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Investir em ações requer estudo e cuidados quanto a riscos e volatilidade

Por Alessandra Taraborelli

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Publicado em 29/04/2025, às 15h24 - Atualizado em 30/04/2025, às 08h24

São Paulo, 30/04/2025 - Investir em renda variável pode ser uma opção desafiadora, ao mesmo tempo que atrai o interesse de obter maiores ganhos. Para se ter uma ideia, em 2024 o número de investidores na B3, bolsa de valores do Brasil, era de 5,3 milhões de CPFs, um aumento de cerca de 300 mil novos investidores ante o ano anterior.

A média de investidores que fazem ao menos um negócio no segmento de ações em dezembro do ano passado era de 1,7 milhão, acima da média de 1,5 milhão que vinha sendo registrada desde 2021, segundo dados da B3. 

Assim como outras modalidades de investimento, aplicar em ações requer alguns cuidados e pode ser uma boa opção para ampliar ganhos, mas é preciso ficar atento aos riscos e, principalmente, à maior volatilidade. Se você está pensando em começar a investir em ações, é prudente que comece a conhecer um pouco sobre este tema e se prepare para entrar neste segmento.

De acordo com a economista Cilene Ribeiro, professora da Universidade São Judas, entre os equívocos comuns cometidos por quem começa a investir estão desconhecimento em educação e planejamento financeiro; acreditar em propagandas que oferecem alto retorno do dinheiro aplicado em curtíssimo prazo;  achar que jogos de apostas, como bets e o “Jogo do Tigrinho” são investimentos (não são!);  investir por influência de amigos e família e, não conhecer a natureza, características e riscos dos produtos e das operações. "Para evitar erros, o melhor é se informar e recorrer a profissionais e educadores certificados", diz Ribeiro.   

Para começar, é possível se aprofundar sobre o tema por meio de diversos cursos oficiais e gratuitos nos sites da B3, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais  (Anbima) e da CVM

O Viva também te ajuda com algumas dicas de especialistas e pontos de atenção para iniciar o aprendizado sobre investir em Bolsa. 

Organize suas finanças

Faça uma lista com as entradas e saídas, para saber quanto você tem disponível para investir, sem comprometer suas necessidades básicas. 

Tenha uma reserva de emergência

Separe um percentual para investir em alguma opção com mais liquidez, para ter fácil acesso se houver alguma emergência. “A construção de uma reserva de emergência em investimentos conservadores deve ser o primeiro passo antes de buscar maiores retornos com ativos mais arriscados, como ações ou fundos multimercado”, avalia Sidney Lima, analista de investimentos da Ouro Preto Investimentos. 

Defina seus objetivos

É importante que você defina um objetivo e o prazo para alcançá-lo, para investir de acordo com suas metas de curto, médio e longo prazo. De acordo com Lima, o mais indicado para o iniciante é adotar uma estratégia de médio e longo prazo. “No curto prazo, as oscilações do mercado podem gerar insegurança e levar a decisões precipitadas. Já no médio e longo prazo, o investidor consegue diluir riscos, e observar com mais clareza os frutos dos seus investimentos”. 

Identifique seu perfil de investidor

Bancos e corretoras costumam aplicar um questionário para identificar se você tem um perfil arrojado, conservador ou médio e, a partir daí, passam a sugerir opções de investimentos adequadas ao perfil. É o chamado "suitability", uma regra da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para proteção dos investidores. Assim, um assessor de investimentos já sabe de antemão qual o perfil de risco que o cliente topa correr.

Como funciona a Bolsa de Valores

Fazendo uma analogia, é como se fosse uma feira livre com várias barracas, que são as empresas. O cliente vai avaliando o preço e a qualidade de cada produto até decidir qual vai levar para casa, ou seja, investir. Essa escolha depende do perfil de risco e da estratégia de investimento.

Para investir na Bolsa é necessário que você abra uma conta em uma corretora, que pode ser a do seu banco, ou outra instituição. O importante é se informar se a corretora é confiável, e se ela possui autorização do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para operar. 

