Foto: Reprodução Instagram
Por Fabiana Holtz
redacao@viva.com.brSão Paulo, 04/08/2025 - O escritor Valter Hugo Mãe participa hoje na capital paulista do lançamento do livro ‘Educação da Tristeza’. O evento será na Livraria Martins Fontes da Paulista (Av. Paulista, 509) e o bate-papo, que será acompanhado de sessão de autógrafos começa às 19h. Senhas para participar do evento serão distribuídas a partir das 17h30 – mediante a compra do livro.
No livro, o escritor trata com delicadeza do tema luto e como lidar com a tristeza advinda da perda de pessoas próximas. De forma sincera, ele convida através de reflexões e perguntas profundas a repensar esse sentimento, de forma a seguir em frente mesmo diante da dor.
De volta a Flip depois de 14 anos, Mãe esteve em Paraty (RJ) na sexta-feira. Em conversa com o jornalista Valter Porto, o escritor falou sobre o lançamento do filme “O filho de mil homens”, adaptação cinematográfica de seu livro, produzida pela Netflix. Dirigido por Daniel Rezende, o filme tem Rodrigo Santoro como protagonista.
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No livro, inspirado pela perda precoce do sobrinho, o escritor trata com delicadeza do amor paterno, ao narrar a história do encontro entre Crisóstomo, um pescador solitário, e Camilo, um jovem órfão.
De forma muito franca e sensível, o autor, nascido em Angola e criado em Portugal, falou durante a Flip sobre como tem lidado com duas grandes perdas recentes que vivenciou: a de sua amiga Isabel Lhano, artista plástica portuguesa, e do sobrinho Eduardo, que faleceu de câncer antes de completar 17 anos.
Ao comentar sobre suas perdas, o escritor afirmou estar vivendo um momento muito louco de sua vida, “Estou catando maravilhas. Não estou interessado em transformar o meu patrimônio, a minha memória, o meu passado em uma coisa triste. A minha memória, os meus mortos sempre vão representar muita felicidade na minha vida”, afirmou.
O escritor também tratou de forma muito divertida e carinhosa sobre sua relação próxima com o Brasil, os cuidados com a mãe e a dissolução da lógica patriarcal, que está sempre presente em sua obra. “Família é muito isso. Você navega nos cargos que ocupa. Um dia você está na presidência, no outro você está responsável pela limpeza”, disse. “Quem não casa, deixa de ter irmãos, tem patrões”, afirmou, arrancando risos da plateia.
Segundo o escritor, seu sobrinho Eduardo soube desde o primeiro dia do diagnóstico que ele estava condenado. Demonstrando maturidade, ele foi o único em toda a família que não entrou em pânico, pontua Hugo Mãe. “Ele dizia acreditar que as pessoas perdem tempo com coisas que são muito burras”, conta.
Ao falar sobre a resignação de Eduardo, o escritor se emociona com a clareza e tranquilidade com que o rapaz encarava a sua condição. “Ele dizia: se não acontecer comigo, vai acontecer com outra pessoa. Não é uma questão de justiça. É o acaso”, contou.
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