Publicado em 07/07/2025, às 09h39 - Atualizado às 09h59
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São Paulo, 07/07/2025 - A alta de 15% do Ibovespa no primeiro semestre de 2025 foi sustentada pela entrada de capital estrangeiro, que atingiu o maior saldo acumulado em três anos. No momento, o investidor tem evitado correr riscos e buscado mares já navegados na hora de compor suas carteiras. Gestores e estrategistas ouvidos pela Broadcast apontam os setores financeiro (incluindo bancos e serviços) e de serviços públicos (utilities) como escolha preferencial. Há, contudo, quem aponte papéis cíclicos, aqueles de empresas que são mais sensíveis aos ciclos da economia como o automotivo e de varejo, como os de maior potencial de valorização daqui em diante.
Das maiores altas do Ibovespa neste semestre, o principal destaque é para o setor financeiro. Individualmente, a ação do Itaú Unibanco foi a que mais contribuiu para a alta do índice até agora neste ano, sendo responsável por 3% de toda a elevação do indicador.
Completam o Top 5 Bradesco PN, BTG Pactual, B3 e Sabesp. O levantamento leva em conta o peso do papel no principal indicador da B3, e não apenas o seu desempenho porcentual.
Elaboração: Broadcast. Dados até 13h de 30/06/25
"São empresas que têm previsibilidade na geração de caixa e pagam bons dividendos", resume a gestora de renda variável do Fator Gestão, Isabel Lemos.
"Serviços financeiros e bancos responderam por mais de 50% dessa alta e um quarto foi do setor elétrico. A Bolsa brasileira ainda negocia com um prêmio de 22%, melhor do que se comparado com os emergentes, que pagam um prêmio de 6%", diz o estrategista-chefe do Itaú BBA, Daniel Gewehr,
Gatilho
Os profissionais ouvidos pela Broadcast concordam em um ponto: a potencial valorização das ações brasileiras à medida que o mercado incorpora a tendência de queda de juros no País.
"O segundo semestre será uma continuidade do movimento que vimos no primeiro. A espinha dorsal será essa rotação de investimentos, combinada com a expectativa de redução dos juros", afirma o estrategista de ações da Santander Corretora, Ricardo Peretti. Ele pontua que o banco revisou, em junho, a estimativa do Ibovespa para o fim do ano, de 145 mil pontos para 160 mil pontos.
"No nosso cenário base de juros, não acreditamos que a Selic deverá ficar por muito tempo a 15%. O mercado se antecipa um pouco e já precifica esse movimento, o que impulsiona as empresas mais sensíveis aos juros", afirma Peretti, acrescentando que a expectativa do Santander é de que o corte deverá acontecer na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2026, em janeiro.
O head de Equity Research do Citi para a América Latina, André Mazini, vê o segundo semestre como positivo pela perspectiva de queda dos juros no ano que vem, mas ressalta que o mercado já vai precificar as eleições gerais de 2026.
"Há um viés positivo para a Bolsa, temos a questão da eleição no ano que vem ainda em aberto".
Setorial
Considerando apenas o desempenho porcentual das ações, as empresas de educação e transporte estão na ponta positiva do índice.
Elaboração: Broadcast. Dados até 13h de 30/06/25
O estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, pontua que grande parte das ações que estão entre as maiores altas porcentuais do Ibovespa está ligada ao consumo interno brasileiro.
"Não foi uma grande temporada de balanços, mas superou o que o mercado esperava", pondera o estrategista. Para ele, o mercado precificou os resultados positivos dessas empresas e, segundo ele, os principais destaques são as companhias de telecomunicações e o Assai (+102,89%), que apresentaram melhoras e resiliência.
Outro destaque para Villegas foi a Porto Seguro, que subiu 54,83%. Na seguradora, diferentemente das empresas cíclicas, que ganharam terreno esperando os juros caírem, o benefício foi exatamente as taxas ainda em nível alto.
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