Brasileiros realizam lucros com alta do bitcoin e migram para renda fixa e stablecoins

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A moeda digital chegou a atingir US$ 123,2 mil no seu pico e está circulando próximo dos US$ 120 mil - Envato
A moeda digital chegou a atingir US$ 123,2 mil no seu pico e está circulando próximo dos US$ 120 mil

Por Jean Mendes, da Broadcast

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Publicado em 20/07/2025, às 10h45 - Atualizado às 10h46
São Paulo, 20/07/2025 - A alta recorde do bitcoin nesta semana movimentou o mercado e surpreendeu quem acha que o investidor brasileiro ainda 'compra na alta e vende na baixa'. A moeda digital chegou a atingir US$ 123.218 no seu pico e está circulando próximo dos US$ 120 mil, valendo cerca de US$ 2,34 trilhões, valor maior que o PIB do Brasil que é de US$ 2,17 trilhões. Isso fez com que muitos investidores resgatassem recursos do seu portfólio de criptoativos para alocar em renda fixa e outras stablecoins como USDT e USDC. Stablecoins são criptomoedas projetadas para manter um valor estável em relação a um ativo de referência, como o dólar ou uma commodity como ouro, por exemplo. 
Segundo o diretor da Hashdex, Henry Oyama “temos observado saídas líquidas nas últimas semanas, de forma generalizada na indústria de fundos e ETFs de cripto”.
O diretor executivo da área de cripto e ativos digitais do Nubank, Thomaz Fortes, afirma que “observamos um movimento interessante dos nossos clientes em relação à recente alta do Bitcoin. Diferentemente de picos anteriores, em que víamos uma divisão mais equitativa entre compras e vendas, a atual valorização está impulsionando um aumento significativo na troca de Bitcoin por stablecoins, como o USDC.” Para Fortes, isso sugere que os investidores estão aproveitando a alta para lucrar, mas sem se descapitalizar completamente do universo cripto, que vê um movimento de troca dos recursos dentro do ecossistema do Nubank, deixando o bitcoin e buscando, segundo ele, a “estabilidade das stablecoins”.
Segundo dados da Anbima, o fundo Hashdex Nasdaq Bitcoin Reference Price Fundo de Índice, sob gestão da Hashdex, teve retiradas de R$ 59.465.934,54 entre os dias 8 e 16 de julho de 2025. Esse movimento foi seguido também pelo fundo gerido pela QR Asset, o QR Cme Cf Bitcoin Reference Rate Etf Ie, que teve retiradas líquidas de R$ 14.319.482,46 no mesmo período, e em ambos os casos não houve entrada de novos recursos.
O gestor e diretor de investimentos da QR Asset Management, Theodoro Fleury, diz que o que estamos observando neste momento no Brasil “é um movimento de realização de lucro por parte de grandes holders antigos - as chamadas 'baleias' - que estão vendendo a preços atuais para novos investidores.”.

Mas por que o Brasil destoa do resto do mundo?

O movimento no Brasil é diferente do resto do mundo por alguns motivos, na visão de especialistas consultados pela Broadcast. Entre os motivos estão o perfil conservador do investidor nacional e o momento atual da taxa de juros, de acordo com Oyama.
O gestor da QR Asset Management explica que algumas métricas de rede mostram que bitcoins muito antigos estão sendo movimentados, inclusive ativos parados há mais de 11 anos e com valores expressivos. Por outro lado, o fluxo institucional mais recente continua sendo majoritariamente comprador no exterior.
Para o diretor da QR Asset Management diz que um interessante a se observar é o aumento abrupto, nos últimos dias, da emissão de stablecoins como USDT e USDC. Isso costuma ser um forte sinal de entrada de capital novo no mercado e, historicamente, precede movimentos de alta

Futuro do Bitcoin

Após o bitcoin bater a mínima, no dia 15 de julho à de US$ 115.976,56, segundo a Binance, o preço da criptomoeda retomou a alta e atingiu a máxima de US$ 120.825,63, ontem (17), também segundo a Binance, registrando uma valorização de +4%. No entanto, apesar dessa alta, a analista técnica e trader parceira da Ripio, Ana de Mattos, vê o bitcoin enfrentando dificuldades para superar a resistência de curto prazo na faixa de US$ 121.000.
Segundo Mattos, para bitcoin ultrapassar essa barreira, é necessário um forte fluxo comprador; caso contrário, o potencial de teste dos níveis de US$ 125.000 e US$ 130.000 a médio e longo prazo pode ser comprometido, e entende que por outro lado, se um fluxo vendedor reverter o movimento, o bitcoin poderá testar novamente o suporte em torno de US$ 116.000, e romper este nível crítico abriria um vácuo de liquidez até o suporte de US$ 111.500.
Além disso, ela destaca que o cenário do bitcoin é agravado por fatores externos, como a recente rejeição do pacote regulatório GENIUS Act (regulação de stablecoins) pela Câmara dos EUA, mesmo com pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Caso o GENIUS Act fosse aprovado, o mercado cripto poderia ganhar um impulso imediato, com mais previsibilidade regulatória e maior facilidade para a entrada de capital institucional. Esse cenário, aliado a outros fatores macroeconômicos, poderia trazer um novo fôlego ao setor, especialmente para o Bitcoin seguir renovando suas máximas.
A analista vê que o mercado está pressionado por esses desafios técnicos e políticos, e o próximo movimento do bitcoin será decisivo para determinar se estamos diante de uma nova perna de alta ou no início de uma correção.

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