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São Paulo, 26/11/2025 - O Natal está chegando e muitas pessoas se perguntam sobre as tradições no Brasil e as diferenças da comemoração em outros países. Entre as diferenças está o calendário. No Brasil e na América Latina, a ceia junto com os familiares e a troca de presentes acontecem na véspera, no dia 24 de dezembro.
Ao contrário do Brasil e dos países latinos, nos Estados Unidos a comemoração se dá na manhã do dia 25, marcada pela abertura de presentes. Na Europa, varia: algumas regiões trocam presentes na véspera, outras no dia 25 e algumas apenas no Dia de Reis, em 6 de janeiro.
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No Brasil, as tradições portuguesas se misturaram a práticas indígenas e afro-brasileiras, formando celebrações sincréticas e comunitárias, segundo o professor e cientista social Luciano Gomes dos Santos, do Centro Universitário Arnaldo Janssen (UniArnaldo).
A tradição se mantém, junto com a digitalização, as redes sociais e a globalização, que segundo o professor multiplicaram formas de celebrar e consumir. Compras online, reuniões virtuais, estéticas que viralizam por um Natal mais sustentável são tendências contemporâneas. A circulação instantânea de conteúdos gerou novas fusões e acelerou transformações culturais.
A ceia de Natal no Brasil foi adaptada ao verão, com arroz, farofa, peru e sobremesas geladas. Na América Latina, há variações regionais marcadas pela tradição católica e ingredientes locais. Já nos EUA, a ceia tem forte influência anglo-saxônica, com assados, purês e tortas.
Na Europa, a diversidade passa por bacalhau em Portugal, peixe na Itália, carnes e produtos de inverno mais ao Norte.
De acordo com o professor, as tradições culinárias contam a história de migrações e influências culturais. No Brasil, o panetone marca a presença italiana no País; o bacalhau ibérico remonta a antigas rotas marítimas; já a incorporação de técnicas indígenas e afro-brasileiras mostra processos de hibridização. “Comidas natalinas funcionam como arquivos culturais que preservam memórias de migrações, trocas e adaptações ao ambiente”, explica.
Santos avalia que, nos países da América Latina, o “espírito natalino” é comunitário e o papel das igrejas impulsionam ações solidárias. Nos EUA, as práticas filantrópicas geralmente passam por organizações privadas e doações individuais. Na Europa, políticas públicas de bem-estar social se somam ao ativismo cívico. Todas as regiões reforçam a solidariedade, mas cada uma prioriza formas diferentes de ação.
Em países de tradição católica, a véspera é marcada pela vigília e pela Missa do Galo, tornando a noite do dia 24 o momento central de reunião familiar. Já em países de tradição protestante e anglo-saxã, a manhã do dia 25 tornou-se o momento de celebração doméstica, influenciada por práticas culturais e pelo ritmo do trabalho.
Na América Latina, a presença católica estruturou novenas, celebrações de rua e forte caráter devocional. Nos EUA, a influência protestante, a ética do trabalho e o capitalismo emergente moldaram um Natal mais familiar e consumista. Já a Europa apresenta grande diversidade: desde mercados de inverno e tradições germânicas no Norte até celebrações litúrgicas mais solenes no Sul.
No Brasil, o verão favorece celebrações ao ar livre, cardápios mais leves e adaptações decorativas. O clima define desde os alimentos até a estética das festas e a relação das pessoas com os espaços de celebração. O inverno do Hemisfério Norte gerou tradições como lareiras, roupas pesadas, luzes internas e mercados de rua.
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A neve tornou-se um símbolo global da “atmosfera natalina”, mesmo sem corresponder ao clima brasileiro. A força das mídias de massa no século XX foi decisiva para essa internalização simbólica.
O professor lembra ainda que, nos EUA, o Natal é altamente mercantilizado e vinculado ao calendário econômico, especialmente após a Black Friday. Na América Latina e no Brasil, embora o consumo esteja crescendo, as celebrações mantêm mais elementos comunitários e religiosos.
“As principais diferenças são a ceia na véspera, o clima tropical, os sincretismos culturais, a permanência forte da Missa do Galo e o caráter comunitário das celebrações brasileiras. Comparado aos EUA, o Brasil é menos voltado ao espetáculo doméstico e ao consumo. Em relação à Europa, o País incorpora influências externas, mas preserva práticas próprias, resultando em um Natal festivo, familiar e marcado pela convivência calorosa.”
O Papai Noel resulta da fusão de várias tradições: principalmente São Nicolau, bispo do século IV, associado à generosidade. Na Europa, essa figura evoluiu em versões como Sinterklass (São Nicolau) e Father Christimas (Papai Noel). A partir do século XIX, ilustrações literárias e, no século XX, campanhas publicitárias, especialmente nos EUA, consolidaram a imagem atual do bom velhinho.
Cada região adaptou o personagem conforme seus próprios códigos culturais, ora enfatizando aspectos religiosos, ora folclóricos ou comerciais.
A imagem americana, roupa vermelha, barba farta e figura jovial tornou-se dominante devido à força da indústria cultural e da publicidade. Na Europa, entretanto, persistem versões com roupas mais sóbrias ou trajes históricos.
No Brasil, prevalece a iconografia americana, mas há adaptações ao clima tropical e convivência com elementos religiosos próprios.
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