São Paulo, 20/07/2025 - José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, morreu na madrugada deste domingo, aos 93 anos. O ex-dirigente passou mal em casa na noite de sábado e foi levado ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde não resistiu. A informação foi confirmada pelo Estadão.
Nos últimos meses, Marin enfrentava problemas de saúde, tendo sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) no fim de 2023, que agravou seu quadro delicado e o manteve sob cuidados médicos contínuos. Marin viveu de maneira reservada na capital paulista durante os últimos anos. O velório está marcado para este domingo, entre 13h e 16h, na Funeral Home, em São Paulo.
O ex-dirigente teve uma trajetória marcada por polêmicas no futebol brasileiro. Além da carreira esportiva, Marin teve atuação política nos anos 1980 como deputado estadual, vice-governador e, por breve período, governador de São Paulo. Também presidiu a Federação Paulista de Futebol entre 1982 e 1988.
Trajetória se dividiu entre política e futebol
A CBF lamentou a morte do ex-dirigente, que nos últimos anos viveu de forma reservada, mas deixou uma marca profunda tanto na política paulista quanto no futebol nacional, ocupando cargos importantes e se envolvendo em polêmicas que acompanharam sua trajetória.
Marin iniciou sua carreira política na década de 1960, eleito vereador pelo Partido de Representação Popular (PRP). Durante o regime militar, filiou-se à Arena, partido alinhado ao governo da época, e alcançou a presidência da Câmara Municipal de São Paulo em 1969. Nos anos 1970, foi deputado estadual e, em 1978, vice-governador do estado, assumindo o cargo de governador por cerca de dez meses entre 1982 e 1983.
Sua gestão foi marcada por controvérsias, incluindo reprovação das contas públicas e suspeitas envolvendo empréstimos da Caixa Econômica Estadual. Além disso, sua proximidade política com Paulo Maluf gerou críticas, e ele chegou a ser apelidado de "irmão siamês" do então governador.
Paralelamente à carreira política, Marin manteve uma forte ligação com o esporte, herdada do pai, Joaquín Marin y Umañes, conhecido boxeador apelidado de Jack, o Terrible. Marin também foi atleta amador, tendo atuado como ponta-direita nos aspirantes do São Paulo FC e em clubes menores como São Bento de Marília e Jabaquara.
Após concluir o curso de Direito na USP, decidiu se dedicar à política, mas voltou ao futebol em cargos administrativos. Entre 1982 e 1988, presidiu a Federação Paulista de Futebol e comandou a delegação brasileira na Copa do Mundo de 1986, no México.
Sua influência no futebol cresceu ainda mais ao assumir a vice-presidência da CBF e, em 2012, a presidência da entidade, após a renúncia de Ricardo Teixeira. No comando da Confederação, Marin apostou em nomes conhecidos para a seleção brasileira, como Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira, mantendo um perfil conservador e nacionalista na gestão.
Sua administração, porém, foi profundamente abalada pelo escândalo Fifagate: em 2015, foi preso pelo FBI na Suíça, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e recebimento de propinas ligadas a contratos de eventos esportivos. Marin foi extraditado para os Estados Unidos, condenado à prisão e, em 2020, retornou ao Brasil para cumprir prisão domiciliar por problemas de saúde agravados pela pandemia.
Durante a detenção domiciliar, Marin morou em um apartamento na Trump Tower, em Nova York, onde manteve uma rotina disciplinada, frequentando academia e realizando atividades culturais e sociais. Para arcar com os custos da defesa e da prisão, vendeu bens de alto valor, incluindo uma mansão no Jardim Europa, bairro nobre de São Paulo.