adaptou para o português o guia argentino de "comunicação responsável sobre a pessoa idosa". Além de conceituar o que é o etarismo, o material aponta algumas mudanças no vocabulário, como deixar de usar termos como "terceira idade", "melhor idade" e outros sinônimos, preferindo usar "pessoa idosa" ou "pessoa mais velha".
Outras expressões evitáveis foram listadas pelo Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo, do Longevida, atualizado em 2022. O artigo é completo e condena palavras e 'jargões' populares como "caduco", "conservada", "coroa", "do tempo da onça", "dino/dinossauro".
O documento também evidencia frases que podem parecer inofensivas, como dizer: "quero chegar assim, como a senhora, na sua idade!", mas que contém preconceito velado. Nesse exemplo, o elogio vem acompanhado de uma percepção que a aparência física da pessoa mais madura não corresponde à idade que ela tem.
A Academia Brasileira de Letras define "etarismo" ou "idadismo" como a discriminação e preconceito baseados na idade, geralmente das gerações mais novas em relação às mais velhas. O impacto desses estereótipos podem refletir na saúde física e mental da pessoa idosa.
Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) montou um relatório para falar sobre as consequências mundiais do etarismo.
"O idadismo está associado a uma menor expectativa de vida, pior saúde física e mental, recuperação mais lenta de incapacidade e declínio cognitivo. Além de piorar a qualidade de vida das pessoas idosas, aumenta seu isolamento social e sua solidão", destaca o documento.
Sempre é bom lembrar que a pirâmide etária no Brasil está se invertendo. Segundo o IBGE, de 2000 a 2023, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais quase duplicou no País, subindo de 8,7% para 15,6%. Em 2070, a OMS estima que 37,8% dos brasileiros serão idosos, uma parcela que será responsável, em boa parte, pela dinâmica econômica, política e social. É urgente incluir, e não excluir.
Há estereótipos como associar que uma pessoa mais velha não tem uma vida sexual ativa ou que possui dificuldades tecnológicas e de aprendizado. Nunca é tarde para aprender algo novo, criar vínculos, se relacionar com os outros, começar um novo trabalho ou uma nova carreira.
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