Hospital de São Bernardo abre protocolo de morte cerebral de paciente por intoxicação

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A intoxicação tem ocorrido após o consumo de bebidas destiladas, como vodca, uísque e gim, adulteradas - Envato
A intoxicação tem ocorrido após o consumo de bebidas destiladas, como vodca, uísque e gim, adulteradas

Por Estadão Conteúdo

redacao@viva.com.br
Publicado em 04/10/2025, às 10h22

São Paulo, 04/10/2025 - O Hospital de Clínicas Municipal de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, abriu o protocolo de morte encefálica de Bruna Araújo de Souza, internada na unidade com sintomas de intoxicação por metanol. A prefeitura informou que a família da vítima foi avisada sobre o procedimento.

Segundo informações do portal g1, Bruna está internada desde 29 de setembro, após ingerir um copo de vodca misturada com suco de pêssego. De acordo com a Secretaria de Saúde, o quadro se agravou nesta sexta-feira, 3, e o estado de saúde dela é considerado gravíssimo.

O protocolo de confirmação de morte encefálica consiste na realização de testes para avaliar a resposta do cérebro e de partes do organismo a diferentes estímulos. O procedimento é feito em várias etapas e por mais de um profissional.

A morte encefálica, que inclui a perda das funções do córtex e do tronco cerebral, é considerada irreversível e atesta o óbito do paciente.

Embora ainda haja batimentos cardíacos, a respiração não acontecerá sem ajuda de aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica caracteriza a morte de um indivíduo.

Casos na cidade

São Bernardo já soma 30 casos de intoxicação por metanol, com uma confirmação. Até esta sexta-feira, a Secretaria de Saúde havia registrado quatro mortes em investigação.

No Brasil, foram registradas 127 ocorrências, entre confirmadas e em apuração, em seis Estados, com a maior concentração em São Paulo. No território paulista, há 102 notificações, sendo 11 confirmações e 91 pacientes em análise. O Estado contabiliza oito óbitos, dos quais um foi confirmado.

Leia também: Brasil tem 127 casos suspeitos de intoxicação por metanol, diz ministro da Saúde

As intoxicações têm ocorrido após o consumo de bebidas destiladas, como vodca, uísque e gim, adulteradas. A Polícia Civil de São Paulo investiga se as contaminações estão relacionadas ao uso de metanol no processo de limpeza de garrafas adulteradas.

Em São Bernardo, quatro estabelecimentos comerciais e lotes de bebidas foram interditados em uma ação conjunta da Vigilância Sanitária Municipal com técnicos da Vigilância Sanitária Estadual.

"A Polícia Civil também apreendeu algumas garrafas desses estabelecimentos, e a Delegacia de Investigação de Infrações e Crimes contra o Meio Ambiente (Dicma) está à frente da investigação criminal", informou a prefeitura em nota.

A administração acrescentou que, ao longo deste ano, dez estabelecimentos foram interditados e 30 pessoas presas sob suspeita de adulterar bebidas. Nesta semana, foram apreendidas 4.500 garrafas.

O Ministério Público Federal (MPF) também instaurou uma investigação para apurar os casos de possível adulteração de bebidas alcoólicas e abriu um procedimento administrativo para monitorar as ocorrências de intoxicação por metanol em todo o País.

Antídoto

O Ministério da Saúde informou que adquiriu 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico, antídoto para a intoxicação por metanol, e que está comprando 150 mil ampolas para garantir o estoque do Sistema Único de Saúde (SUS). Este número pode realizar até 5 mil tratamentos.

A pasta também afirma que busca ter acesso a outro antídoto, o fomezipol, por meio da doação de empresas na Índia, Estados Unidos e Portugal, e através de uma linha de crédito do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde, que pode garantir a aquisição de 1 mil unidades do medicamento.

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