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Por Elisa Calmon, da Broadcast
redacao@viva.com.brSão Paulo, 16/09/2025 - Em meio às discussões sobre os efeitos dos programas sociais no mercado de trabalho, o CEO do Magalu, Frederico Trajano, avalia que o emprego formal é a política mais efetiva para ampliar o acesso à renda no País. Para o executivo, os brasileiros almejam mais do que benefícios como o Bolsa Família, enquanto o setor privado pode cumprir um papel importante nesse processo.
"Ninguém está feliz ganhando R$ 700 reais por mês. Eu vejo que os brasileiros em geral têm uma ambição muito maior do que essa renda mínima e o varejo pode ser uma porta de entrada", diz Trajano em entrevista exclusiva à Broadcast.
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De olho no potencial empregatício do setor, o Magalu aderiu nesta segunda-feira, 15, ao Programa Acredita No Primeiro Passo. A iniciativa do governo federal é voltada à inclusão socioeconômica, por meio do mercado de trabalho formal, de pessoas inscritas no Cadastro Único e beneficiárias de programas sociais.
Após a assinatura da adesão, o CEO da varejista falou também sobre a disponibilidade de mão de obra, perspectivas macroeconômicas e setoriais, assim como os efeitos das bets para o segmento. Confira os principais trechos da entrevista:
Trajano: Ninguém está feliz ganhando R$ 700 reais por mês. Eu vejo que os brasileiros em geral têm uma ambição muito maior. Para mim, o emprego formal é a melhor política social. Eu acho que essa também é a visão de boa parte dos empresários e do governo federal. Por isso, assim como outros varejistas, queremos ser uma porta de entrada para que essas pessoas se desenvolvam e aumentem sua renda familiar.
O Brasil está em plena atividade econômica e com um desemprego historicamente baixo. Não há uma dificuldade crônica, mas está mais difícil do que em períodos de desemprego mais alto. O programa pode ajudar nisso também. Contratamos cerca de mil pessoas por mês, e acreditamos que parte significativa dessas vagas será preenchida por beneficiários de programas sociais.
No início, o Bolsa Família tinha esse problema. Se a pessoa aceitasse um emprego e perdesse depois de um período, também deixava de receber o benefício. Isso gerava insegurança e resistência. O programa corrige isso: hoje o beneficiário só perde o benefício quando atinge uma renda mínima bem superior ao valor atual, e ainda tem um prazo de transição. Então, a resistência hoje se deve mais ao desconhecimento. Dessa forma, a adesão e divulgação são importantes para dar às famílias a segurança de que podem trabalhar formalmente sem perder o apoio imediato.
Apesar do varejo ainda estar pujante, há uma desaceleração que pode refletir, em parte, o impacto das bets. Mas esse não é um problema só do varejo, é uma questão de saúde pública. Precisamos encarar o tema com muita seriedade e aprofundar a regulação, que ainda é branda, para evitar as consequências negativas desse crescimento exagerado.
Estamos cautelosamente otimistas com o varejo, porque a economia brasileira continua relativamente forte, com a inadimplência controlada. Não consigo ver ainda um problema de demanda. Mais do que o desempenho de vendas, o grande desafio é transformar receita em resultado. Está muito caro operar no Brasil por conta dos juros e impostos elevados. Esse custo precisa ser endereçado.
Em agosto, houve deflação, e estamos observando que a taxa de juros nos EUA tende a cair. O câmbio está valorizado, o que também ajuda. Nesse cenário, é difícil não encontrar otimismo em relação às possíveis reduções de juros nas próximas reuniões do Banco Central.
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