Brasil tem compromisso com previsibilidade em tempos incertos, diz Haddad no BRICS

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Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reitera legitimidade do Brics para defender multilateralismo - Reprodução Agência Gov
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reitera legitimidade do Brics para defender multilateralismo

Por Célia Froufe e Cícero Cotrim, do Broadcast

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Publicado em 05/07/2025, às 15h15
Rio e Brasília, 05/07/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou o compromisso do Brasil com a "previsibilidade em tempos de incerteza global" em um discurso feito neste sábado, na abertura da reunião ministerial de finanças do Brics. Haddad coordena o encontro, que acontece no Rio.
"Em parceria com o Brics, almejamos consolidar-nos como um porto seguro em um mundo cada vez mais instável", diz o discurso de Haddad, que foi enviado à imprensa pela assessoria do Ministério da Fazenda, já que o encontro acontece a portas fechadas. Ele ainda disse que as marcas da presidência brasileira do bloco são "serenidade e ambição."
O ministro destacou a "resiliência" das instituições brasileiras frente a desafios internos e o bom desempenho da economia, mesmo diante de turbulências no cenário internacional. Afirmou, ainda, que a indústria do País está em desenvolvimento, alinhada a princípios de responsabilidade social e ambiental.
Haddad falou também da importância de reformas nos sistemas monetário e financeiro global.  "Estamos trabalhando para facilitar o comércio e o investimento entre os países do Brics", disse Haddad. "Além disso, reconhecemos a importância de reforçar a coordenação sobre as reformas do sistema monetário e financeiro internacional."
No discurso, o ministro defendeu o multilateralismo e uma globalização baseada no desenvolvimento social. "Nenhum país isoladamente, por mais poderoso que seja, pode dar uma resposta efetiva ao aquecimento global, ou atender as legítimas aspirações da maior parte da humanidade por uma vida digna", disse Haddad. "A perspectiva de criar ilhas excludentes de prosperidade em meio à policrise contemporânea é moralmente inaceitável."
As declarações vieram numa aparente crítica aos Estados Unidos, que têm estabelecido tarifas contra produtos importados de outros países desde o início deste ano, após a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais. A política de Trump é frequentemente chamada de "America First."
Haddad destacou que o multilateralismo era uma pauta importante já na reunião do G20 no Rio, em janeiro do ano passado - quando foi lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a defesa da tributação progressiva dos super ricos -, mas agora se tornou "urgente". Ele defendeu, ainda, a importância de promover um "multilateralismo do século 21".
"Esse novo multilateralismo nada mais é do que uma 'reglobalização sustentável', uma nova aposta na globalização, dessa vez baseada no desenvolvimento sustentável, econômico e ambiental da humanidade como um todo", disse o chefe da Fazenda.
 Segundo Haddad, o Brics tem legitimidade para defender essa nova forma de globalização, pelo desejo dos seus países-membros de ganhar peso no sistema financeiro internacional. "Juntos, representamos quase a metade da humanidade, e estamos na vanguarda das indústrias que determinarão os rumos do desenvolvimento humano. Os Brics são a cara do futuro", disse.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou três entregas da presidência brasileira do Brics na abertura da reunião ministerial de Finanças do bloco. Na sua fala, Haddad destacou que o Brasil promoveu a participação dos novos países-membros, que são atores diplomáticos influentes, no bloco. "Com a presença de Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, o Brics muda de dimensão", disse o ministro, que coordena o encontro deste sábado.
O chefe da Fazenda ainda aplaudiu as declarações negociadas pelo bloco. Na avaliação dele, o Brics confirmou sua vocação de defesa do multilateralismo ao manifestar apoio à criação de uma convenção das Nações Unidas sobre a cooperação internacional em matéria tributária, que seria um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo.
Ele também chamou atenção para o documento "Visão do Rio de Janeiro para o FMI", que propõe um desenho mais representativo para o Fundo Monetário Internacional. "Atuando juntos, nós podemos ampliar a voz dos países emergentes e em desenvolvimento no FMI", disse. O ministro ainda afirmou que o comunicado do Brics manda uma "mensagem clara" em defesa de uma ordem econômica global mais justa, sustentável e representativa.
Haddad também destacou a "consolidação" do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, conhecido como "Banco do Brics") como entrega da presidência brasileira do bloco. "Sob liderança da presidente Dilma Rousseff [presidente do banco], a instituição ganhou nova dimensão geoeconômica. O Brasil entende que esta cúpula consolida o lugar do banco como formulador, coordenador e implementador de investimentos estratégicos e políticas públicas inovadoras em nossos países", disse.
Entre os países fundadores do grupo, criado há duas décadas, estão Brasil, Rússia, Índia e China, com a adesão da África do Sul alguns anos depois. Há menos tempo, o Brics foi ampliado, passando a contar com Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã. A Arábia Saudita tem participado do encontro, mas ainda não oficializou sua entrada definitiva no condomínio. Como anfitrião do evento em 2025, o Brasil convidou Belarus, Bolívia, Cuba, Nigéria, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão para participarem de sessões de debates mais amplas.

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