A B3, por sua vez, atua como administradora de mercados organizados de bolsa e balcão, nas negociações e pós-negociação para todas as principais classes de ativos, desde ações, títulos de renda fixa e variável, contratos derivativos financeiros e de commodities até câmbio.

O que é uma ação

Ação é uma fatia da empresa. Por exemplo, você tem uma barra de chocolate e divide em cinco pedaços para vender aos seus amigos. Apesar da brincadeira, a questão é séria. Cada pedacinho da empresa confere direitos aos seus donos, como, por exemplo, participar das decisões de negócio e receber parte do lucro - os chamados dividendos. As ações podem ser ordinárias (sigla ON), com direito a voto, ou preferenciais (PN), que têm preferência na distribuição dos dividendos.

Como é composto o Índice Ibovespa

O Ibovespa é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3 e reúne as empresas mais importantes do mercado de capitais brasileiro. Foi criado em 1968 e, consolidou-se como referência para investidores ao redor do mundo. 

Reavaliado a cada quatro meses, o índice é resultado de uma carteira teórica de ativos. Pelos critérios da Bolsa, fazem parte do índice ativos que representem 85% em ordem decrescente de Índice de Negociabilidade (IN); 95% de presença em pregão; 0,1% do volume financeiro no mercado à vista (lote-padrão); e não ser penny stock (ação negociada com valor abaixo de R$ 1,00). 

Atualmente, a carteira de ações do Ibovespa contém ações tanto ON quanto PN de cerca de 80 empresas. Portanto, pode-se dizer que estas ações são as de maior liquidez da Bolsa brasileira, ou seja, com maior volume de negociação

Valor mínimo para investir

É possível começar a investir com valores bastante acessíveis, não existe um valor mínimo nem máximo. A regra dos especialistas é colocar um porcentual pequeno de sua carteira de investimentos total em ações, já que se trata de um grupo de ativos de mais alto risco. Assim, caso haja perda, não pode comprometer todo seu patrimônio.

“O mais importante não é o valor inicial, mas sim começar com consciência, buscando conhecimento, diversificação e uma estratégia alinhada ao seu perfil. À medida que o investidor ganha confiança e compreensão do mercado, é possível aumentar gradualmente os aportes”, explica o analista da Ouro Preto Investimentos. 

Como lidar com as oscilações do mercado sem tomar decisões precipitadas?


As oscilações de mercados são inevitáveis. “O importante é sempre manter-se atualizados sobre o comportamento dos principais indicadores macroeconômicos, como PIB, taxa de juros, inflação, câmbio,  acompanhar sempre o comportamento da sua carteira de investimentos”, explica a professora Cilene Ribeiro, lembrando que o acompanhamento pode ser feito pelos aplicativos de bancos e corretoras ou, se preferir, consultar ou contratar um profissional certificado.

Existe algum tipo de proteção ao investidor na bolsa brasileira?


Não existe uma proteção semelhante ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para renda fixa. Na bolsa, o investidor estará exposto ao risco de perda, e é imprevisível, caso haja problemas específicos nas empresas na qual investiu ou mesmo condições de mercado mais amplas, internacionais.

“Investir em ações existem diversos riscos e, para a mitigação de eventos incertos, o melhor é diversificar em pelo menos 10 empresas de diferentes segmentos de atuação, sempre priorizando a qualidade e consistência dessas empresas e setores”, sugere o analista de investimentos da Hike Capital, Ângelo Belitardo Neto.

Quais papéis são mais indicados para quem está iniciando na Bolsa?

Os papéis de empresas resilientes, com projeção de dividendos maiores para os próximos anos, e que não corram sérios riscos de competição, são  opções mais indicadas para investidores inciantes, recomenda Neto. “São empresas que estão em um ciclo de vida positivo, em termos de resultados, com crescimento nas margens de lucro, receita e geração de recursos para os acionistas. Essas empresas irão apresentar crescimento nos dividendos, aproximando-se do CDI, o que aumenta a atratividade”, explica.

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