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Você sabe o que é inflação e quais são os principais índices?

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O indicador de inflação oficial no Brasil é o IPCA, usado pelo Banco Central para calibrar a taxa de juros
Por Alessandra Taraborelli [email protected]

Publicado em 07/04/2025, às 10h33

Você pode não entender nada de economia, mas com certeza já ouvia falar em inflação e já sentiu o impacto dela no seu bolso.

No Brasil, o índice oficial usado pelo governo Federal é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que tem o objetivo de medir a inflação a partir de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos. Esse índice é utilizado pelo Banco Central (BC) para fazer política monetária, instrumento que busca controlar a inflação. 

O que é inflação


De acordo com o BC, inflação é o aumento dos preços de bens e serviços. Ela implica diminuição do poder de compra da moeda. A inflação é medida pelos índices de preços. O Brasil tem vários índices de preços. O IPCA é o índice utilizado no sistema de metas para a inflação.

A inflação pode ter várias causas, que podem ser agrupadas em: pressões de demanda; pressões de custos; inércia inflacionária; e expectativas de inflação.​

A inflação gera incertezas importantes na economia, desestimulando o investimento e, assim, prejudicando o crescimento econômico. Os preços relativos ficam distorcidos, gerando várias ineficiências na economia. As pessoas e as empresas perdem noção dos preços relativos e, assim, fica difícil avaliar se algo está barato ou caro.

A inflação afeta particularmente as camadas menos favorecidas da população, pois essas têm menos acesso a instrumentos financeiros para se defender da inflação.

Meta de inflação

É uma taxa definida pelo Banco Central, e funciona como âncora de expectativas sobre a inflação futura. O objetivo é mostrar o rumo que a economia está seguindo, permitindo que, em caso de desvios desta meta, a autoridade monetária possa corrigir o rumo ao longo do tempo. Esse movimento recebe o nome de política monetária, que são os instrumentos usados pelo BC para tentar impedir que a inflação suba além do estabelecido. 

De acordo com o BC, manter a taxa de inflação baixa, estável e previsível é a melhor contribuição que a política monetária pode fazer para o crescimento econômico sustentável e a melhora nas condições de vida da população.  O crescimento de uma economia depende de uma série de fatores sobre os quais os bancos centrais não têm controle, como aumento da produtividade. Entretanto, inflação alta, instável ou imprevisível prejudica o crescimento econômico.

Assim como inflação alta não é bom, deflação, ou inflação negativa também não. Preços em queda podem ser prejudiciais para o bom funcionamento da economia. Isso porque, pode levar ao prejuízo de empresas, que compraram por um determinado valor e tiveram que vender por menos do que foi investido. As famílias e as empresas poderão adiar suas decisões de consumo e investimento se houver a perspectiva de que os preços serão mais baixos amanhã, deprimindo a atividade econômica.

A meta para a inflação e o índice de preços utilizado são definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e cabe ao BC adotar as medidas necessárias para alcançá-la. O CMN também define um intervalo de tolerância ao redor da meta de inflação, que funciona como uma referência para a caracterização de seu cumprimento ou não.

A taxa básica de juros (Selic), que influencia os juros cobrados nos empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras, é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação.

Ou seja, quando a inflação começa a subir, o banco eleva a taxa, consequentemente, os juros dos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais caros, e isso desestimula o consumo.

O mesmo acontece quando a Selic cai, as taxas ficam mais baratas e as pessoas se sentem mais confortáveis para comprar e as empresas para investir. Para o bom andamento da economia é necessário que a inflação fique dentro dos parâmetros estabelecidos pela autoridade monetária.

A partir deste ano, o BC passou a adotar a meta de inflação contínua, com base no IPCA acumulada em 12 meses. Com isso, o centro da meta foi estipulado em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, o Banco Central terá perdido o controle da meta. Para que isso não ocorra, ele usa a taxa básica de juros (Selic) para conduzir a inflação para o seu objetivo. 


Além do IPCA, existem outros índices de inflação como:

  • INPC
  • IGP-M
  • IGP-DI
  • IPC-Fipe

INPC


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) tem o objetivo da correção do poder de compra dos salários, através da mensuração das variações de preços da cesta de consumo da população assalariada com mais baixo rendimento. Esta faixa de renda foi criada com o objetivo de garantir uma cobertura populacional de 50% das famílias cuja pessoa de referência é assalariada e pertencente às áreas urbanas de cobertura.

IGP-M


O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), ele é amplamente utilizado para medir a variação de preços em diversos setores da economia. Esse índice tem como objetivo oferecer uma visão abrangente sobre o comportamento dos preços, acompanhando diferentes etapas do processo produtivo e atividades econômicas.

Além de ser uma referência para a economia nacional, o IGP-M se destaca por sua aplicação prática em reajustes contratuais, especialmente em tarifas públicas, contratos de aluguel e serviços essenciais.

O cálculo do IGP-M leva em conta a variação de preços em diferentes áreas da economia, combinando os seguintes índices:

  • Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA): Representa 60% do índice total e reflete a produção de bens agropecuários e industriais, nas transações comerciais em nível de produtor.
  • Índice de Preços ao Consumidor (IPC): Equivale a 30% e mede as variações de preços nos setores varejistas e serviços de consumo, que impactam o consumidor final.
  • Índice Nacional de Custo da Construção (INCC): Corresponde a 10% e monitora os custos da construção civil, incluindo materiais e mão de obra especializada. 

A média ponderada desses índices resulta no valor final do IGP-M, garantindo uma análise precisa da inflação em diferentes setores.

IGP-DI


O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é um indicador do movimento de preços que serve às comunidades econômicas nacional e internacional como termômetro de inflação no Brasil. Ele também é usado como referência para correções de preços e valores contratuais. 
Esse índice é composto pela média do Índice de Preços ao Produtos Amplo (IPA), 60%; do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), 30% e do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), 10%. 

IPC-Fipe


O índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Município de São Paulo, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), é o mais tradicional indicador da evolução do custo de vida das famílias paulistanas e um dos mais antigos do Brasil. Ele estima as variações do custo de vida das famílias com renda familiar entre 1 e 10 salários-mínimos.

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