AEB quer lançar constelação de satélites de monitoramento até o final de 2026
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Por Celia Froufe, da Broadcast
redacao@viva.com.brBrasília, 30/12/2025 - Uma parceria entre órgãos do governo, do setor privado e da Visiona Espacial - joint venture entre Embraer e Telebras - prepara-se para colocar no espaço, até o fim de 2026, a constelação Brasat, segundo a coordenadora de Estudos Estratégicos e Novos Negócios da Agência Espacial Brasileira (AEB), Leila Maria Garcia Fonseca. Uma constelação é formada quando há pelo menos dois satélites que monitoram o mesmo foco de atenção.
"Só pode ser chamada assim quando os satélites são da mesma família e têm o mesmo objetivo", explicou.
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O objetivo do novo projeto é aumentar o número das chamadas revisitas - quando há uma coleta específica de dados. A ideia, segundo Fonseca, é que a constelação faça captações inferiores a cinco dias, que é o mínimo existente hoje no Brasil. O ideal, explicou, é uma revisita diária. O grupo de satélites terá como principal função o monitoramento da recuperação de áreas atingidas por desastres naturais, do desmatamento e do nível de reservatórios de água.
Sensoriamento remoto
Desde 1988, o Brasil mantém uma cooperação espacial com a China (CBERS), focada em satélites de sensoriamento remoto para monitoramento ambiental, projetos de infraestrutura de internet, como a rede via satélite da SpaceSail, além do desenvolvimento de 5G industrial e IoT.
O Brasil conta hoje com o Amazônia-1, primeiro satélite de observação da Terra 100% nacional, lançado em 2021 e considerado fundamental para o monitoramento da Amazônia, com revisitas de cinco dias. O equipamento atua em parceria com satélites do programa CBERS, especialmente o CBERS-4 e o 4A, para gerar dados quase diários, auxiliando no combate ao desmatamento e no desenvolvimento sustentável.
A próxima etapa é o lançamento do Amazônia-1B. "Vai ter o Amazônia-1B, que a gente está negociando o lançamento, e vai chegar também até o final de 2026", projetou. "Mas faltam recursos", acrescentou.
Movimento de até R$ 5 bilhões
Fonseca estima que a indústria espacial brasileira deve movimentar de R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões por ano. As projeções têm como b ase dados internacionais cruzados com informações domésticas. A AEB está em processo de contratação de uma consultoria justamente para realizar um mapeamento econômico do setor no Brasil, incluindo sua participação no Produto Interno Bruto (PIB), e poder trabalhar com informações mais claras e precisas.
"Temos muito pouca informação sobre o impacto das tecnologias espaciais no setor econômico", disse, acrescentando que o edital já está pronto.
De acordo com os dados disponíveis no momento, a cada R$ 1 investido no setor há um retorno de R$ 3 a R$ 8 para a economia, dependendo da atuação e da área. Esse é um tipo de conhecimento considerado básico para atrair mais investimentos e programas públicos.
A indústria espacial brasileira é relativamente jovem, pois começou a crescer em 2008, quando o Brasil decidiu abrir seus dados para o mundo. O País foi o primeiro a fazer essa concessão e foi seguido por Estados Unidos e Europa, mas alguns países relevantes para o setor global, como China e Índia, ainda mantêm suas informações fechadas. "Temos satélites, serviços, downstreaming... o setor já é grande no Brasil", avaliou.
Monitoramento
As atividades espaciais, segundo ela, são importantes para qualquer país, mas tornam-se ainda mais essenciais no caso de uma nação com território continental. "Aqui no Brasil, usamos muito as tecnologias espaciais porque o País é grande e essas ferramentas são fundamentais para monitorar qualquer coisa, como o uso do solo, o desmatamento e o nível dos reservatórios", exemplificou.
Para Fonseca, esse tipo de tecnologia tem impacto significativo na sociedade, mas grande parte das pessoas desconhece seus benefícios. Além disso, há potencial para gerar empregos qualificados, evitando a "exportação" de talentos para o exterior. A executiva também participa do programa que estuda a criação de um "GPS nacional". Hoje, o sistema utilizado no País é americano, e há a busca pela.
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