Novo medicamento para diabetes tipo 2 chega às farmácias; entenda riscos para idosos

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Endocrinologista explica que idosos podem fazer uso dessas medicações, mas que alguns parâmetros devem ser analisados com mais atenção. - Envato
Endocrinologista explica que idosos podem fazer uso dessas medicações, mas que alguns parâmetros devem ser analisados com mais atenção.
Por Bianca Bibiano

Publicado em 28/05/2025, às 16h44

São Paulo, 28/09/2025 - Nesta semana, o Mounjaro, medicamento em formato de caneta para diabetes tipo 2, teve o lançamento antecipado e chegou mais cedo às farmácias de todo o Brasil. Em abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia publicado regras que tornaram a comercialização desse tipo de medicamento mais rigorosa. Ainda assim, especialistas alertam para o uso irrestrito da medicação, que deve ter cuidados redobrados em idosos.

Assim como o Ozempic, o Mounjaro é autorizado pela Anvisa apenas para diabetes tipo 2. Contudo, por ter eficácia superior na perda de peso, sua liberação para o tratamento de obesidade está em debate e deve acontecer ainda este ano, como afirma o endocrinologista Rodrigo Lamounier, diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) e presidente do XXI Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, que começa amanhã em Belo Horizonte (MG). Atualmente, apenas o Wegovy é liberado no País para essa finalidade.

De acordo com dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, publicados em 2023, a prevalência de excesso de peso atinge seu pico entre pessoas com 45 a 54 anos, com 70,7% da população nessa faixa etária apresentando ìndice de Massa Corpóres (IMC) igual ou superior a 25. Embora haja uma leve queda nas faixas etárias seguintes, os índices permanecem elevados: 66% das pessoas entre 55 e 64 anos e 60,9% entre os idosos com 65 anos ou mais apresentam sobrepeso ou obesidade

Lamounier explica que pessoas idosas podem fazer uso dessas medicações, mas que alguns parâmetros devem ser analisados com mais atenção. "O primeiro ponto é em relação ao IMC. O que é considerado normal em um adulto, na pessoa idosa é deslocado. Ou seja, se um adulto com IMC 26 já é considerado sobrepeso, no idoso esse valor é de 27,5, pois em idosos se tolera mais peso como parâmetro de normalidade", esclarece. 

Uma vez identificada em idosos, é fundamental que a obesidade seja acompanhada ao longo da vida, mesmo após uma perda significativa de peso, principalmente pelos impactos negativos dessa doença crônica na saúde metabólica e na perda muscular, com prejuízo ortopédico e físico. Nesse sentido, explica o médico, a musculação é o principal caminho para atingir esse fortalecimento muscular. "Em idosos, a perda muscular pode levar a risco de queda e perda da autonomia, por isso deve ser um dos pontos de atenção no tratamento de pessoas que vão fazer uso dos medicamentos para controle de diabetes e obesidade". 

Entenda o que é o novo medicamento 

O Mounjaro é um medicamento voltado ao controle de diabetes tipo 2 à base de tirzepatida. Ela age como um agonista duplo dos hormônios GLP-1 e GIP, o que potencializa sua ação na regulação do apetite e no controle glicêmico. Já os remédios Ozempic e Wegovy são à base de semaglutida, agonistas apenas do hormônio GLP-1, que regula a glicose e promove sensação de saciedade. 

Um estudo publicado no The New England Journal of Medicine mostra que os pacientes tratados com Mounjaro tiveram uma redução média de 20,2% do peso corporal, enquanto os que utilizaram Wegovy registraram uma perda de 13,7%. Em números absolutos, isso equivale a uma redução média de 22,8 kg com tirzepatida, contra 15 kg com semaglutida. Em outros países, o uso desse mecidamento é autorizado para controle de obesidade há mais tempo.

Cuidados no armazenamento de canetas de controle de diabetes tipo 2

Ricardo Canteras, especialista em logística de cadeia fria e diretor operacional de tecnologia da Temp Log, diz que as canetas com substâncias antiobesidade têm agora regras mais rígidas de transporte e de armazenamento nas farmácias, e alerta para o cuidado com o transporte e armazenamento em casa.

"Por serem medicamentos termolábeis, que devem ser mantidos em ambientes entre 2 e 8 graus, as canetas precisam ser mantidas com rigoroso controle de temperatura para que tenham o resultado esperado e, principalmente, não sofram alterações que coloquem em risco a saúde dos usuários", explica.

Para chegar às farmácias, esse tipo de medicamento deve ser transportado em veículos com refrigeração automática ou em embalagens específicas, formadas por elementos que bloqueiam a troca térmica e outros refrigerantes, como bolsas de gel.

Já da farmácia para casa, as canetas também precisam ser mantidas em temperatura adequada. Por isso, desde o momento da compra, devem ser armazenadas na geladeira. "Um cuidado que ajuda na conservação é não manter na porta da geladeira, mas sim na parte interna, o mais próximo possível do fundo", explica.

Ele alerta ainda que muitas pessoas acabam levando o medicamento em viagens e colocam em embalagens que não são adequadas. "Os riscos maiores envolvem a população estar circulando fora de casa com esse produto. A orientação nesse caso é que se utilizem malas térmicas, com as bolsas de gel resfriadas", conclui.

Palavras-chave diabetes tipo 2

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