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Publicado em 17/04/2025, às 09h01 - Atualizado às 15h01
Se você tem filhos, já deve ter imaginado o dia em que ele sairá de casa ou já deve ter passado por esta situação. Conhecido como síndrome do ninho vazio, essa sensação marca uma transição na vida dos pais, um misto de tristeza e falta de propósito. Já nos filhos, o sentimento costuma ser o de autonomia, autoafirmação, individualidade e maturidade por estar seguindo um novo caminho sozinho.
É um período desafiador para quem fica, que exige mudanças na rotina da casa, sentimentos variados e oscilantes, mas também pode ser encarado como um momento de crescimento pessoal e de reencontro do casal. É importante reconhecer essa gama de sentimentos e passar por este período de adaptação, segundo especialistas.
“Esse momento ainda pode ser mais difícil quando os pais, durante a criação dos filhos, abandonam projetos pessoais para viver unicamente em função dos filhos. Por isso, manter a individualidade e projetos enquanto casal mesmo antes da saída do filho, ajuda a enfrentar esse momento”, diz a psicóloga e coordenadora dos cursos de psicologia e licenciaturas na universidade São Judas, Cristiane Marcelino.
Mesmo diante de tanta emoção, é importante apoiar a decisão do filho. “Cabe aos pais apoiarem e não fazer desse momento um drama. Passar aos filhos a segurança necessária para seguirem nesse novo projeto de vida, incentivá-los e deixar claro que sempre estarão juntos, mas sempre respeitando a individualidade”, explica.
Ela ressalta que sair de casa não significa romper os laços, mas, sim estabelecer novas formas de conexão, como videochamadas, mensagens, planejar almoço e viagens juntos.
“Na verdade, os pais sabem que mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer e, mesmo tendo a sensação de dever cumprido é normal o sentimento de abandono", diz.
O problema é que mesmo que inconscientemente, pode haver uma tentativa de impedir ou dificultar essa saída. Assim, participar das questões práticas ajuda a lidar com essa transição. A psicóloga recomenda que os pais ajudem os filhos a procurar o lugar, ajudar a escolher a mobília e discutir esse desejo juntos. "Esses gestos fazem com que os pais se sintam parte do processo e que essa mudança não é um rompimento”, sugere.
Engana-se quem pensa que a síndrome do ninho vazio atinge só mulheres. De acordo com Mônica Geisa Cereser, médica e psiquiatra, a mãe costuma sofrer bastante, mas isso não quer dizer que os homens no papel de pais não passem por este momento de tristeza. “Existem pais super presentes, super vinculados com o filho, que sofrem bastante. Não dá para mensurar quem sofre mais. Isso é muito individual, assim como o quanto tempo dura esse sentimento", afirma.
Do ponto de vista psicológico, a saída dos filhos de casa é quase um luto. Nesse sentido, sofrer faz parte e pode durar normalmente até um ano. Se passar disso, a pessoa precisa procurar ajuda, avisa a profissional.
Embora essa fase possa ser bem desafiadora para os pais, também pode ser o momento de reconexão e descoberta de novos interesses.
O casal, por exemplo, pode investir mais tempo na qualidade do relacionamento. Planejar atividades juntos, viagens, redescobrir interesses em comum que podem ter se perdido durante a criação dos filhos. Retomar os ciclos de amizade, formar novos e participar de atividades comunitárias ou individuais pode ser interessante e ajudar a enfrentar esta nova realidade.
Há também livros sobre a síndrome do ninho vazio que podem ser úteis nessa fase. Algumas sugestões:
Dividido em três partes – do que preenche, do que esvazia e do que preenche e esvazia ao mesmo tempo –, Não pise no meu vazio (Editora Planeta), da psicanalista e escritora best-seller Ana Suy, fala fundamentalmente sobre o amor, e, também, sobre os demais sentimentos que o coadunam. “É um livro sobre excessos, sobre faltas, sobre o vaivém da vida, sobre o amor, o ódio e a dor. As poesias de Ana Suy nos fazem caminhar pelas avenidas, ruas, becos, ladeiras abaixo e acima, da infinidade de afetos que atravessam a cidadela da alma humana”, diz a psicanalista e professora Rita Manso.
Um dos objetivos deste livro é mostrar aos pais que quando um filho vai embora de casa é porque ele tem novos planos para o futuro, sendo fundamental que os pais tenham novos planos também. É importante se sentirem orgulhosos desse filho tão promissor, defende a autora Roberta Palermo. Ninho Vazio (Much Editora) traz diversos depoimentos para ilustrar as histórias de pais que já se despediram de seus filhos e podem contar como se sentiram e o que fizeram para superar essa mudança em sua vida.
Neste livro, Fred Elboni mostra como a solidão é o melhor caminho para o autoconhecimento e para uma vida autêntica e cheia de sentido. Ao compartilhar suas reflexões, ele nos conduz a uma viagem pelos diversos territórios da solidão. Há sol na solidão: como abraçar o vazio e gostar da própria companhia (Editora EOH) é um convite a apreciar o silêncio e encarar o vazio para, assim, descobrir a fonte inesgotável de aprendizado e amor que existe dentro de você.
Com prefácio de Joice Berth, Conversas corajosas (Editora Paz & Terra) é voltado a todas as pessoas que desejam conversar de igual para igual com pais, cônjuges, filhos, amigos e chefes, mesmo quando o assunto é difícil. Sua linguagem é leve, como uma conversa entre amigos, com explicações e dicas para aumentar a empatia e estabelecer relações honestas. Elisama Santos é escritora e psicanalista, trata também de educação parental e construção de relacionamentos por meio da comunicação não violenta.
Em Nunca mais quem eu era (Editora Bestseller), Catia Regiely convida você a confrontar os sentimentos de rejeição e autossabotagem que prejudicam o progresso e compreender que por trás de cada trauma e medo reside uma oportunidade para transcender as limitações e abraçar uma nova narrativa para sua vida. O livro mostra que por trás de cada trauma e medo reside uma oportunidade para crescimento e libertação, e que as respostas que você procura estão ao alcance de uma decisão: o seu "sim".
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