Sabesp estuda adotar reúso de água tratada de esgoto como medida de segurança

Envato

Sem grandes novos mananciais para explorar a fim de combater a escassez hídrica, medida  é vista como "instrumento de recarga dos mananciais" - Envato
Sem grandes novos mananciais para explorar a fim de combater a escassez hídrica, medida é vista como "instrumento de recarga dos mananciais"

Por Elisa Calmon, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 02/10/2025, às 18h01 - Atualizado às 18h48
São Paulo, 02/10/2025 - O reúso de água tratada vinda de estações de esgoto é uma das estratégias em desenvolvimento pela Sabesp para reforçar a segurança hídrica. A agenda ganha força em meio às preocupações com baixos níveis de reservatórios no Estado de São Paulo.
 Esse reúso é chamado de "recargas de mananciais". A expectativa é que a iniciativa entre em vigor em até dois anos, segundo o diretor-executivo de Engenharia e Inovação da Sabesp, Roberval Tavares.
 Após tratamento, a água não retorna aos mananciais com uma qualidade potável, mas no mesmo nível dos rios que compõem os sistemas de abastecimento, segundo o executivo. "Após passar por tratamento e polimento, essa água retorna ao ciclo regenerada", explicou em evento promovido a jornalistas.
Leia também: Seca se intensifica em 4 regiões do País e fica estável apenas no Centro-Oeste
 A diretora-executiva de Operação e Manutenção da Sabesp, Débora Longo, ressaltou que o Estado de São Paulo não tem mais mananciais de grande porte a serem explorados. "A grande solução seria esse instrumento de recarga dos mananciais", disse.
 No longo prazo, a Sabesp está estudando cinco intervenções para somar até 9,4 mil litros por segundo de água bruta e mais 6 mil litros/segundo de água tratada ao sistema de abastecimento da capital e Grande São Paulo. Entre elas, a captação no Rio Guaió, em Suzano; três estações de recarga de mananciais, beneficiando os sistemas Guarapiranga, Alto Cotia e Alto Tietê; e a transferência de água da bacia do Paraíba do Sul para o Sistema Alto Tietê.

Escassez hídrica

 O Sistema de Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) tem atingido os menores níveis desde 2015. Mesmo com as chuvas recentes, os indicadores apresentam quedas contínuas. Nesta quinta-feira, 2, o volume total do sistema integrado era de 33%, 0,2 ponto porcentual menor do que na véspera.
 Débora Longo avalia que a situação hídrica atual é de alerta. Ainda assim, um racionamento não está no radar. "Somos muito contrários a isso", reforçou, destacando que os sistemas estão mais resilientes após as melhorias e obras desde a grave crise enfrentada pelo Estado entre 2013 e 2015.
 Para a executiva, as obras de integração do sistema estão entre os principais avanços. "Com as melhorias, conseguimos autonomia para fazer essa "dança das águas", que permite a transferência entre diferentes sistemas. Ganhamos em gestão e integração", acrescentou.
 Entre as melhorias dos últimos anos, destacou o novo Sistema São Lourenço e a interligação Jaguari-Atibainha. O orçamento da Sabesp para segurança e resiliência hídrica é de R$ 625 milhões em 2025. Até agosto, foram aportados R$ 298 milhões. A expectativa é que o número chegue a R$ 1,9 bilhão em um futuro próximo.
 Os projetos em desenvolvimento incluem a modernização e ampliação de Estações de Tratamento de Água (ETA), assim como a integração de sistemas e resiliência hídrica. A criação de novos reservatórios regionais e mais bombeamento também estão nos planos.

Medidas já anunciadas

 A mitigação da escassez hídrica passa ainda por medidas mais imediatas. A primeira delas foi a redução de pressão de água durante a madrugada, que começou com oito horas há cerca de um mês e foi ampliada para 10 horas por determinação da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp).
 A diminuição do volume de água retirado do Sistema Cantareira também está na lista. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e a Agência de Águas do Estado de São Paulo (SP Águas) reduziram o volume autorizado de 31 m³/s para 27 m³/s. A Sabesp foi liberada a captar água da Bacia do Rio Paraíba do Sul para suprir a queda no nível.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias