São Paulo, 19/11/2025 - O preço do bitcoin acumula uma desvalorização de 18,95% nos últimos três meses. Ontem, chegou a ser negociado na mínima de US$ 89.300,46. Com essa queda, como ficam os investimentos em cripto?
Especialistas e analistas explicam como esse movimento pode impactar o investidor e quais são as oportunidades neste momento.
Por que o bitcoin está em queda?
O gerente regional para América Latina na B2BINPAY, Yoandris Rives Rodríguez, entende que dentre os motivos da recente queda no valor do bitcoin estão três fatores. O primeiro: na medida em que o bitcoin subiu para a faixa de US$ 125 mil a US$ 127 mil,
muitos investidores começaram a realizar lucros, especialmente aqueles que haviam assumido posições altamente alavancadas.
O segundo motivo são as recentes saídas dos Fundos de Índices (ETFs, sigla em inglês) de bitcoin à vista, que retiraram mais de US$ 2,3 bilhões do mercado em poucas semanas, adicionando ainda mais pressão para a redução nos preços.
Em terceiro lugar, está o fim do shutdown do governo dos Estados Unidos, ou seja, o período crítico da paralisação dos serviços públicos e de agências por falta de orçamento federal. Segundo Rodríguez, os investidores estão mais cautelosos com ativos de risco.
A analista de criptoativos do Bitybank, Sarah Uska, traz um outro motivo para a recente queda no preço do criptoativo: o recuo nas ações das empresas de tecnologia, as Big Techs. A analista explica que, quando essas empresas começam a cair, os investidores tendem a ter uma aversão maior ao risco e com isso o “bitcoin sofre”.
E como está o investidor local?
Segundo a analista técnica e trader parceira da Ripio, Ana de Mattos, o investidor brasileiro está adotando uma postura mais conservadora no curto prazo como reflexo deste momento de desvalorização do criptoativo. Mattos também reforça que uma parcela do público pode enxergar esse movimento de baixa como uma oportunidade de acumular mais bitcoins em seu portfólio.
Rodríguez explica que quando o bitcoin cai, a atividade do varejo costuma desacelerar - ou seja, as compras de bitcoin nas corretoras diminuem, mas os investidores institucionais e de alta renda começam a planejar seus próximos movimentos.
O líder de Finanças da NovaDAX, Guilherme Fais, comenta que esse momento de baixa é uma oportunidade para o investidor fazer novas compras de bitcoin e reduzir o seu preço médio do ativo.
E as outras criptomoedas?
Outras criptomoedas também estão sofrendo. Para o líder da área de research do Mercado Bitcoin, Rony Szuster, as altcoins - qualquer criptomoeda que não seja o bitcoin - operam em linha com o bitcoin e que a maioria das altcoins, como ethereum e a solana, também estão recuando. O que, na visão de Szuster, sugere que a correção do bitcoin está sendo o principal motor da queda, e não uma fraqueza relativa isolada das altcoins.
Em um levantamento, Mattos explica que alguns nichos tiveram um bom desempenho, especialmente as criptomoedas do setor de privacidade. "Zcash subiu 789% no ano e chegou a valorizar até em dias de queda do mercado. A dash (264%) e monero (58%) também tiveram desempenho relativo", afirma.
Qual é o futuro do bitcoin?
Quando o assunto é o futuro do bitcoin, todos os especialistas consultados pela reportagem são otimistas no médio e longo prazo e acreditam que seu valor irá se valorizar ao longo do tempo. Contudo, nenhum deles se compromete ou se arrisca a prever qual será seu valor no curto prazo.
O líder de Finanças da NovaDAX explica que uma forma de entender o mercado e conseguir fazer análises, planejar ou projetar um futuro para o bitcoin é acompanhando os gráficos e o histórico do criptoativo.
A analista parceira da Ripio comenta que, em um cenário mais conservador, com juros altos por mais tempo e pouco fluxo para ETFs, o bitcoin pode permanecer lateralizado (com cotações estáveis) por vários meses. Já em um cenário base, com melhora gradual do cenário macro, cortes de juros mais claros e novos fluxos em ETFs, a volta às máximas tende a ocorrer no médio prazo.
No cenário mais otimista, que traz uma combinação de maior liquidez, política monetária mais estimulativa e adoção institucional acelerada, é possível ver o BTC recuperando e superando as máximas em um horizonte mais curto.
“Ainda assim, tudo isso é projeção. Não há qualquer garantia de que esses cenários vão se concretizar”, diz Mattos.