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Você sabe o que é filatelia? Hobby resiste em meio ao avanço digital

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26º Encontro da Associação Brasileira de Comerciantes e Filatélicos (ABCF) e a Exposição Filatélica Brasileira (BRAPEX 2025) acontecem de 11 a 13 de dezembro, em São Paulo - Adobe Stock
26º Encontro da Associação Brasileira de Comerciantes e Filatélicos (ABCF) e a Exposição Filatélica Brasileira (BRAPEX 2025) acontecem de 11 a 13 de dezembro, em São Paulo
Alessandra Taraborelli
Por Alessandra Taraborelli alessandra.taraborelli@viva.com.br

Publicado em 07/12/2025, às 09h42 - Atualizado às 09h43

São Paulo, 07/12/2025 -  Em um mundo digital, selos, cartas, telegramas e aerogramas deixaram de ser referências usadas na comunicação, mas esses “produtos” se mantêm vivos por meio de colecionadores, também conhecidos como filatelistas - termo que se refere ao estudo dos selos postais e sua história.

Prova de que o tema ainda está presente no dia a dia de muitas pessoas é o 26º Encontro da Associação Brasileira de Comerciantes e Filatélicos (ABCF) e a Exposição Filatélica Brasileira (BRAPEX 2025), que acontecem juntos de 11 a 13 de dezembro, em São Paulo.

O evento reunirá colecionadores de todo o País em mais de 100 painéis competitivos para mostrar por que a filatelia, com seus 180 anos de história, continua viva e surpreendente.

“O objetivo deste evento é reunir colecionadores de todo o Brasil para trocar experiências, conhecimentos e até mesmo objetos colecionáveis. Para quem não coleciona, é uma oportunidade para entender a importância da filatelia no Brasil e no mundo e saber mais sobre história, geografia e cultura por meio desses objetos”, afirma Beto Assef, presidente da ABCF, instituição que celebrará seus 65 anos também no encontro.

Leia também: 5 coisas que as crianças gostavam de colecionar nos anos 70 e 80

Assef lembra que o selos foram trazidos por Dom Pedro há 200 anos. “Foi ele que teve essa visão de implantar o selo no Brasil. Nós somos o segundo País do mundo a colecionar selos”, revela.

Ele conta que começou a colecionar os itens em 1967, quando tinha sete anos, porque seus pais precisaram viajar e deixaram ele com a tia. Para suprir um pouco a saudade, eles enviavam selos e cartões postais sempre que podiam. A paixão cresceu, principalmente depois que ele aprendeu que era possível contar histórias por meio de uma coleção de selos.

Assef avalia que qualquer um pode começar uma coleção, basta ter curiosidade. “Não existe idade eu tema ideal para começar, basta gostar de algo e ter curiosidade, assim nasce uma coleção”, explica.

Sem limite de idade

Assef pondera que o desafio é grande para trazer a juventude para esse hobby.

“A juventude nem sabe o que é uma carta. À medida que a pessoa vai adquirindo mais idade e tempo para o seu prazer, ela começa [a colecionar]. É um negócio que você passa horas classificando, arrumando... É uma delícia quando chega um envelope. Hoje é tudo online, as filatélicas praticamente sumiram.”

É difícil, mas não é impossível atrair jovens. Prova disso, é Gabriel Coutinho de Gusmão, 24, que começou a sua coleção com 17 anos. Ele conta que o interesse surgiu quando ganhou da mãe sua coleção de selos. “Eu sempre gostei de história, eventos históricos e minha mãe achou que eu ia gostar e me deu a minha primeira coleção. Realmente, eu achei muito interessante”, revela.

Sobre suas coleções, Gusmão revela que gosta muito de colecionar selos de períodos anteriores a 1945.

Jovem posando para foto na frente da sua coleção de selos
Gabriel Coutinho de Gusmão, 24 anos, que começou a sua coleção com 17 anos - Arquivo pessoal

“Esse período é um bom limite para mim, eu acho interessante. Depois desta data, eu acho moderno demais, eu não tenho tanto interesse. A maior parte da minha coleção é de vários países e de antes de 1945”, explica, acrescentando que também tem outros focos: “Eu gosto muito de selo de telégrafo. Também gosto de aviação, mas esses são um pouco mais caros”.

