Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por Victor Ohana, da Broadcast
redacao@viva.com.brBrasília, 17/10/2025 - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que não vê participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023. As declarações ocorreram em entrevista à Rádio Maringá FM, em Pombal (PB), nesta sexta-feira, 17.
Na ocasião, Motta disse crer que Bolsonaro não tramou o golpe porque saiu do Brasil. "Sim, você tinha um núcleo mais alto nessa hierarquia que realmente tramou aquilo, que financiou, que planejou. E eu acho que essas pessoas queriam mesmo uma retomada de poder. O papel do presidente Bolsonaro eu acho que é um papel um pouco diferente, porque você não dá um golpe saindo do País, né?", disse Motta.
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O parlamentar prosseguiu: "A situação dele tem que ser olhada de forma diferente por isso, porque pode ter até ali uma conivência, mas eu não vejo o Bolsonaro tendo participado, talvez, dessa trama. Eu acho que isso é uma situação que a gente tem que avaliar com muito cuidado".
Na entrevista, Motta disse ser necessário "separar" os condenados pelos atos golpistas e defendeu a resolução da questão da anistia. "É preciso separar aquilo que aconteceu no 8 de janeiro, quando nós tivemos pessoas que não sabem o motivo pelo qual estavam ali e agiram de maneira errada. O que aconteceu foi muito grave, o ataque às instituições", disse.
Motta continuou: "Essas pessoas estão sendo condenadas por isso, e nós temos defendido dentro da Câmara que possamos fazer uma reavaliação sobre essas penas, dando ao próprio Judiciário a condição de, reinterpretando as nossas leis, talvez avançar numa progressão de regime para aquelas pessoas que ainda estão presas".
Na sequência, Motta defendeu uma "porta de saída" para o assunto. "Esse projeto está sendo discutido na Câmara pelo relator, o deputado Paulinho da Força, e a partir daí nós esperamos, depois que o texto seja apresentado, a condição de descomprimir um pouco a situação política do País", disse.
O deputado acrescentou: "O que eu defendo é que possamos avançar e encontrar uma porta de saída, porque ninguém aguenta mais esse assunto. É uma coisa já remoída, que não constrói nada. Pelo contrário, é uma pauta que só nos divide. A gente precisa dar uma solução nisso".
O projeto de anistia está tramitando sob regime de urgência há um mês na Câmara, mas Motta ainda não deu previsão de quando a proposta será submetida à votação. De acordo com parlamentares, falta alinhamento com o Senado para o texto avançar.
O relator, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), tem em mãos o projeto do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que trata diretamente da anistia. No entanto, o deputado do Solidariedade tem dito que vai propor somente a redução das penas.
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