Foto: Envato Elements
Por Gabrielly Bento
[email protected]Comemorado anualmente em 19 de abril, o Dia dos Povos Indígenas é muito mais do que uma simples homenagem às culturas originárias do Brasil. A data se tornou um marco de resistência e um chamado à conscientização da sociedade sobre a valorização das tradições indígenas e a necessidade de respeitar os direitos dessas populações.
Criada em 1943, durante o período do Estado Novo, a celebração teve como grande incentivador o Marechal Cândido Rondon, figura histórica na defesa das causas indígenas. A proposta surgiu a partir do Congresso Indigenista Interamericano, realizado três anos antes no México, que sugeriu a criação de uma data comum entre os países das Américas para reconhecer os povos originários.
A escolha do dia 19 de abril remete ao início da participação dos representantes indígenas no evento internacional, simbolizando o protagonismo desses povos na luta por reconhecimento e dignidade.
Durante décadas, a data era conhecida como “Dia do Índio”, mas, em 2022, após a aprovação de um projeto de lei no Congresso Nacional, o nome foi alterado oficialmente para “Dia dos Povos Indígenas”. A mudança foi uma demanda das próprias comunidades indígenas, que consideravam o termo “índio” pejorativo e redutor, muitas vezes associado a estereótipos negativos.
O novo nome, por sua vez, valoriza a pluralidade e reconhece os mais de 300 povos distintos presentes no território brasileiro.
Mais do que uma celebração, o 19 de abril representa um momento de reflexão. Para muitas lideranças indígenas, a data deve servir como um lembrete da dívida histórica do Brasil com seus primeiros habitantes. Segundo o Censo de 2010, quase 900 mil indígenas vivem no país, enfrentando desafios como a violação de direitos, invasão de terras, discriminação e desassistência estatal.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) é o principal órgão responsável pela promoção e proteção dos direitos desses povos, mas especialistas e ativistas apontam que ainda há muito a ser feito, especialmente no que se refere à demarcação de terras — uma garantia prevista na Constituição Federal, mas que vem sofrendo retrocessos nos últimos anos.
Assim, o Dia dos Povos Indígenas continua a ser um importante instrumento para manter viva a memória, fortalecer as identidades culturais e pressionar por políticas públicas efetivas que assegurem a dignidade e o respeito aos povos originários do Brasil.
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