Mercado terá um canal específico para cartões de benefícios, diz Abecs

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Novo sistema funcionará nas maquininhas que existem hoje e deve incluir benefícios do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) - Envato
Novo sistema funcionará nas maquininhas que existem hoje e deve incluir benefícios do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT)

Por Matheus Piovesana, do Broadcast

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Publicado em 09/05/2025, às 15h59

São Paulo, 09/05/2025 - A partir do dia 1º de agosto, o mercado de cartões terá um trilho específico para processar as transações com cartões de benefícios, como os vales alimentação e refeição. Construído para comportar as transações do chamado arranjo aberto, o novo sistema deve reduzir custos, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

"Ele dará mais transparência, mais visibilidade e permitirá uma maior concorrência, que é o que vai trazer redução de taxas de desconto", disse ao Broadcast o vice-presidente da Abecs, Ricardo Vieira.

Nos últimos dois anos, foram regulamentados os chamados arranjos abertos do mercado de benefícios, que são cartões que funcionam nas modalidades de débito e crédito, mas que são utilizados pelas empresas para pagar benefícios aos funcionários. Até poucos anos atrás, só existiam vales de arranjo fechado, com aceitação em uma rede menor de estabelecimentos.

O novo sistema funcionará nas maquininhas que existem hoje. A necessidade de um "trilho" separado se dá porque os vales, para serem enquadrados nos benefícios do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), do Ministério do Trabalho, precisam ter um controle de estabelecimentos e produtos em que são utilizados.

De acordo com Vieira, o PAT pode criar uma nova vertente de crescimento para o mercado. Hoje, o setor de cartões tem tido o crescimento puxado pelo crédito, diante da estabilidade do débito, canibalizado pelo Pix, e da desaceleração dos cartões pré-pagos.

Pedido de audiência

Segundo Vieira, o setor pediu uma reunião com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para debater a inserção do Pix nos sistemas dos cartões. Na visão da entidade, essa junção permitiria ampliar a aceitação do Pix por aproximação, por exemplo.

A proposta da Abecs permitiria que um cliente de cartão de crédito ou débito o utilizasse para pagar via Pix. Na visão da entidade, isso ampliaria a potencial utilização de métodos como o Pix por aproximação, hoje restrito a celulares Android que tenham a antena da tecnologia NFC, e que constituem apenas parte da base de aparelhos existentes no País.

Na avaliação de Vieira, seria um "ganha-ganha": os clientes teriam mais uma opção para pagar com Pix, e o setor de cartões passaria a prestar um novo tipo de serviço.

O setor também pleiteia a inserção dos cartões no Open Finance, que hoje, como método de pagamento, tem apenas o Pix. De acordo com Vieira, já houve reuniões com o BC e um pedido à estrutura de governança do Open Finance, formada por agentes privados, a respeito do tema.

"Nós temos como meta não virar o semestre sem uma definição disso", afirmou. 

Sem obstáculos

O setor não deve ver sobressaltos no crescimento neste ano, prevê Viera, ao mantera estimativa da entidade de crescimento entre 9% e 11% de volume financeiro em relação ao ano passado. 

"Eu não vejo nenhum obstáculo que possa mudar essa rota. Acreditamos em um crescimento constante na concessão de crédito", disse Vieira ao Broadcast. "Existe uma migração histórica de meios de pagamento, e começamos com uma potencial inflação de 5% no ano."

A expectativa de crescimento de volumes inclui o impacto da inflação, que aumenta os volumes movimentados pela indústria diante do acréscimo nos preços de bens e serviços. Mas também está atrelada à expectativa de uma continuidade do crescimento da migração dos pagamentos do dinheiro vivo para os métodos eletrônicos.

De acordo com Vieira, o cenário econômico mais difícil não muda as estimativas do setor porque os bancos emissores fizeram a "lição de casa" após o último ciclo de crédito, entre 2021 e 2022.

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