Lula pede que Macron 'abra coração' para finalizar acordo União Europeia-Mercosul

Ricardo Stuckert / PR

Presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron durante declaração conjunta à imprensa - Ricardo Stuckert / PR
Presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron durante declaração conjunta à imprensa

Por Gabriel Hirabahasi e Karla Spotorno, do Broadcast

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Publicado em 05/06/2025, às 12h11

Brasília e Paris, 05/06/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pediu que o presidente da França, Emmanuel Macron, “abra seu coração” para finalizar o acordo entre Mercosul e União Europeia. O petista disse que não vai deixar a presidência do Mercosul sem que o acordo esteja finalizado.

“Eu assumirei a presidência do Mercosul no próximo dia 6. O mandato é de seis meses. Quero lhe comunicar que não deixarei a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia. Portanto, meu caro, abra seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com nosso querido Mercosul”, disse Lula.

O presidente disse, ainda, que a relação comercial entre Brasil e França deu “um passo atrás” nos últimos anos e que será preciso “dar agora dois passos à frente”.

“Ressaltei ao presidente Macron que o intercâmbio bilateral não condiz com a envergadura de nossa parceria estratégica. No plano comercial, não é possível que os valores registrados em 2024, US$ 9 bilhões, sejam inferiores ao observado em 2012. Significa que no comércio demos um passo atrás e é preciso dar agora dois passos à frente”

Lula afirmou que sua presença em Paris para a visita de Estado “consolida essa reaproximação” entre França e Brasil. Também ressaltou o programa de desenvolvimento de submarinos, que, segundo ele, “é maior cooperação feito na Defesa pelos dois países”. Ainda afirmou que discutiu com Macron a nova compra de aeronaves para a área da Defesa.

Lula defendeu a integração entre os países amazônicos para combater o tráfico e outros crimes na região. Disse que o ministro da Justiça e Segurança Pública brasileiro, Ricardo Lewandowski, “tem todo interesse de combater o garimpo ilegal na Amazônia” e que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, “tem muito a discutir” sobre como atingir a meta do Acordo de Paris.

O presidente brasileiro disse que “a França deveria ter orgulho de dizer que a (sua) maior fronteira com qualquer país do mundo é no território amazônico”.

“É importante que o povo francês saiba que a maior fronteira da França com qualquer outro país não se dá na Europa, apesar de ser um país europeu, se dá na América do Sul, no Brasil. A França deveria ter orgulho de dizer que a maior fronteira com qualquer país do mundo é no território amazônico. A França deveria estar para a América do Sul como está para a Europa, porque a França também é sul-americana”, declarou.

O que diz Macron

Emmanuel Macron disse que o acordo entre a União Europeia e o Mercosul “comporta um risco para os agricultores europeus” e que “os países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação” que a imposta na Europa. Esse seria um entrave, na visão do presidente francês, para a assinatura do acordo.

Macron disse que a França “é a favor do comércio livre e equitativo” e que ele próprio defendeu “acordos que conseguimos melhorar, mas justamente por serem acordos que permitem baixar as tarifas, eles o fazem de uma maneira justa”.

“Agora, esse acordo (UE-Mercosul), nesse momento estratégico, é bom para muitos setores, mas comporta um risco para os agricultores europeus. Na Europa, por princípios que o presidente Lula e seu governo compartilham, a ecologia, reduzir emissão de CO2, proteger a biodiversidade, proibimos aos nossos agricultores utilizar esses agrotóxicos, por exemplo, (para) respeitar mais o meio ambiente. Mas os países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação. É uma discrepância. Não é uma discrepância de competitividade e de qualidade, mas uma discrepância na regulamentação”, declarou.

Mudanças climáticas

Lula disse que é preciso que o mundo reúna US$ 1,3 trilhão para enfrentar as mudanças climáticas, sob o risco de “criar um apartheid climático” caso isso não aconteça.

“Sem mobilizar US$ 1,3 tri para o enfrentamento da mudança do clima, corremos o risco de criar um apartheid climático. Eu estava na COP15, na Dinamarca, quando os países mais desenvolvidos prometeram uma contribuição financeira de US$ 100 bi para ajudar os países que ainda têm floresta em pé a manter a floresta em pé”, declarou. O pesidente acrescentou que chegou a hora de todos cumprirmos as promessas sobre o clima”. 

Democracia

Ao lado do presidente francês Lula defendeu, ainda, a democracia, o multilateralismo e o livre comércio.

“Não é possível destruir coisas que foram construídas com muita força depois da Segunda Guerra Mundial e tentar voltar o protecionismo, o unilateralismo e a fraqueza da democracia que estamos vendo no mundo hoje”, disse.

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