São Paulo, 10/12/2025 - A Selic permanece em 15% ao ano, como amplamente previsto pelo mercado, conforme decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgada nesta quarta-feira. Com isso, a taxa de juros básica da economia brasileira segue no maior nível nominal desde julho de 2006. Agora a principal pergunta que move o mercado é: quando começa o ciclo de cortes?
Segundo a pesquisa Projeções Broadcast, somente uma das 35 casas ouvidas acreditava na possibilidade de corte de 0,25 ponto porcentual da Selic nesta reunião. Outras 14 instituições aguardam cortes a partir de janeiro, 17 estão projetando esse movimento a partir de março e três projetam queda do juros apenas em abril.
De acordo com o comunicado da autoridade monetária, o ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.
Em relação ao cenário doméstico, o comunicado ressalta que o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, como observado na última divulgação do PIB, enquanto o mercado de trabalho mostra resiliência. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes seguiram apresentando algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação.
Empréstimos e financiamentos
Com o juro mantido nesse patamar desde junho, as condições para empréstimo, financiamento e consumo continuam pressionadas, enquanto o cenário para a renda fixa permanece favorável. Nesse contexto vale manter a cautela, evitando novas dívidas e respeitando os limites do seu planejamento financeiro.
Do lado dos preços, a situação dá sinais de estabilização. Pela manhã, o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a inflação medida pelo
IPCA referente ao mês de novembro, que registrou
alta de 0,18%, com destaque para o avanço no preço das passagens aéreas.
No ano, a taxa acumulada pelo IPCA ficou em 3,92%. Esse foi o menor resultado para um mês de novembro desde 2018. Em 12 meses, o resultado foi de 4,46% até novembro, um pouco abaixo da mediana das projeções da Broadcast, de alta de 4,47%, com intervalo de avanços entre 4,44% a 4,54%.
Próximos passos
Como próximos passos, o economista-chefe do Itaú Mario Mesquita estima que a sinalização da autoridade monetária continuará flexível, sem compromisso claro com o início do ciclo de cortes, mas reconhecendo que ajustes poderão ser feitos de acordo com a evolução do cenário. Em relatório divulgado pouco antes da decisão do BC, o economista do Itaú manteve a expectativa de início de quedas da Selic em janeiro de 2026, com a taxa cedendo para 12,75% ao longo do ano.
Com relação aos próximos meses, Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, chama a atenção para o delicado equilíbrio da economia brasileira entre a
desaceleração da atividade econômica e a manutenção da cautela monetária. "Os riscos fiscais e a incerteza eleitoral para 2027 permanecem como os principais pontos de atenção", observa.
Na avaliação da Blue3 Investimentos, com a manutenção a mensagem do BC deve ser de continuidade. Ou seja, juros altos por mais tempo, com qualquer discussão de corte ficando mais para frente, em 2026, em um processo muito gradual.