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Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brDurante a pandemia, muitos brasileiros enfrentaram incertezas financeiras com o aumento do desemprego e da inflação. Ao mesmo tempo, a convivência familiar ficou mais intensa. Nesse cenário, o dinheiro deixou de ser um problema individual e passou a ser uma conversa urgente entre todos da casa.
Apesar disso, em muitos lares, o tema ainda é evitado, como se falar de contas, salários ou dívidas fosse motivo de vergonha ou conflito. Mas essa realidade começa a mudar: segundo levantamento do SPC Brasil e da CNDL, em parceria com o Banco Central, 85% dos brasileiros já falam sobre finanças no ambiente familiar, um sinal de que o tabu está sendo quebrado.
Para a especialista Thaíne Clemente, Executiva de Estratégias e Operações da fintech Simplic, a conversa sobre dinheiro dentro de casa é essencial para gerar confiança, organização e planejamento para todos os membros da família. “É em casa que se formam os valores, inclusive os financeiros”, destaca.
A seguir, Thaíne Clemente elenca quatro dicas práticas para trazer o tema para dentro de casa de forma leve, saudável e construtiva:
A transparência entre casais ou familiares que dividem a mesma casa é essencial. Conversar sobre os rendimentos de cada um permite que os gastos sejam distribuídos de forma justa e evita que uma das partes acumule dívidas sem que a outra saiba.
“Falar sobre salários é um ato de confiança. Tira o peso da cobrança e permite decisões mais equilibradas sobre como usar o dinheiro da casa”, explica a profissional.
Mesmo que cada pessoa tenha suas despesas pessoais, é importante manter uma visão clara e conjunta das contas mensais. Compartilhar informações como faturas, parcelas ou vencimentos evita surpresas e abre espaço para apoio mútuo, principalmente em momentos de aperto.
“Às vezes, quem está endividado não precisa de ajuda financeira, mas sim de escuta e orientação”, afirma a especialista.
Falar sobre dinheiro com crianças e adolescentes não significa mostrar números exatos, mas sim ensinar responsabilidade, prioridade e planejamento.
“Ensinar a guardar a mesada, escolher entre dois brinquedos ou recusar um pedido fora do orçamento são atitudes que formam adultos mais conscientes financeiramente”, diz Thaíne Clemente.
Também vale apostar em ferramentas educativas como jogos, desenhos e filmes que tratem de finanças de forma lúdica. E quando for necessário dizer “não”, explique o motivo com empatia, mostrando que limites fazem parte do cuidado.
Viajar, comprar um bem ou reformar a casa: ter objetivos financeiros em família une e motiva. Compartilhar sonhos permite que todos contribuam com pequenas economias, participem das decisões e aprendam a fazer escolhas que respeitem as prioridades.
“Fazer planos juntos transforma o dinheiro em ferramenta de realização, e não em motivo de conflito”, reforça Clemente.
Para quebrar o tabu, é preciso mudar a ideia de que falar de dinheiro gera desconforto. Ao contrário: quando o tema é tratado com abertura e respeito, ele fortalece vínculos, evita surpresas e torna o ambiente mais justo e colaborativo.
E mesmo em momentos difíceis, como dívidas ou imprevistos, é possível encontrar soluções mais eficazes quando todos estão cientes e envolvidos nas decisões sobre as finanças da casa.
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