Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
[email protected]Transformar fios em arte, dar vida a uma tela em branco ou simplesmente criar algo com as próprias mãos pode trazer benefícios profundos para a saúde mental, tão significativos quanto ter um emprego.
Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Anglia Ruskin University, na Inglaterra, publicado na revista científica Frontiers in Public Health.
Os pesquisadores analisaram dados de mais de 7 mil pessoas com mais de 16 anos, coletados no Reino Unido entre 2019 e 2020. O objetivo era entender se o envolvimento com atividades manuais, como artesanato, pintura e crochê, poderia melhorar o bem-estar de pessoas sem diagnóstico formal de transtornos mentais. E os resultados surpreenderam.
Entre os participantes da pesquisa, 37,4% afirmaram ter realizado algum tipo de atividade artesanal no último ano. Esse grupo relatou níveis significativamente mais altos de felicidade, satisfação com a vida e, principalmente, um maior senso de propósito.
Segundo os pesquisadores, observar o resultado do próprio trabalho ganhando forma diante dos olhos pode alimentar sentimentos de produtividade, identidade e bem-estar.
Apesar dos resultados promissores, a equipe ressalta que o estudo não determina uma ligação direta entre o artesanato e o aumento do bem-estar.
Ainda não podemos afirmar com certeza se o artesanato causa esse efeito positivo. Para isso, são necessários novos estudos com acompanhamento experimental, avaliando o bem-estar das pessoas antes e depois de períodos regulares de prática”, destacou Helen Keyes, principal autora da pesquisa em comunicado.
Vale citar ainda que outra atividade criativa que também vem sendo reavaliada pela ciência é o videogame. De acordo com um estudo publicado na revista Nature Human Behaviour, jogar pode estar relacionado a um aumento no bem-estar psicológico, desde que com moderação.
A pesquisa, conduzida com quase 100 mil japoneses com idades entre 10 e 69 anos, mostrou que jogar videogames por até três horas pode melhorar o humor e a satisfação com a vida. “Esses dados desafiam o estereótipo de que os jogos são prejudiciais ou apenas causam prazer momentâneo”, afirma Hiroyuki Egami, da Universidade Nihon, um dos autores do estudo.
Pintar, bordar, esculpir, costurar ou simplesmente montar um quebra-cabeça, atividades manuais são mais do que hobbies: podem ser ferramentas eficazes para lidar com o estresse, reforçar a autoestima e trazer leveza ao dia a dia.
E, mesmo que a ciência ainda busque respostas definitivas sobre a relação entre arte e saúde mental, uma coisa já parece clara: ocupar as mãos pode ser uma forma poderosa de acalmar a mente.
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