BETS inflacionam o futebol e tiram outras marcas do campo de patrocínios

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bets no futebol

Por Eliane Sobral e Gabriel Baldocchi, do Broadcast

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Publicado em 23/05/2025, às 13h18

São Paulo, 23/05/2025 - Um tradicional grupo fabricante brasileiro de bens de consumo se deparou com um empecilho ao procurar uma camisa na elite do futebol nacional para estampar sua marca: está cada vez mais difícil, ou melhor, cada vez mais caro patrocinar o esporte. E a "culpa" é das casas de apostas online que invadiram este espaço.

Invadir neste caso, não é figura de linguagem. Dos 20 clubes da Série A do Brasileirão, apenas dois - Redbull Bragantino e Mirassol - não estampam uma bet como patrocinadora master - aquela que aparece bem no peito do jogador, abaixo ou ao lado do distintivo do time.

A empresa interessada no patrocínio vive um momento positivo e se ressente da dificuldade de atrelar sua marca em clubes do primeiro escalão, como já fez no passado. Isso, fora uma preocupação adicional, de que os gastos dos brasileiros com bets, na casa dos bilhões, impactam a capacidade de consumidores comprarem os bens vendidos pela fabricante.

Inflação das bets

Para se ter uma ideia da 'inflação das bets', basta lembrar que a Sportingbet fechou contrato com o Palmeiras por R$ 170 milhões anuais - quando a antiga patrocinadora pagava estimados R$ 80 milhões. Quando rompeu o contrato com a Vai de Bet, no ano passado, o Corinthians foi ao mercado pedindo três vezes mais do que pagava a antiga parceira - valor estimado em R$ 30 milhões, segundo uma fonte deste mercado, que tinha interesse em ocupar o espaço. O Timão acabou fechando com a Sport da Sorte por estimados R$ 60 milhões.

Lançar mão de camisas de clube para se destacar no meio da multidão de concorrentes não é exatamente uma novidade. Samsung e LG estamparam seus logos na camisa do Corinthians e do São Paulo, respectivamente, quando aportaram no Brasil e não passavam de coreanas desconhecias. Ficaram várias temporadas e hoje todo mundo sabe quem são. Nem mesmo a Coca-Cola e sua eterna rival Pepsi abriram mão da superexposição futebolística.

E essa exposição tende a aumentar, uma vez que a Globo perdeu o monopólio do futebol brasileiro e a partir deste ano tem concorrentes como Record, Amazon, Paramont, YouTube, Cazé TV entre outros. E esse movimento inflaciona ainda mais o espaço nos uniformes dos times.

A tendência de alta também se justifica pela profusão de marcas de casas de apostas no mercado. Nada menos que 80 companhias, entre nacionais e internacionais, pagaram R$ 30 milhões para operar legalmente no Brasil. E, entre várias dessas empresas, há mais de um nome fantasia, as chamadas bet.com.

O executivo do setor, que prefere não ser identificado, acredita que dentro de alguns anos, entre dois e três no máximo - esses valores caiam. É quando, acredita ele, o setor estará consolidado e as marcas resultantes dessa consolidação já estarão suficientemente conhecidas.

Palavras-chave bet futebol patrocínio

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