Bruno Spada / Câmara dos Deputados
São Paulo, 18/11/2025 - O empresário João Carlos Camargo Júnior, conhecido como o "alfaiate dos famosos", foi identificado pelos parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) como a conexão na lavagem de dinheiro desviado dos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
João possui uma empresa de roupas masculinas, a Camargo Alfaiataria, e está há 20 anos no setor de confecção de ternos. Segundo o relator, Alfredo Gaspar (União–AL), o empreendimento teria recebido R$ 1,7 milhão da associação de aposentados Amar Brasil Clube de Benefícios, sem comprovação dos serviços prestados.
Durante o depoimento, realizado nesta terça-feira, o empresário se manteve em silêncio na maior parte do tempo, guarnecido por um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. As informações são provenientes do Congresso Nacional.
Camargo foi convocado a depor em razão do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que revelou transferências de mais de R$ 31 milhões efetuadas pela Amar Brasil a uma outra empresa do empresário,a MKT Connection Group. O empresário também é ex-sócio da Kairos Representações Ltda., associada a outros investigados pela fraude.
O alfaiate confirmou que a empresa MKT Connection Group prestou serviços à Amar Brasil. "Tais serviços foram declarados, impostos devidamente pagos, despesas quitadas, e os lucros registrados como parte das atividades usuais de qualquer empresa", declarou. Camargo também afirmou que as alegações de que sua renda não é compatível com o trabalho que realiza são falsas.
A CPMI se desdobra a partir da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril pela Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), que investiga os descontos associativos não autorizados nos benefícios do INSS. De acordo com a PF, foram desviados ao menos R$ 6,3 bilhões de 2019 a 2024.
Até o momento, a União restituiu R$ 2,6 bilhões a 3,8 milhões de aposentados. O Ministério da Previdência estima que 9 milhões de segurados foram vítimas da fraude.
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