História contada por selos

O médico ortopedista e colecionador Roberto Antonio Aniche, 71, diz que começou a se interessar pelo tema quando tinha 10 anos e seu pai ganhou a coleção de um tio que havia morrido. Ele lembra que, antes de ser um verdadeiro colecionador, ele foi um “ajuntador”.

“Ganhamos uma coleção de um tio-avô que faleceu. Eu e meus dois irmãos não sabíamos nem como tirar o selo do papel. Ou seja, nós éramos verdadeiros ajuntadores, que é a primeira fase do filaterista", observa.

"A gente começa a juntar pela beleza do selo, pelo que nos chama atenção, pela curiosidade. À medida que a gente vai crescendo, aprendendo um pouquinho e em contato com colecionadores mais velhos, a gente começa a entender e vai levando. Um certo dia, a gente está apaixonado pelos selos”, ressalta, explicando, no entanto, que só retomou o prazer por colecionar quando estava mais velho. “A gente encontra esposa, vai para faculdade, nascem os filhos, e você volta a ser um ajuntador”, brinca.

“Você ganha um selo, compra um selo e vai colocando em uma caixinha, até o dia que você começa a ter cabelo branco e começa a ter tempo de novo, porque os filhos cresceram, você já está mais estabilizado e aí sim a gente começa a fazer uma coisa muito mais profissional.”

Aniche explica que entrou para a sociedade filatélica paulista há mais de 25 anos e, a partir daí, descobriu a diferença entre ajuntador e o colecionador e, depois, entre o colecionador e o filatelista.

“Hoje eu me dedico não só a ajuntar selos, mas a estudar o selo. O selo é um livro aberto. Ele traz para gente história, geografia, filosofia, cultura geral. O que a gente procurar, a gente encontra nos selos. A gente pega um selo ou um conjunto de selos e, em cima disso, monta a história que o selo nos traz.”
Primeira folha do álbum do Brasil. São os 3 Olhos-de-boi de 1843 e os 7 inclinados de 1844.
Primeira folha do álbum do Brasil. São os 3 Olhos-de-boi de 1843 e os 7 inclinados de 1844 - Arquivo pessoal

Tanto é verdade, que o filatelista escreveu um livro chamado “História do Brasil através dos selos”.

Eu consegui escrever a história do Brasil até o último governo Lula, ele é todinho ilustrado com selos. A história tem que ser contada como se lê, como se vê uma fotografia. O que eu estou vendo não é o que eu acho, o livro de história tem que retratar um fato da época. Nós não podemos julgar os séculos anteriores com a moral do século XXI, porque isso seria hipocrisia”, afirma.

O livro pode ser adquirido ou baixado no site do autor: https://robertoaniche.com.br/

Começando uma coleção

De acordo com Gusmão, para quem está começando, é importante saber o que quer colecionar, achar algo que goste e aplicar nos selos. Ele ressalta que existem selos de vários tipos e temas. "Por exemplo, eu tenho uma amiga no Sul que coleciona selos de gato. Se você gosta de gatos, vai querer colecionar o selo de gato”.

O presidente de ABCF, Assef, pondera ainda que é um erro sair pegando tudo, sem foco.  

“Sem foco é cavar no mar, porque não acaba. Você não tem foco, você não tem objetivo, é difícil, porque imagina quantos países emitem selos todos os dias há 180 anos. A orientação é escolher um país, um fato histórico ou tema. Qual é o grande tesão da sua vida? Você adora flores, faz uma coleção de flores. O que você quiser pode ser sua coleção.”

De acordo com o presidente da ABCF, além das feiras e encontros, que são opções trocar conhecimento, fazer compras ou trocas de itens de coleção, também é possível adquirir os itens pelo Ebay, shopping virtual de compra e venda que disponibiliza desde eletrônicos e moda até colecionáveis e carros, utilizando tanto o modelo de leilão quanto de preço fixo. Além disso, também há site brasileiros e lojas que negociam esses produtos.

Serviço:


26º Encontro ABCF de Filatelia e BRAPEX 2025
Data: de 11 a 13 de dezembro
Horário: das 9h às 19h
Local: Hotel Nacional Inn Jaraguá
Endereço: R. Martins Fontes, 71, Consolação, São Paulo – SP
Evento gratuito

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