Envato Elements
Por Fabiana Holtz
[email protected]São Paulo, 19/05/2025 – Imprevistos como um reparo na máquina de lavar, uma multa de trânsito ou até mesmo ficar desempregado, não têm hora para acontecer. Dependendo da situação, o fato pode levar a um endividamento indesejado. Ter uma reserva de emergência, além de ser um sinal de que suas finanças pessoais estão em ordem, traz a tranquilidade necessária para atravessar períodos difíceis com as contas em dia, sem cair na armadilha dos juros e parcelas sem fim.
A principal função da reserva financeira, destacam os especialistas, é servir como suporte e evitar novas dívidas em situações de crise que estão fora do seu controle.
Saiba que o desleixo com as finanças pessoais, aliás, pode custar muito caro. O descontrole facilmente pode ser transformar em uma bola de neve e inviabilizar até mesmo o pagamento das contas obrigatórias do seu orçamento.
Prova disso é o alto número de famílias endividadas no Brasil. Uma questão que pode ser minimizada com ações de educação financeira.
Em primeiro lugar, se você ainda não tem, organize já uma planilha com todas as despesas fixas do mês: aluguel, telefone, água, luz, condomínio, academia, financiamento do carro ou da casa, escola, estacionamento, plano de saúde.
“Entender os seus gastos mensais e descobrir o quanto você poderia destinar para essa reserva é o ponto de partida. Vale caderninho, planilha de Excell, aplicativo, o que funcionar melhor para você”, explica Nayra Sombra, planejadora financeira e Head de Planejamento Patrimonial e Consórcio da GWM Investimentos.
Com esses valores na ponta do lápis você poderá saber o quanto exatamente poderá ser destinado para sua reserva de emergência. Importante também estabelecer valores e uma constância nos depósitos ‘para você mesmo’. Os especialistas recomendam 10% da sua renda, mas o importante é começar, nem que seja com R$ 50.
“Imagine que você está pagando um boleto para você mesmo e estabeleça esse valor como uma obrigação financeira mensal”, aconselha Nayra.
Se você não tem muita disciplina financeira o ideal é colocar essa transferência para si mesmo no débito automático para uma aplicação, como um fundo de investimento. Isso lhe garantirá regularidade.
Nos aplicativos de diversos bancos, inclusive, você já conta com uma área para esse fim com opções de produtos financeiros para escolher onde investir.
"A grana não fica parada, mas investida", ensina Nayra, ao recomendar produtos com vencimento diário como o CDB e o Tesouro Selic. “Lembre que o objetivo aqui não é ganhar dinheiro, no entanto, também não é viável entrar em um investimento que perde para a inflação”.
E aqui vale a máxima de nunca colocar todos os ovos na mesma cesta. Diversificar é sempre recomendado.
Fique atento às condições para resgate, que podem ser feitos apenas em dias úteis, horários específicos e com algumas restrições.
Segundo a especialista, a poupança, por exemplo, não é recomendada para deixar a reserva de emergência porque seu rendimento é pago mensalmente.
“Muita gente por falta de informação acaba colocando na poupança. Ela tem um mecanismo que paga rendimentos a cada 30 dias. Se você precisa sacar antes desse vencimento, perde o rendimento do período. Ou seja, não é a melhor das opções”, afirma, embora a maior vantagem da poupança seja o fato da isenção de imposto de renda.
Outro ponto de atenção é exatamente quanto será cobrado de imposto de renda ao se fazer o resgate em títulos como fundos. Considere isso ao escolher onde irá deixar sua reserva. Verifique as taxas e seja conservador, nada de investimentos de risco quando o assunto é reserva de emergência.
"Antes de pensar em rentabilidade é preciso pensar na disponibilidade desse dinheiro, que precisa ser imediata", alerta Carlos Castro, coordenador da comissão de embaixadores da Planejar, Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.
Segundo a especialista da GWM, para profissionais com carteira assinada o ideal é pensar em um valor correspondente a até seis meses de suas despesas fixas. No caso do profissional autônomo (PJ), que não tem uma renda fixa ou benefícios, o recomendável é atingir uma reserva equivalente a 12 meses de seus gastos fixos.
Para a planejadora financeira Rejane Tamoto, reserva de até seis meses de sua renda é razoável, mas o valor ideal varia conforme o perfil e a estabilidade da renda de cada um. “Atingido esse valor, você pode começar a pensar em reunir recursos para outras metas específicas, abrindo outras ‘caixinhas’ de reserva com destinos como uma viagem ou a compra da casa própria, do automóvel”, ensina a planejadora financeira.
Além da tranquilidade emocinal proporcionada por essa reserva, Rejane ressalta que ela abre caminho para que a pessoa possa investir com mais eficiência e segurança. "Isso porque, com o “colchão” financeiro garantido, é possível começar a diversificar a carteira com produtos de prazo maior e maior risco — sabendo que, em caso de emergência, o recurso necessário já está disponível em uma aplicação segura e de resgate imediato.
Disponível nas mais diversas plataformas digitais, as caixinhas para reserva financeira, ou também cofrinhos, te ajudam a guardar dinheiro para fins específicos de maneira mais organizada e simples. Dentro da sua conta você pode rapidamente transferir a soma desejada para uma área personalizada onde são definidos os objetivos para essa economia.
Se o seu banco ou aplicativo não traz já essa opção de organizar suas reservas, organize uma planilha ou mesmo uma folha de caderno com as seguintes divisões:
Dentro de cada uma delas você define prazos e metas. A recomendação de diversificar também vale aqui. E fique atento aos prazos para retiradas, assim você evita perda de rentabilidade por saques feitos antes do prazo.
Para Castro, da Planejar, hoje temos muito conhecimento sobre finanças pessoais disponível, mas grande parte da população ainda não coloca isso em prática, principalmente no que diz respeito a poupar.
"Vejo o endividamento como uma questão comportamental, por essa cultura ainda muito focada no consumo e no curto prazo. Isso precisa ser trabalhado", afirma, ao chamar a atenção para o letramento financeiro da população.
Segundo o especialista, a reserva de emergência pode ser expandida para um conceito mais amplo, de 'colchão de segurança'. "Recomendo combinar essa reserva com um seguro, porque o imprevisto pode envolver um caso mais específico de saúde. Ter um seguro por incapacidade temporária é inteligente e não exige muitos recursos. Esse é o tipo de seguro que pode começar em valores mensais de R$ 10 com cobertura de até R$ 30 mil", observa.
Investir em educação financeira também é recomendável. Busque estar sempre atualizado sobre o que está acontecendo na vida econômica do país e do mundo. Faça cursos, participe de workshops e leia livros sobre finanças pessoais.
Conhecimento nunca é demais. Para começar a se informar vale dar uma conferida no Educação financeira pessoal. Gratuito e com carga horária de 40 horas, o curso é oferecido pelo Banco Central, faz parte do programa de Educação Financeira nas Escolas e tem certificação da Escola Nacional de Administração Pública (Enap). É só se inscrever no site.
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.