Foto: Envato Elements
Por Joyce Canele
[email protected]Os anos 70 foram revolucionários para a música, e foi nesse período que o rock se transformou em símbolo cultural, com capas de discos que ultrapassaram o universo musical e entraram para a história da arte. Algumas dessas imagens se tornaram tão marcantes quanto as próprias canções.
Mais do que ilustrações, elas transmitiam ideias, posicionamentos e identidades sonoras, revelando muito sobre os artistas e o contexto em que estavam inseridos. Confira a seguir 10 capas de discos de rock dos anos 70 que marcaram a história da música:
Entre as capas que mais impressionaram está a do disco de estreia do Black Sabbath. A foto foi feita no Mapledurham Watermill, na Inglaterra, com a modelo Louisa Livingstone diante de um cenário sombrio que traduzia a atmosfera do som da banda.
Já o Pink Floyd apostou no minimalismo com o icônico prisma de "The Dark Side of the Moon", imagem que se tornou uma das mais reconhecíveis da cultura pop mundial.
Outra arte que virou referência é a capa de “London Calling”, do The Clash. A imagem mostra o baixista Paul Simonon quebrando seu instrumento durante uma apresentação em Nova York. A força visual do registro de Pennie Smith foi tamanha que a foto foi eleita, anos depois, como uma das melhores imagens do rock de todos os tempos. A tipografia usada, por sua vez, homenageava o álbum de estreia de Elvis Presley, em uma fusão entre rebeldia e reverência às raízes do rock.
Em contraste com essas imagens explosivas, Janis Joplin apareceu de maneira intimista em “Pearl”. Na foto, a cantora surge relaxada em um sofá vitoriano, com um sorriso largo e uma bebida na mão. O retrato, tirado pouco antes de sua morte, virou símbolo de sua autenticidade e carisma.
Já Marvin Gaye trouxe uma abordagem mais reflexiva com a capa de "What’s Going On", em que aparece sob a chuva, com olhar distante e expressão pensativa, uma introdução visual perfeita para as letras profundas e críticas sociais do álbum.
Falando em impacto visual e sonoro, o disco “Bitches Brew” de Miles Davis também se destacou. Com uma pintura surrealista assinada por Mati Klarwein, a capa mescla elementos naturais, espirituais e simbólicos, em perfeita sintonia com a fusão de jazz e rock que o trompetista explorava naquele trabalho revolucionário.
Os Ramones chegaram chutando a porta com a capa do álbum de estreia. A fotografia simples, feita contra uma parede de tijolos, mostrava os integrantes em postura despretensiosa, vestindo jaquetas de couro e jeans surrados. A imagem se tornou sinônimo de punk rock e influenciou não só a estética da banda, mas de todo um movimento cultural.
O Led Zeppelin também deixou sua marca com “Led Zeppelin IV”. A capa sem título traz um homem idoso carregando feixes de madeira nas costas. A imagem, descoberta por Jimmy Page em uma loja de antiguidades, foi posteriormente identificada como sendo uma fotografia do trabalhador vitoriano Lot Long, criando um elo entre passado, tradição e crítica ambiental.
Outro exemplo emblemático é a capa do disco “Unknown Pleasures” do Joy Division. Ao invés de usar imagens da banda ou seu nome, a arte traz um gráfico de pulsares captados por sinais de rádio. A escolha inusitada, minimalista e enigmática transformou-se em um dos grandes ícones visuais da música alternativa.
Para completar essa lista memorável, temos “Sticky Fingers” dos Rolling Stones. Com uma fotografia ousada de um homem de jeans apertado, a capa ainda trazia um zíper real que, ao ser aberto, revelava uma nova imagem interna. Criada sob a direção criativa de Andy Warhol e com design de John Pasche, essa proposta inovadora causou polêmica e encantamento na mesma medida, consolidando mais um capítulo importante da cultura visual nos discos de vinil.
Essas capas não apenas traduziram musicalmente a alma dos anos 70, como definiram novos parâmetros estéticos. Simples ou elaboradas, diretas ou simbólicas, essas imagens se eternizaram tanto quanto as faixas que ilustram, provando que o poder do visual anda lado a lado com o som.
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